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Desemprego entre jovens é duas vezes maior que média nacional


Foto: Leo Fontes

Adiantada na semana passada, a proposta do governo federal que promete desoneração na folha de pagamento e redução de até 50% da multa do FGTS, em caso de demissões, para empresas que contratarem jovens vem a reboque de um cenário que se arrasta no Brasil: a desocupação dessa população é quase duas vezes maior do que a média nacional. Cerca de 22,3% das pessoas com idade entre 14 e 29 anos estavam sem trabalho no ano passado, ante 12% da média total de trabalhadores sem emprego no Brasil no mesmo período. Em Minas, a taxa é ainda maior – 30% dos jovens estão desocupados, enquanto 11% da população geral está fora do mercado de trabalho. Os dados foram divulgados na última quarta-feira pelo IBGE e pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese).

Entre 2016 e 2018, a taxa de desocupação de pessoas com idade entre 14 e 29 anos avançou 0,7 ponto percentual, de 21,6% para 22,3%, enquanto a média nacional aumentou 0,5 ponto percentual, indo de 11,5% naquele ano para 12% em 2018. No primeiro trimestre de 2019, 41,8% da população de 18 a 24 anos fez parte dos “subutilizados” no mercado de trabalho. Esse grupo representa aqueles que estão desempregados, desistiram de procurar uma vaga ou poderiam trabalhar mais horas por semana. Segundo o IBGE, o número absoluto de jovens nessa situação atingiu o maior patamar da média histórica, medida desde 2012, com 7,34 milhões de pessoas subutilizadas.

O desemprego na população mais jovem é um dos reflexos da crise econômica, explica o professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mário Rodarte. Ele aponta que, via de regra, essa população é a primeira afetada com o fechamento do mercado de trabalho. “Empregadores param de contratar quando se deparam com uma crise e o perfil das pessoas que entram no mercado de trabalho é jovem”, detalha.

Outro agravante, diz Rodarte, é o avanço da desigualdade no Brasil, que atingiu o maior nível histórico neste ano. Segundo o IBGE, a extrema pobreza cresceu, afetando 13,5 milhões de pessoas, maior nível desde 2012. Esse cenário, argumenta o professor, agrava ainda mais o desemprego entre os mais jovens. “É um ciclo perverso. Famílias mais pobres não têm condição de educar seus filhos, que serão trabalhadores com baixa qualificação e, por consequência, terão mais dificuldade de se inserirem no mercado”, afirma.

Dificuldade. Em janeiro de 2019, a arquiteta Gabriela Novaes, 25, foi dispensada do escritório em que trabalhava pela baixa demanda de novos projetos. Na época, ela, que mora com a mãe, desempregada há quase quatro anos, era quem tinha a única fonte de renda da família. Sem conseguir um trabalho fixo, ela procurou formas alternativas de ganhar dinheiro e alugou dois quartos em sua casa para hóspedes. “Foi um período muito difícil”, desabafa. Em setembro deste ano, a arquiteta conseguiu um emprego informal e tem ajudado nas contas de casa. “É uma insegurança muito grande, tenho esperado com muita apreensão os primeiros meses de 2020. Continuo à procura de um emprego com carteira assinada”, conta.

Mesmo com duas graduações e experiência profissional, a comunicadora Gabriela Sorice, 24, nunca conseguiu um emprego formal. Ela se formou em jornalismo em 2017 e, no final de 2018, em relações públicas. Sem encontrar uma ocupação, porém, tentou ganhar a vida trabalhando em um restaurante nos Estados Unidos em março deste ano. “Um ramo que não tem nada a ver com minha formação. Fazia de tudo. Lavava louça, atendia clientes. Fiquei cinco meses, mas decidi voltar para tentar trabalhar na minha área”, conta. Desde que retornou ao Brasil, ela atua no setor de comunicação de eventos para conseguir renda. Segundo ela, nem sempre faltam oportunidades, mas o mercado exige alta qualificação por baixos salários e longas jornadas de trabalho. “Leio descrições de vagas e não me sinto suficiente, apesar da bagagem. Os postos de trabalho pedem qualificações, muitas vezes, impossíveis para um jovem recém-formado”, conclui.

Brasil tem duas vezes mais “nem-nem” que países ricos

O Brasil está quase 10 pontos percentuais abaixo da média dos países que fazem parte da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relação ao número de jovens que não estudam nem trabalham, chamados de “nem nem”. Segundo o IBGE, 23% das pessoas com idade entre 18 e 24 anos estavam nessa situação no ano passado. Em 2016 eram 21,8%. Nos países mais ricos, esse percentual é de 13,2%.

Os dados do instituto demonstra que, quanto menor o nível de instrução do jovem, maiores são as chances de ele não estar inserido no mercado de trabalho, nem na escola. No ano passado 46,6% dos “nem- nem” não tinham concluído o ensino fundamental, e 27,7% deles não terminaram o ensino médio. “O fenômeno também está relacionado às questões de gênero e raça. Mulheres e pessoas não brancas são grande parte dos jovens que não trabalham nem estudam”, analisa o professor de economia da UFMG Mário Rodarte. (LN)

Fonte: O Tempo

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