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Vice-presidente da ABIA Veriano Terto Jr fala de sua participação na Conferência Internacional de AIDS e os Ecos do encontro em roda de conversa no GAI


Foto: Divulgação/Facebook

Aconteceu entre os dias 21 e 24 de julho de 2019, na Cidade do México, a 10ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS (IAS) sobre Ciência do HIV. Um dos mais importantes congressos do mundo sobre a temática. Uma delegação do Brasil de cientistas e ativistas LGBTI+ e de luta contra a AIDS estiveram presentes na Conferência. Do Rio de Janeiro, foram para cidade mexicana representantes do Grupo Arco-Iris (GAI) e cientistas e profissionais de saúde do Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz), por exemplo. Além destes, a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) também atravessou o Atlântico e foi representada na presença de Veriano Terto Jr, vice-presidente da instituição.

Para discutir acerca das apreensões da 10ª IAS, na última sexta-feira (02/08), às 19h00, o GAI realizou em sua sede no Centro (RJ) uma Roda de Conversa intitulada “Ecos da Conferência Internacional de AIDS!”. A ocasião teve como objetivo socializar com a comunidade informações sobre o que foi debatido e problematizar a resposta governamental a essa agenda sobre as novas tecnologias de prevenção, estudos e novidades para o tratamento de pessoas com HIV-Aids, obstáculos e desafios para o enfrentamento da epidemia do HIV-Aids no Brasil e no Mundo, o papel dos cientistas, a mobilização comunitária e a luta para que os governos financiem as políticas públicas.

Assim, alguns/algumas importantes agentes da sociedade civil – e que também viajaram para a Conferência – foram convidadas para compor a mesa da Roda. Entre eles: Cléo Oliveira (Ativista trans, assistente social e assistente de pesquisa clínica LAPCLIN – INI-Fiocruz), Ezio Távora (Coordenador do Projeto STREAM-CE e Rede TB – Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose, Membro da Força Tarefa da Sociedade Civil para a OMS), Alessandra Ramos (Coordenadora do Instituto Transformar e coordenadora de mobilização comunitária do Projeto ImPrEP – INI/Fiocruz), Júlio Moreira (Diretor do Grupo Arco-Iris de Cidadania LGBTI+ e coordenador de mobilização comunitária do Projeto ImPREP- INI/Fiocruz) e, mais uma vez, Veriano Terto Jr da ABIA.

Com a mediação de Claudio Nascimento (Coordenador Executivo do Grupo Arco-Iris, Diretor de Políticas Públicas da Aliança Nacional LGBTI+ e Coordenador no Brasil da Rede GayLatino), o pequeno prédio da rua Tenente Possolo foi ponto de encontro para importantes reflexões. Diante disso, o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens entrevistou o vice-presidente da instituição para saber um pouco mais acerca das devolutivas dos ativistas, impressões consensuais e pessoais sobre a Conferência e o panorama geral dos desafios envolvidos com o HIV/AIDS no Brasil e no mundo. Leia a seguir:

Projeto: Qual foi o objetivo da Roda de Conversa no Grupo Arco Íris sobre a 10ª Conferência Internacional de AIDS?

Veriano: Foi divulgar os resultados, tendências e notícias relacionados a participação na 10ª Conferência Internacional de AIDS da IAS.

P: Quais foram as principais impressões que de maneira geral vocês tiveram lá na Cidade  do México com relação ao evento?

V: O evento teve uma série de novidades no campo da prevenção, do tratamento e também outras as quais algumas a gente tratou de falar no (Grupo) Arco Íris. Também (dialogamos sobre ser) uma Conferência científica enfatizada na importância de uma ciência para todos e não uma ciência restrita, onde alguns poucos tenham acesso. Ou seja, uma luta universal para que todos conheçam os resultados dos estudos científicos e que os bons resultados sejam de alcance para todos que precisam. Então essa foi a reivindicação importante dos ativistas e também de vários cientistas. Nós não podemos produzir ciência só pra uma parte da sociedade. A ciência deve ser para todos. Também essa Conferência foi marcada por uma maior participação das populações trans, principalmente de mulheres trans, (mas) ainda não como a gente gostaria. Tem que ter mais mulheres trans na posição de palestrantes ou de mulheres trans que fazem ciência, que trabalhem em pesquisa. Mas já foi um passo importante ter a representação das comunidades trans participando da Conferência, inclusive em alguns paineis e alguma exposições. Foi muito positivo.

Acho que nós falamos também – e acho que é um consenso – que vários países avançaram com a meta do 90-90-90 e, realmente, o fim da AIDS ainda está longe. Ainda precisa incluir treze milhões de pessoas no tratamento, a questão do estigma ainda é um grande obstáculo tanto para a prevenção quanto para o tratamento. A questão não é só envolver as pessoas no tratamento, mas também como mantê-las, já que a taxa de abandono é grande. Envolver as pessoas no tratamento também implica medicamentos de qualidade. Nos países mais pobres ainda se usa medicamentos que já são obsoletos, que já são ultrapassados, então isso é um desafio grande. (Tem) que ver como manter as pessoas no tratamento porque isso depende da qualidade do medicamento, da assistência integral que não envolva só dar o remédio, mas estratégias de apoio psicológico e social e econômico para as pessoas se manterem em tratamento. E alguns estudos foram muito interessantes no sentido de apontar mais para tratamentos individualizados.

P: Como foi a participação da comunidade brasileira na Conferência e a imagem do Brasil frente o combate à epidemia?

V: Bem, de maneira geral, foi boa a nossa participação. Não tivemos uma presença massiva de organizações da sociedade civil, o que mostra o enfraquecimento dessas representações e a questão cada vez mais difícil de recursos e financiamentos que temos encontrado. Para além disso, o Brasil apresentou seus números frente a epidemia de AIDS e também ficou claro para todos o difícil processo social e econômico que estamos enfrentando e que, diante de tanto retrocesso, tende a piorar.

 

Jean Pierry Oliveira

 

 

 

 

 

 

 

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