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Trans e drag queens conquistam espaço e representatividade nas escolas de samba de SP


Uma escola de samba pode abraçar minorias que são, muitas vezes, excluídas da sociedade. Dentro dos barracões, transexuais e drag queens encontraram um local de trabalho, diversão e, principalmente, acolhimento.

Maria Adriana dos Santos, figurinista da X-9 Paulistana, é uma mulher trans, desde pequena já sabia que não se encaixava no corpo que nasceu. Ela morava no Rio de Janeiro.

“Eu falei mãe, surgiu um menino na escola com a camisa do flamengo, branco, dos olhos azuis, lindo. Ela ficou me olhando assim e falou: meu filho, você queria ser menino ou menina? Eu com seis anos de idade, naquela inocência, eu queria ser menina. Aos 12 anos de idade conheci uma pessoa, uma amiga, que já era trans e passou a me passar instruções hormonais. Comecei a fazer o tratamento hormonal escondido da minha mãe.”

E logo depois, a paixão pelo carnaval apareceu, ainda no Rio. “Em 1992, eu já desfilei como menina. A Estácio de Sá foi campeã. Eu comecei com o pé direito.”

Ela largou a faculdade de economia e o trabalho em um salão de cabeleireiro. “Eu já comecei a fazer fantasia de destaque e composições, fantasias que pessoa paga R$ 100 mil, R$ 80 mil. Não podia errar. Acabei errando várias, mas tem que errar para aprender”, diz Adriana.

Amarildo de Mello, carnavalesco da X-9, diz que Adriana “supera a questão só de um aderecista”. “Ela tem visão de criação, escolha de material, tem bom gosto, a pessoa tem um gosto apurado. E tem me ajudado muito na questão da realização do carnaval.”

Hebby Pontual é aderecista da Império de Casa Verde. “Sempre fui motivo de gozação: ‘Olha lá, tá dançando, rebolando, homem não tinha essa coisa. Mas eu me aceitando como sou, não tava nem aí”, diz.

Depois da transição, ela diz que o preconceito foi diminuindo, mas volta e meia bate à porta.

“Aconteceu umas duas vezes de entrar no banheiro feminino e dizerem que eu tinha que entrar no masculino. Eu entro desde que preservem minha integridade física. Posso entrar no banheiro e ter homofóbico, pessoa doida que me esfaqueie ou me espanque. Fora isso relações normais, ouvir um xingo ali, xingo aqui.”

O que a Hebby conta com naturalidade infelizmente ainda é comum, mas não é normal. Para ela, isso nunca foi empecilho para correr atrás de um sonho: sair numa escola de samba.

“Ala de destaque tem olhar de todo mundo, dos homens de olhar de desejo e das mulheres de olha poderia estar ali, aquele corpo. Foi a realização de um sonho por desfilar pela primeira vez na escola e numa ala de importância como ala de passista.”

Bruno e Brunetty

O repositor Bruno César Silveira, no carnaval, se transforma na passista Brunetty, que só aparece na Império de Casa Verde de vez em quando. O samba da Brunetty depende da vontade do Bruno.

“O que eu faço como Brunetty, travestido, não consigo fazer como homem. Quando vou para os ensaios de boné, bermuda, calça, normal, normal, como vim ao mundo eu não me divirto, é porque não quero dançar. Se eu tiver de bermuda, calça jeans e tênis é porque não quero dançar, quero descansar, curtir o ensaio.”

“Foi despertando um negócio em mim, comecei em casa mesmo, chegava da escola, pegava salto, sandália da minha irmã, da minha mãe, colocava varria a casa. Eu falo que sou um expert, eu faço em cima de um salto o que uma mulher não faz.”

A dedicação rendeu uma homenagem: Bruno virou eterno passista da escola.

“Ser eterno passista da escola só era de mulheres e eu abri essa porta. Fui um dos homens a receber esse cargo.”

Todos garantem que nas escolas de samba, se sentem em casa.

“Tem hetero, gay, eu, no caso, índio, tem de tudo. Escola de samba acolhe. carnaval é festa alegre, comunidade LGBT é alegre. O que seria do carnaval sem a comunidade LGBT?”, diz Hebby.

Uma lei estadual diz que toda manifestação violenta, intimidatória ou constrangedora contra homossexuais, bissexuais e transgêneros pode dar multa.

Fonte: G1

 

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