Reunidos no hotel Atlântico Prime, no segundo e último dia do Fala, Comunidade 2019” coube a coordenadora geral do CEDAPS, Vanda Guimarães, orientar que os jovens presentes no encontro conversassem um pouco mais abertamente sobre suas experiências e ideias para a propagação da Prevenção Combinada em seus territórios. Vanda informou aos presentes que o espaço deveria ser prioritariamente de fala jovem e para que isso ocorresse pediu que as lideranças já não contempladas pela faixa etária pré-definida como jovem no país se dividissem nas demais salas com oficinas de turbante, bonecas de pano e outros artesanatos.
A conversa girou em torno dos dilemas, desafios e aspectos estruturais da prevenção no contexto das juventudes. Os jovens pontuavam como no meio de tudo isso é importante não deixar seus pares esquecerem da pauta HIV/AIDS e das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
Jovens de diversas instituições e/ou organizações da sociedade civil como a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), através do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, Rede de Jovens Rio+, Grupos Pela Vidda Rio, Fundação Poder Jovem (SP) e tantas outras que estão espalhadas pelo país.
Um dos pontos mais discutidos pelos jovens foi sobre a dificuldade de inserção dentro das escolas públicas. Para eles o contexto conservador, que hoje domina grande parte do país, influencia gradativamente na falta de diálogo sobre saúde, sexualidades e prevenção. Jéssica Marinho, assistente do Projeto Diversidade Sexual, alertou que essa falta de acesso não é exclusiva da educação pública no país, “ há pouco tempo nós do projeto fomos participar de um evento LGBT em uma universidade particular da zona norte do Rio. E apesar do auditório lotado nos deparamos durante a semana anterior com uma chuva de protestos sobre estarmos falando sobre sexualidade naquele espaço. Então cabe a todos nós refletimos o que realmente está errado nisso tudo?!”
“Eu sou jovem e tenho dificuldades de ir num posto de saúde e pegar camisinhas, tenho que ser sincero. Para chegar nos jovens precisa haver uma quebra de tabu. Devemos conversar sobre todas as possibilidades de prevenção existentes para que eles estejam bem informados e sem medos ”, indagou o jovem Ederson da Fundação Poder Jovem. A quebra de barreiras para adentrar as escolas também fez parte da fala do representante da Fundação, “ A gente defende que essa promoção da saúde seja sempre feita e entende que para os pais, diretores é complicado porque lá atrás eles não tiveram isso, mas também devem entender que discutir estas pautas na sala de aula só vai agregar mais informações a vida desses adolescentes. ”
Ao final do bate-papo os jovens ativistas se reuniram em uma roda e gritaram palavras que resumiram o encontro para eles. Logo após foi exibido o filme “ Carta para além dos muros”, que conta a trajetória histórica do vírus HIV e da AIDS no imaginário brasileiro, desde a epidemia que tomou o mundo e deixou milhares de vítimas nas décadas de 1980 e 1990, até os dias atuais. Através de entrevistas com médicos, pessoas que vivem com o vírus, ministros, personalidades e representantes de movimentos sociais sobre a epidemia. O filme propõe uma reflexão sobre a evolução dos tratamentos e os desafios e estigmas ainda enfrentados por portadores de HIV.
Texto: Jéssica Marinho