Na tarde da última segunda feira (05) foi realizada na sede da CAP 1.0 (Coordenadoria de Saúde da Área de Planejamento), na Cinelândia, Centro (RJ), mais uma reunião entre a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e representantes de organizações da sociedade civil e outros que atuam com jovens. O intuito dessa vez foi alinhar os últimos pontos para a formatação e elaboração da capacitação com jovens ativistas na prevenção às IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais no estado do Rio de Janeiro.
Mas que tipos de lideranças se busca alcançar? Essa foi a indagação de Cristina “Kiki” Alvim para os presentes. “Eu acredito que seja aquele que atue como uma referência entre seus pares, mobilizador e que trabalhe com educação entre pares”, disse Cazu Barros da Federação dos Bandeirantes do Brasil (FBB). “Além disso, é fundamental que esse jovem também saiba respeitar a diversidade”, completou Kiki.
Mais uma vez o Rio das prevenções, ilustrado por Juan Carlos Raxach foi destacado. Além do assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), o assistente do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da ABIA Jean Pierry Oliveira também esteve na ocasião.
Rio da Sexualidade
Para dinamizar o encontro, Kiki Alvim propôs uma atividade que ela intitulou como ‘Rio da Sexualidade’. Inspirado no Rio das Prevenções, cada participante teve como proposta desenhar o percurso de sua vida a partir dos aspectos relativos ao sexo e a sexualidade. “Eu fiz um desenho onde simbolizo o famoso 69 no sexo e relaciono a prática com a noção de reciprocidade, que é como entendo o sexo. Um se doando em prol do outro”, explicou o ativista Jean Vinícius sobre seu rabisco.
Já Raxach marcou seu Rio da Sexualidade com vários pontos, desde seus primeiros atos sexuais durante a adolescência em Cuba, passando pelo diagnóstico do HIV, até chegar nos novos arranjos de prevenção atualmente disponíveis. “Eu, no caso, coloquei alguns pontos importantes para mim como minha primeira vez, o período em que fui casada, quando descobri minha identidade de gênero e meu adoecimento pela depressão profunda quando perdi um companheiro e entrei nas drogas”, revelou a jovem trans Thaylla Vargas, do Grupo Pela Vidda RJ.
Com uma experiência de juventude de outras décadas o professor Mario Sérgio, coordenador do Projeto Saúde nas Escolas (PSE) de Duque de Caxias dise que “eu cresci sem essas referências e possibilidades de afirmar minha sexualidade como gay da forma que é hoje. Meu primeiro beijo foi aos 14 anos e o sexo com 17 anos. Apesar de minha mãe ter sido muito compreensiva em me apoiar, com meu pai as coisas foram diferentes”. Além disso, ele completou afirmando que sua geração vivei o auge da epidemia de AIDS no Brasil e o pânico moral causado pelas campanhas da época.
Programação
Em seguida, as discussões giraram em torno da formatação da programação do Seminário de Capacitação. Horários, dias, perfil dos jovens, palestrantes, dinâmicas etc foram coletivamente debatidos. Até o momento ficou pré-definido que o evento será realizado em três dias (sexta-feira à domingo), entre os turnos manhã, tarde e noite, num hotel e com aproximadamente 50 participantes.
Uma das atividades sugeridas foi um quizz com perguntas e respostas acerca de temas como prevenção, sexo, sexualidade, IST (infecções sexualmente transmissíveis) e outros semelhante ao realizado pelo CEDAPS (Centro de Promoção da Saúde) no evento Fala Comunidade em 2018. O Rio da Vida, de Juan Carlos Raxach, também está citado como atividade no segundo dia da capacitação. Mesas temáticas abordarão assuntos como:
– Sexualidade
– Direitos Humanos
– Direitos Sexuais e Reprodutivos
– Gênero e Raça
– História da AIDS etc.
Todo o encontro foi acompanhado de perto por Ana Lúcia Spiassi, representante da UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS). O evento está pré agendado para ser realizado entre os dias 4/10 e 6/10, no Centro (RJ).
Texto: Jean Pierry Oliveira
