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Projeto Diversidade Sexual lança Boletim de Sexo mais Seguro e Guia de Hepatites Virais na ABIA


Na noite da última quarta-feira (11/03), das 18h00 às 21h00, o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens lançou na sede da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) a edição nº 65 do Boletim Sexo Mais Seguro no Século XXI e o Guia sobre Hepatites Virais. Coube a Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade, ser o anfitrião do evento.

Com forte presença feminina, o encontro iniciou-se primeiramente com interessantes discussões dos/das convidados/as acerca do conservadorismo praticado por algumas igrejas, que “parecem um câncer e cegam as pessoas. Não se pode falar de camisinha lá dentro, nem na escola e nem em lugar nenhum. Com o trabalho que faço com jovens da igreja eu ensino a forma correta de usar (o preservativo) e os perigos do não uso”, enfatizou Sara Almeida, que se identifica como cristã.

Segundo Almeida, o não diálogo sobre educação sexual dentro de casa, com a já proibição de aprendizado na escola “é ruim para a edificação desse/dessa jovem que amanhã ou depois vai transar mesmo, de qualquer jeito e pegar uma IST (infecção sexualmente transmissível) ou HIV/AIDS”. Para Chirley Correia, a realidade de hoje no Brasil e no Rio de Janeiro é muito difícil, para não dizer triste. Contando sua experiência dentro do ativismo ela disse que “desde que tive um filho preso e os problemas com tuberculose que acontecem dentro dos presídios comecei a fazer pelos jovens lá de minha comunidade de Manguinhos um trabalho de prevenção. Com camisinha, gel, cartilhas. Porque eles não sabem de nada”, lamenta. E completa: “às vezes pego meu carro e vou para Guarapari e Itaguaí e vejo, por exemplo, que os jovens de lá – principalmente Itaguaí – são muito mais atrasados. Não sabem e não conhecem droga nenhuma. Tá tudo ruim por aí. Desanima”, revela exasperada.

“Mas esse ano é ano eleitoral e, certamente, muitos vão aparecer nesses lugares oferecendo uma bola, um show, uma quadra nova para conseguir votos”, criticou Almeida. “Tem algumas coisas que precisam ser colocadas a partir de um plano racial, no tocante ao HIV ou à epidemia, por exemplo. Um grande autor chamado (Frantz) Fanon diz que nós negros somos desumanizados e fomos postos como pessoas de segunda classe. Então esse sistema que já tá posto aí, ele seleciona quem pode ou não receber uma assistência ou justiça. Porque o filho do Eike Batista mata alguém e fica solto e a travesti que rouba é presa? Então aquela pessoa negra, travesti, pobre que tá infectada ou presa também é como você, que pode ter alguma característica ou marcador semelhante à ele/ela seja na raça ou na classe”, contemporizou de forma didática o ativista e estudante universitário em Saúde Coletiva Jean Vinícius, de Belford Roxo. “Isso tanto no plano comunitário, porque só a partir dele se mobiliza e se constrói mudanças, e do plano institucional que ainda é racista, transfóbico etc”, completou.

Ainda segundo ele é por isso que o trabalho da ABIA se destaca no cenário nacional, por permitir que pessoas marginalizadas ou precarizadas como negros e trans, entre outros/as afetadas pelo HIV, possam ter papel de voz e escuta para falar e se sentirem valorizadas. Pessoas essas que, muitas das vezes, são cooptadas ou alienada por setores evangélicos e fomenta as atuais políticas conservadoras e moralistas da política atual. “Continuamos, de certa forma, tentando enfrentar algo que parece que nunca acaba. Eu ouço isso que o Jean Vinícius falou há muito tempo. E acho que o discurso dos movimentos sociais com os jovens tá sendo o mesmo”, advertiu Juan Carlos Raxach assessor de projetos da ABIA.

Desconstruindo algumas falas, Sara Almeida e Chirley Correia – de igrejas cristã e pentecostais, respectivamente – afirmaram que existe sim um conservadorismo muito grande em suas congregações, mas que não são todos que comungam do mesmo pensamento ou atitudes. Ambas relataram ainda os seus trabalhos com LGBTs, juventudes e as questões envolvendo prevenção, HIV/AIDS e direitos sexuais como o aborto. “ Dentro das igrejas muitas jovens não sabem o porquê de procurar um/uma ginecologista e a importância de cuidar da sua saúde, então cabe a nós falar mais abertamente sobre isto”, completou Sara.

Lançamento do Boletim e do Guia

Todas as discussões anteriormente narradas serviram de base e tinham relação, em vários aspectos, com as temáticas presentes na construção das produções lançadas na noite de ontem. Focando nesse momento mais especificamente no mote do dia Vagner de Almeida contou aos presentes sobre a confecção dos materiais voltados para o sexo mais seguro e as hepatites virais, seus desafios, prós e contras e demais detalhes.

“Esse material pode ser audacioso, mas ele precisa ser trabalhado. Não dá para se falar sobre sexo sem demonstrar o que ele realmente é. E isso só foi possível de ser feito por conta da ideia, elaboração e contribuição de pessoas como Richard Parker, Veriano Terto Jr, Juan Carlos Raxach e meus assistentes Jéssica Marinho e Jean Pierry”, elogiou ele.

Já lançado virtualmente Almeida destacou a importância da autonomia que o Guia permite no tocante a linguagem e conteúdo. “Realizamos diversos grupos focais com a presença de mulheres cis, homens que fazem sexo com homens e travestis e transexuais. Queríamos a menor margem possível de erros nos nossos Guias”, explicou. Além de toda a pré e pós-produção, o Boletim ainda contêm artigos de jovens que auxiliaram na composição textual ou fotográfica dos Guias e também fotos dos bastidores e artigos dos integrantes do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens.

Já o Guia de Hepatites Virais foi pensado para atender a uma crescente demanda e números epidemiológicos que colocam as Hepatites – especialmente a Hepatite C – como uma das comorbidades ao HIV/AIDS no Brasil. Elaborado e acompanhado em seu conteúdo dito mais técnico de perto por Juan Carlos Raxach – médico de formação – e Débora Fontenelle – na revisão técnica – a publicação elenca as principais características dos variados tipos de hepatites, seus sintomas, terminologias, tratamento, formas de prevenção e cuidados que devem ser tomados para evitar piorar ou desencadear a doença.

“ Este guia vem com o intuito de ajudar as pessoas a compreender que as hepatites virais são doenças previníveis e curáveis, mas que existe uma enorme dificuldade no acesso ao tratamento. Portando nós queremos estimular as pessoas na busca e compreensão dele” finalizou Raxach.

O lançamento da edição nº 65 do Boletim Sexo Mais Seguro no Século XXI e o Guia sobre Hepatites Virais foi mais uma ação positiva do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, com apoio da MAC AIDS Fund, em 2020.

 

Para baixar o Guia de Hepatites Virais clique aqui!

Para baixar o Boletim Guia de Sexo mais Seguro clique aqui!

 

 

Texto: Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho

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