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Projeto Diversidade Sexual apresenta Pedagogia da Prevenção e Rio da Vida em reunião com a SES


Foi realizado na tarde da última terça feira (9), das 13h30 às 17h00, no prédio da CAP 1.0 (Coordenadoria de Saúde da Área de Planejamento), na Cinelândia, Centro (RJ), a reunião para elaboração da Capacitação em IST/AIDS e Hepatites virais com jovens organizado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Capitaneado por Cristina “Kiki” Alvim, o encontro contou com a presença de representantes do CEDAPS(Centro de Promoção da Saúde), integrantes da pasta de Hepatites Virais da SES, universitários, profissionais da educação, RENAFRO (Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde), Grupo Pela Vidda Rio (GPV-RJ), Grupo Pela Vidda Niterói (GPV-Nit), Rede de Jovens Rio+, Federação dos Bandeirantes do Brasil (FBB), Pró-Mundo e Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) por meio do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens.

Uma interativa e interessante dinâmica fomentou o início das discussões por meio de imagens e fragmentos que, sobrepostos uns aos outros, revelavam a cada momento uma nova imagem e significados diferentes. O objetivo foi metaforizar para chegar até o conceito cada vez mais falado da Prevenção Combinada. “A gente precisa levar mais informação para lugares que não são atingidos como a Zona Oeste. Eu tô fazendo parte de um coletivo onde nosso foco é capacitar outros pares em locais como Santa Cruz, Realengo e demais que estão longe do Centro do Rio para prevenir”, disse a voluntária e educadora em prevenção do GPV-Rio Thaylla Vargas.

Para Cazu Barros, da FBB, “o problema está no consultório médico. É lá que as pessoas chegam e não saem com o conhecimento. A informação existe, mas o sistema médico é falho”, criticou. “É importante falar e se trabalhar o básico com os profissionais de saúde. Em questões éticas sobre o sigilo, por exemplo. Um membro do Fórum de ONG/AIDS Rio foi expulso de onde morava porque teve a sorologia revelada. Então não adianta tratar a doença, se desrespeita o básico”, ressaltou Juliana Reich do CEDAPS. Para Kiki Alvim isso é um sintoma de que só se prioriza a parte biomédica no que tange à prevenção combinada como a PEP (Profilaxia pós-exposição) e a PrEP (Profilaxia pré-exposição), por exemplo, em detrimento à parte comportamental.

Outro ponto de discussão foi sobre o controle social e a medição entre o papel das organizações sociais e o Estado no tocante ao acesso de direitos e informação. “O que acontece é que ocorre interferências, nem sempre positivas, na questão do tutelamento de algumas organizações sociais, o que pode atrapalhar o trabalho dos entes responsáveis. Assim como pode e há também interferências positivas”, ponderou Jane Portella, da SES. Um dos exemplos mais citados quanto à isso foi em relação à camisinha interna (feminina) e géis lubrificantes. “Nós precisamos melhorar a gestão administrativa para que possamos dar conta da demanda e assim conseguir não somente suprir, mas fazer aquele dispositivo chegar ao usuário de direito”, afirmou a representante institucional da SES Claudia na gestão das Hepatites Virais.

 

Capacitação

Em seguida, o encontro centrou-se em debater o formato desejado para a realização da capacitação em prevenção combinada com os jovens. Diversas opiniões surgiram, nem todas convergentes, sobre o público-alvo, a faixa etária, o objetivo, a metodologia, as mesas temáticas e outros quesitos da ação. “A ideia é trabalhar cada conceito da mandala da prevenção e abordar um por um de forma esmiuçada e objetiva”, explicou Kiki.

Além disso, a linguagem foi um elemento identificado como fundamental para a eficácia da capacitação. Afinal, tirar o ar acadêmico e distante da prevenção combinada para algo mais acessível permite uma melhor compreensão do conteúdo. “A ideia é jovens falando para jovens. Eles precisam se identificar e serem protagonistas, senão não dá certo”, sugeriu o professor Mário Sérgio, de Duque de Caxias e idealizador do Projeto Sem Vergonha. E completou: “a interseccionalidade também precisa ser contemplada para que a relação funcione. É algo importante e eu já vi a falha disso lá em Caxias, por exemplo, no atendimento de uma pessoa trans soropositiva”.

Pedagogia da Prevenção e Rio da Vida

Assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) e também integrante do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, coordenado por Vagner de Almeida, Juan Carlos Raxach apresentou a Pedagogia da Prevenção e seus determinantes para os convidados.

Baseado no conceito de pedagogia desenvolvido por Paulo Freire na obra “Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa” ele afirmou que o “Rio das Prevenções não é perfeito, mas permite que cada um atenda sua melhor forma de se prevenir, com autonomia”, explica. Segundo ele a prescrição, o autoritarismo e a norma biomedicalizante que desconsidera a perspectiva dos Direitos Humanos não pode ser considerada Prevenção Combinada.

Por isso o chamado Rio da Vida é salutar para a questão. A dinâmica é o nome que se dá para um trabalho que simboliza o percurso da vida de alguém. “Temos que conhecer os fatos da vida dessa pessoa, seu histórico, os acontecimentos significativos de sua vida para respeitarmos as decisões tomadas por ela, inclusive quando não quiser usar camisinha, por exemplo”, pontuou. E foi na trajetória do Rio das Prevenções que essa perspectiva ganhou forma com o surgimento de inúmeros conceitos, possibilidades e, sobretudo, direitos para exercer com particularidade e consciência sua vivência sexual. Especialmente a partir de fatores médicos (PEP, PrEP, Tratamento como prevenção etc), Comportamental/Barreiras Físicas (Educação, Redução de Danos, Abuso de Álcool e outras Drogas etc) e Estruturais (Acesso universal para medicamento, acesso universal a camisinha, promoção e garantia dos Dir. Hum etc).

“Desde 1983 até hoje o estigma, a discriminação, a revelação do diagnóstico positivo continua igual. E o pensamento é de que se vai morrer por HIV. Não! Não vai. E por isso precisamos dessas coisas, desconstruir”, enfatizou Raxach.  Por isso materiais de apoio como os Guias de Sexo mais Seguro do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da ABIA, subdividido por módulos, torna-se crucial para o trabalho focal com populações específicas como as de Homens que fazem Sexo com outros Homens (HSH), Mulheres cisgênero, Mulheres Travestis e Transexuais e também sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), conforme destacado por Raxach no encerramento de sua apresentação.

A próxima reunião com a SES será realizada no dia 05/08, às 13h30, no mesmo local.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira

 

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