O preservativo é o carro chefe na prevenção do HIV/Aids por ser o método mais simples, eficaz e que protege também contra outras ISTs além de gravidez indesejável. Todavia, existem outras formas de prevenção como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) e a PEP (Profilaxia Pós- Exposição).
“Podemos comparar a PEP como a pílula do dia seguinte, que é uma medicação antirretroviral em 28 comprimidos que deve ser iniciada até 72 horas após uma exposição de risco, ou seja, uma relação sexual sem preservativo. Essa é uma medida de urgência e não exime o uso da camisinha. O paciente precisa passar por uma entrevista para analisar se esse usuário está apto ou não a realizar essa profilaxia”, explica Alana Niége, coordenadora municipal de IST/Aids. Além da PEP, também existe a PrEP, que é uma medida de pré-exposição.
Esta ainda não é uma medicação aberta à população em geral, como recomenda o Ministério da Saúde. Inicialmente, era voltada para o grupo mais vulnerável, sendo tomada diariamente e no mesmo horário para proteger contra o vírus HIV. Porém, a pessoa também deve fazer uso da camisinha, já que a PrEP só protege contra esse vírus.
“O temor maior ainda continua sendo a Aids, mas não podemos esquecer que estamos vivendo um período sensível com relação à Hepatite B, gonorreia, clamídia e sífilis, que também são Infecções Sexualmente Transmissíveis. E esta última vem com os números aumentando bastante. A sífilis é uma doença silenciosa, mas, apesar de ter cura, estamos tendo uma dificuldade de abarcar essa população por conta da não procura da realização do teste rápido”, fala Alana Niége.
Paciente usando medicação, descuidou do uso do preservativo e contraiu sífilis
O estudante Henrique*, de 24 anos, não tem parceiro fixo, mas busca usar preservativos em suas relações sexuais. Porém, após alguns descuidos, ele teve que fazer o uso da PEP por duas vezes. E há cinco meses, faz o tratamento com a PrEP para reforçar a prevenção.
Henrique lembra que algo que o incomodava era a questão de que, quando usava o preservativo, acabava estourando e ele ficava muito apreensivo. Ao procurar o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), foi recomendando que ele iniciasse o tratamento da PrEP para reforçar a prevenção do HIV, juntamente com o uso do preservativo.
“Eu sempre tive comigo de fazer exames periódicos a cada 30 dias no início (das relações sexuais) e, recentemente, por conta da medicação (PrEP), a cada 15 dias. Porque como eu confio muito na medicação para prevenção do vírus HIV, eu acabo fazendo relações sem proteção do preservativo. E reconheço, por ser uma pessoa bem estruída, eu sei que é errado”, confessa Henrique.
Mesmo possuindo informações sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis e se prevenindo com medicação contra HIV e Aids, Henrique adquiriu a sífilis, que é uma infecção curável causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios: sífilis primária, secundária, latente e terciária.
“Por confiar na PrEP como prevenção do HIV eu estava vulnerável a contaminação de outras doenças e, infelizmente, eu contraí a sífilis, que a medicação não inibe. Mas imediatamente eu procurei o tratamento na Unidade Básica de Saúde e já terminei o tratamento, agora vou fazer outros exames de rotina. E mesmo com o tratamento da PrEP não deixo mais de usar preservativo, pois um complementa o outro contra infecções”, afirma.
Em relação aos efeitos colaterais dos dois métodos farmacêuticos, o acadêmico diz que só sentiu tontura nas primeiras semanas ao ingerir o PrEP. Após dois meses de uso, não teve mais nenhum sintoma.
*Henrique é um nome fictício para preservar a identidade do entrevistado.
Fonte: Sandy Swamy- Jornal O Dia