Pessoas negras com HIV tiveram uma probabilidade significativamente maior de serem admitidas em um grande hospital de Londres com COVID-19 do que outras pessoas com HIV. Já na cidade de Madri, na Espanha, os pesquisadores descobriram que a Covid-19 era diagnosticada com mais frequência em pessoas com HIV que tinham condições subjacentes do que as que não desenvolveram outras doenças.
Os resultados da pesquisa foram publicados na renomada revista científica The Lancet e são os primeiros que analisam fatores de risco para a Covid-19 em coortes de pessoas vivendo com HIV. Eles fornecem as primeiras comparações de pessoas com e sem HIV.
O estudo de Londres descobriu que pessoas com menor número de CD4 eram mais propensas a serem internadas no hospital com Covid-19, mas o estudo espanhol não encontrou essa relação.
A coorte de HIV do King’s College é de 61% do sexo masculino, 58% de negros, com idade média de 49 anos. Dezoito pessoas vivendo com HIV da coorte foram internadas no hospital com a Covid-19 até o momento.
Sete dos 18 tiveram resultados graves (morte, ventilação mecânica ou unidade de tratamento intensivo), incluindo cinco que morreram. Não houve diferença significativa entre pacientes hospitalizados com resultados graves e não graves.
Dos internados, 56% eram obesos, 33% apresentavam hipertensão e 28% apresentavam doença renal crônica. Doença renal crônica, obesidade e diabetes foram mais comuns naqueles com desfechos graves, mas não hipertensos, quando comparados a casos não graves.
Cinco pessoas sofreram lesão renal aguda durante a hospitalização, todas no grupo de pacientes com resultados graves.
Entre as pessoas que vivem com HIV, a raça negra e uma menor contagem de CD4 antes da admissão no hospital foram os únicos fatores significativamente associados a um risco aumentado de hospitalização. (O estudo não comparou a prevalência de condições subjacentes, como hipertensão ou diabetes entre pessoas com Covid-19 e toda a coorte de HIV).
Pessoas negras tiveram uma probabilidade 12 vezes maior de serem hospitalizadas do que outros grupos étnicos. Vários estudos no Reino Unido relataram uma maior taxa de mortalidade por Covid-19 em populações não brancas, como a influenza H1N1 em 2009/10. A privação socioeconômica, o aumento do risco de exposição ocupacional e uma maior prevalência de condições subjacentes têm sido propostos como explicações para a maior taxa de mortalidade.
Segundo os cientistas, é necessária uma análise mais aprofundada de coortes maiores para esclarecer se pessoas negras com HIV correm maior risco de Covid-19 do que outras pessoas negras e outras pessoas com HIV.
Fonte: Aids Map
