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‘Peguei HIV na minha primeira relação sexual’


“Eu só havia me relacionado com uma pessoa quando contraí HIV. Eu sei que as pessoas ouvem isso e acham que é uma história triste que eu conto, mas é a verdade.”

Jane (nome fictício), uma jovem nascida na Irlanda do Norte, está entre as 1.100 pessoas que vivem hoje com HIV no país, que faz parte do Reino Unido. Ela foi uma das mais jovens na região a receber o diagnóstico.

Os dados mostram que a proporção de pessoas afetadas é maior entre homens que mantêm relações com homens. Entretanto, como alerta a instituição de caridade Positive Life — a única no país que presta assistência às pessoas soropositivas — associar o HIV a tal população é um erro. A organização explica que não se trata de uma “doença que só afeta homens gays”.

Na Irlanda do Norte, o número de mulheres que acessam serviços de apoio a quem vive com HIV ultrapassa 200. No país, um terço dos testes de anticorpos do HIV são conduzidos durante os exames pré-natais.

Outra estatística local ajuda a questionar o mito sobre HIV: 40% das pessoas soropositivas contraíram o vírus por meio de relações heterossexuais.

‘Coloque-se no meu lugar’

“Eu sei que as pessoas que me ouvem podem até julgar, mas eu pediria para que se colocassem no meu lugar.”

A primeira reação de Jane ao receber seu diagnóstico foi buscar informações sobre o HIV, tanto na internet quanto em filmes sobre o assunto.

“Isso me assustou muito. (Os filmes) mostravam pessoas ficando muito doentes, com a pele ficando feia, e pessoas morrendo”, conta ela. “Eu pensava ‘é isso que vai acontecer comigo?’.”

O estigma sobre as pessoas que vivem com o vírus também assustou a família de Jane. Sua mãe conta que também associava a condição a um comportamento sexual específico.

“No começo, eu tinha todos os tipos de estereótipos e de estigmas na cabeça que você pode imaginar. Eu só conseguia pensar ‘isso não poderia estar acontecendo com ela, com alguém da idade dela, com alguém que não é promíscua’”, diz a mãe, que falou em condição de anonimato.

“Mas agora eu sei que não importa se você é promíscuo ou não, basta uma vez para que sua vida mude para sempre.”

Recomeço

Um teste de HIV com resultado positivo não significa o fim da linha para os afetados pela condição. Pelo contrário: medicamentos atuam para baixar a carga viral e garantem mais qualidade de vida a quem vive com o vírus.

Jane explica que toma medicamentos diariamente, que servem para suprimir o vírus. Como resultado, no caso dela, eles já impedem que o HIV seja transmitido, mesmo em relações sexuais.

Medicamentos suprimem o vírus, impedindo que o HIV seja transmitido em relações sexuais
“Depois do diagnóstico, eu comecei a usar a medicação, que deixou os níveis de HIV no meu sangue bem baixos. Chegaram ao ponto de serem indetectáveis e eu engravidei.”

“Durante a gravidez, tive de tomar três tipos diferentes de comprimidos, para ter certeza de que o bebê não contrairia HIV. Agora, tenho um filho pequeno e a medicação funcionou. Sim, eu tenho HIV, mas isso não vai me impedir de cuidar do meu filho. Eu ainda tenho um teto para morar, eu tenho apoio familiar.”

Para a mãe de Jane, o caso pode servir de exemplo para repensar os debates sobre HIV e as pessoas que vivem com o vírus.

“Eu acho importante pensar positivo, mas isso não significa ignorar a questão. A gente precisa falar sobre o assunto e sobre como evitar que se chegue nesse estágio.”

“Para mim, é daí que vem a importância da educação sexual, porque o HIV ainda é um grande tabu. A história da minha filha mostra que é possível que uma garota jovem, que está na melhor fase da vida, contrair o HIV.”

Como Jane reconhece, não é possível “mudar o passado”, mas ela passa adiante o que aprendeu.

“Eu diria para qualquer um: se você faz sexo com alguém, seja a primeira vez ou não, faça com segurança. E você deve perguntar àquela pessoa: ‘você já fez o teste?’, ‘você já passou pelos exames?’.”

Ela defende que essas são “perguntas simples” que devem ser feitas por qualquer pessoa sexualmente ativa, e que as escolas deveriam ensinar sobre a importância do teste de HIV.

“Tenho de viver com o fato de ser HIV-positiva. Isso significa tomar medicamentos pelo resto da vida, fazer exames de sangue regularmente. Mas não vou deixar que arruíne a minha vida.”

A BBC News optou por usar ilustrações para preservar a identidade de Jane. Ilustrações feitas por Debie Loizou e animação por Lilly Huyn.

Fonte: BBC Brasil

 

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