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PDSSDJ representa a ABIA em evento sobre Juventudes & Prevenção


Foi realizado no último sábado (10/06), no Colégio Estadual Júlia Kubitschek, no Centro(RJ), das 09h00 às 17h00, o evento “Juventudes & Prevenção”, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro em parceria com o Fórum Movihmentação. O objetivo da ação foi reunir diversos representantes municipais, estaduais, gestores de saúde, agentes comunitários e jovens secundaristas e universitários para, juntos, debaterem e consolidarem um conjunto de diretrizes e recomendações que subsidiarão a Política Estadual de IST/AIDS para a Juventude no âmbito do Rio de Janeiro, a partir de suas vivências com relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e AIDS e no acesso aos insumos, ações e serviços de saúde. Os assistentes do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, Jéssica Marinho e Jean Pierry Oliveira, representaram a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA).

Com, aproximadamente, 41 participantes de diferentes inserções e pertencimentos sociais, o evento iniciou-se com uma dinâmica de apresentação e acolhimento, onde cada um identificou-se e posteriormente abraçou um colega. Em seguida, a integrante do Departamento Estadual de DST/AIDS do Rio de Janeiro, Denise Pires, apresentou dados que corroboram a atual conjuntura da epidemia no Brasil, o contexto brasileiro ao longo de suas diretrizes, cronologia da AIDS e sua epidemiologia, entre outros. “A epidemia de AIDS no RJ assume um contorno muito forte. A nossa epidemia não se distribui igualmente entre a população. E isso tem que ser olhado quando se pensa em desenvolver ações e intervenção”, ressaltou ela. Em sua fala, evidenciou ainda os casos de HIV/AIDS no estado, com índices acima da média nacional quando comparados os dados, especialmente, entre os chamados grupos mais vulneráveis (Gays, Homens que fazem Sexo com Outros Homens (HSH), usuários de drogas e outros). “Eu acho que hoje em dia a informação e a divulgação precisa ser pensada de modo mais objetivada para o público em geral, com um cardápio variado de opções de prevenção e tratamento, além de direitos, pois a autonomia delas é diferente daquilo que queremos”, argumentou.

Uma das mais famosas co-morbidades da AIDS, as Hepatites Virais também foram ressaltadas durante o “Juventude & Prevenção”. Representante municipal do Departamento de Hepatites Virais, Clarice Cdalevici alertou os participantes sobre os diferentes tipos da doença e suas principais características. Com um desmantelamento de organizações e movimentos sociais, tais como o da população negra, LGBT’s, HIV/AIDS, Mulheres e estudantes, o ativista Rafael Agostini enfatizou a importância da mobilização entre várias frentes de atuação – principalmente quando estas são transversais à epidemia de AIDS – para a luta por direitos, garantias sociais e empoderamento. “Tentam vender a imagem de que não estamos fazendo nada, que a escola pública não funciona, mas não é verdade. Tem muita gente boa e disposta fazendo muita coisa boa nas estruturas de estado”, disse. Após tudo isso, o segundo momento do encontro foi marcado pela distribuição e separação dos convidados em 3 grandes grupos por diferentes salas. Cada um deles teve como objetivo criar e promover uma dinâmica com três perguntas para, em seguida, deliberar sobre elas a partir de tudo aquilo que foi apresentado anteriormente.

Um dos grupos (número 2) teve como eixo a questão: “Gênero, Sexualidade e Prevenção. Dá caldo?”, provocando os jovens da sala entre as formas de ser homem ou mulher e se prevenir a partir do conceito de virilidade e fragilidade atribuída aos gêneros. “Eu interpreto e vejo a partir de minhas experiências que todas as questões envolvidas com gênero, sexualidade e prevenção vem atrelada a fatores culturais, educacionais, políticos e religiosos. É até difícil fazer militância, prevenção. As pessoas não sabem nem usar camisinha. E ainda tem a mídia que não favorece o discurso”, categorizou o jovem estudante Gabriel Richard, da Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde – RAP da Saúde. As gestões das Organizações da Sociedade Civil (OSC’s) e dos agentes comunitários de saúde também foram criticadas e vistos com defasagem pela maioria dos jovens do grupo, o que desqualifica a questão da saúde e prevenção entre gêneros e com a população LGBT. “Eu, sinceramente, não sei se posso confiar num agente comunitário. Porque, justamente, por ser alguém próximo de mim na minha comunidade, se eu for fazer um teste de HIV, gravidez ou algo do tipo e der positivo, quem garante que daqui a pouco meus vizinhos não estejam sabendo?”, indagou Jéssica Marinho. Já o estudante Adriano Mendes, do Complexo da Maré, disse que o estigma sobre a população LGBT é muito forte. Segundo ele, “quando fui fazer um teste de rotina porque minha família inteira é diabética e eu tenho predisposição, a enfermeira logo veio dizer pra mim (sic) fazer também um teste rápido. Eu disse que não queria porque já tinha feito, mas ela ficou insistindo tanto que acabei fazendo”, disse ele. E completou: “parece que todo gay já vem com o risco de HIV colado na testa e por isso eles empurram. Com um heterossexual não tem isso”, critica ele. Já Raniery Soares, que cursa Gestão Social na UFRJ, “as OSC’s não estão preocupadas com qualidade. Elas precisam de quantidade para receber e com isso enfraquece o atendimento”.

Outro eixo debatido na sala do grupo 2 foi o tema “Se camisinha não, e aí?”, sobre de que forma poderia se trabalhar a questão do (não) uso da camisinha pelos jovens, outros dispositivos de prevenção e suas consequências. Houve um consenso sobre as redes sociais no que diz respeito a sua instrumentalização para alcançar a juventude, especialmente por meio dos aplicativos. Além disso, Gabriel Richard considerar importante que “isso comece desde os anos iniciais nas escolas, com os mais novos. Não adianta esconder as coisas. Temos que debater prevenção, sexo, sexualidade longe dessa coisa do machismo e conservadorismo”, atestou. Novas tecnologias de prevenção como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e PEP (Profilaxia Pós-Exposição) também foram lembradas, porém a maneira como são divulgadas suas informações foi descrita como ineficaz. “Não adianta criar mecanismos e não se falar delas. Existem e tem que ser utilizadas. Fora que também não adianta ficar no discurso acadêmico e não popularizar a linguagem para que outras pessoas tenham o conhecimento necessário para saber do que se trata. Isso também atrapalha na prevenção”, exasperou Jean Pierry Oliveira.

Após todas as deliberações grupais, os jovens e adultos do “Juventudes & Prevenção” voltaram a se reunir no auditório do colégio Júlia Kubitschek e encerraram o encontro com uma plenária sobre tudo aquilo que cada grupo propôs como análise e sugestão, expostas em cartazes através de ilustrações e frases de efeito, para o enfrentamento da epidemia, prevenção e seus respectivos insumos no âmbito da juventude carioca.

Texto: Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho

Jéssica Marinho, Jornalista e Assistente do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens
Alguns dos matérias produzidos pela ABIA
Jovens de diferentes áreas debatendo gênero, sexualdiade e saúde
Jovens do Projeto Curta Sem Vergonha
Jean Pierry Oliveira, Assistente de Projeto e jornalista
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