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No Dia Mundial da Juventude epidemia de HIV cresce entre os jovens


Crédito: iStock

No ano de 1999, a Organização das Nações Unidas determinou que no dia 12 de agosto seria celebrado o Dia Mundial da Juventude. Desde então, em todos os anos é escolhido nesse dia um tema para direcionar a mobilização da sociedade civil e a criação de ações governamentais para garantir boas condições de vida e de desenvolvimento para população jovem em todo mundo.

Em 2014, por exemplo, o tema escolhido foi “Juventude e Saúde Mental”. Já em 2017, “Jovens Construindo a Paz”. Entretanto, mesmo que em diversas regiões do mundo a epidemia de HIV/Aids ainda cresça entre os mais jovens com uma velocidade maior do que em qualquer outra faixa etária, até 2019 esse nunca foi um tema escolhido para o Dia Mundial da Juventude.

O Brasil é uma dessas regiões. Estamos aqui presenciando nos últimos anos uma franca tendência de juvenilização da epidemia de HIV. Segundo o último Boletim Epidemiológico de HIV/Aids do Ministério da Saúde, enquanto temos em praticamente em todas as idades uma taxa de detecção de casos de Aids diminuindo ano após ano no país, entre os homens de 15 a 24 anos esse número mais do que dobrou entre 2007 e 2017.

No resto da América Latina o cenário não é diferente. O projeto LAMIS – Latin America MSM Internet Survey, que pode ser traduzido como “Pesquisa Eletrônica com Homens que Fazem Sexo com Outros Homens da América Latina – nos mostra isso. Realizada em 2018 simultaneamente em 18 países e incluindo cerca de 65.000 participantes, o projeto começou a divulgar no mês passado os seus resultados na Conferência Mundial de HIV na Cidade do México.

Essa foi a maior e mais abrangente pesquisa sobre saúde sexual, HIV e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) realizada até hoje na América Latina. E aqui nessa coluna participamos da sua divulgação.

Entre os respondentes, 6,5% daqueles com menos e 20,9% dos com mais de 25 anos de idade relataram já viver com HIV. Sendo que 2,9% e 3,3%, respectivamente, tinham feito o diagnóstico dessa infecção no ano anterior à pesquisa, sugerindo a existência de um crescimento proporcionalmente mais rápido da epidemia de HIV entre os mais jovens.

Para entender a dinâmica desse crescimento é fundamental observar que, segundo os dados encontrados no LAMIS, as novas infecções crescem pois nesse grupo os indivíduos estão vivendo contextos de vida sexual com importante vulnerabilidade. Vinte e cinco por cento dos jovens com 18 a 24 anos relataram relações sexuais sem preservativo com parceiros casuais no ano anterior e apenas 51% deles haviam se testado para HIV naquele período.

Além disso, em outra pesquisa recentemente realizada dentro do projeto ImPrEP, no Brasil 73,5% dos jovens com menos de 25 anos consideraram que tiveram baixo risco de se infectarem por HIV nos 12 meses que antecederam a entrevista, e apenas 67% deles tinham conhecimento da existência da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).

A interpretação que se faz desses dados é que o crescimento da epidemia de HIV na população jovem é motivado por uma conjunção de fatores: início precoce da sexual ativa, má adesão e baixo conhecimento das estratégias de prevenção e a ausência de uma comunicação efetiva sobre prevenção combinada, impulsionados por uma baixa percepção do risco, característica da juventude.

Infelizmente nenhum desses fatores se resolverá espontaneamente. Para conter o avanço da epidemia é necessário estabelecer um canal de comunicação constante com os jovens, com linguagem compreensível, para manter viva a educação sobre vida sexual com saúde e qualidade aplicável ao mundo real.

Nesse sentido, o tema escolhido para o Dia Mundial da Juventude de 2019 é mais do que adequado nessa discussão. “Educação Transformadora” destaca a importância dos esforços para tornar a educação acessível e inclusiva para todos. Considerando-se aqui educação no seu sentido mais amplo, de capacitação dos jovens com as competências necessárias para conduzirem suas vidas com autonomia, saúde e cidadania.

Já sabemos que é ensinando os jovens a gerenciar a prevenção em suas vidas sexuais, e não os culpando pelo crescimento da epidemia de HIV e ISTs, que poderemos reverter esse cenário. Só precisamos agora querer fazer isso.

Fonte: Rico Vasconcelos/UOL

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