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‘Negar livros LGBT é negar que jovens vejam a si mesmos’, diz escritora Becky Albertalli


A escritora americana Becky Albertalli, 36, disse ter ficado estarrecida quando abriu suas redes sociais nos últimos dias. Na cidade de Atlanta, onde mora, recebeu diversas mensagens de fãs brasileiros sobre uma censura de títulos com a temática LGBT, como o seu “Com Amor, Simon”, sucesso entre jovens.

Alguns vídeos em que ela foi marcada mostravam ainda dezenas de leitores gritando palavras de ordem com seus livros em mãos. Era o protesto feito no último sábado (7) na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, contra a tentativa do prefeito Marcelo Crivella (PRB) de recolher materiais com conteúdos considerados por ele “inadequados”, como um beijo gay em uma HQ.

A perplexidade foi tão grande que a autora decidiu procurar seu editor e perguntar o que ela poderia fazer para ajudar o movimento de tão longe. O resultado foi esta entrevista à Folha, por telefone, na noite deste domingo (8).

“Negar acesso a livros com a temática LGBT é negar que esses jovens vejam a si mesmos. É inacreditavelmente cruel e prejudicial”, diz ela, que já foi psicóloga, orientadora de um grupo de apoio para crianças com não-conformidade de gênero e é mãe de dois filhos.

“Esses livros são extremamente importantes, particularmente para o público infantojuvenil. Eles muitas vezes se sentem isolados, sem apoio social e emocional, e os livros são um suporte. Eles ajudam todos os grupos a serem mais empáticos e engajados, têm a habilidade de tornar o mundo um lugar mais compassivo.”

“Com Amor, Simon” estava entre os 14 mil exemplares com essa temática distribuídos pelo youtuber Felipe Neto na feira neste sábado, em resposta ao ato de censura, assim como o também seu “E Se Fosse a Gente?”. Como outros, se esgotou completamente neste domingo, último dia do evento —que recebeu 600 mil pessoas e vendeu 4 milhões de livros, segundo balanço parcial da organização.

Ele conta a história de Simon Spier, um garoto gay de 16 anos que não vê problemas em sua orientação sexual, mas não fala sobre isso porque rejeita a ideia de ter que ficar dando explicações. Na trama, ele troca e-mails com um menino misterioso que se identifica como Blue.

“Assim como muitos desses livros, o meu não tem nenhum tipo de conteúdo sexual gráfico, apenas beijos. Não são escritos apenas para adultos”, diz Albertalli. “A mensagem que foi enviada pelo prefeito afeta crianças do mundo todo. Se uma autoridade, um governo, declara que livros sobre pessoas como elas são inapropriados, elas internalizam isso e se sentem inapropriadas.”

O público brasileiro tem uma importância especial para a escritora. Em 2016, ela veio ao país para a 24ª Bienal Internacional do Livro, em São Paulo. Fez uma apresentação e assinou exemplares dos fãs. “Me sinto honrada pelo meu livro ter participado dos protestos, foi muito inspirador. Para mim a mensagem foi de que vamos lutar por eles”, diz.

Questionada sobre o que falaria para Crivella se pudesse entrar em contato com ele, Albertalli responde: “Eu perguntaria qual era o objetivo dele com essa decisão. Quem você acha que está protegendo e do quê?”

Fonte: Folha de São Paulo

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