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“Não se desesperem”, diz Cazu Barroz que superou os diagnósticos de HIV e Covid -19


Ele achou que já havia enfrentado de tudo quando seu CD4 chegou a 100 no ano de 2015. Com imunidade baixa depois de tantas modificações e ajustes em tratamentos para o HIV desde 1990, o ator e ativista Cazu Barroz, aos 48 anos, não esperava contrair a Covid-19.

“Parece que revivi todo o sofrimento”, conta. Cazu começou a se preocupar com os primeiros sintomas do coronavírus no dia 17  de março. “Enviei uma mensagem para meu médico dizendo: ‘urgente, acho que estou com corona.’ Tive febre por dois dias e a doença não avançou. Fui diagnosticado por atendimento virtual. Comecei a perder o paladar, o olfato, me desesperei e pertubei o médico pedindo para me internar.” No início de maio, o ator teve febre novamente.” Entrei em pânico de novo por mais três dias.”

Cazu encontrou muitas semelhanças entre o enfrentamento do HIV e da Covid-19. “Descobri o HIV aos 17 anos”, diz com a consciência de quem sobreviveu a uma período onde se sabia muito pouco sobre a aids e ainda não se conheciam medicamentos eficazes para enfrentar a doença. “Foi muito semelhante. Em muitos momentos eu me vi na mesma situação do HIV. Medo de falar para as pessoas, o momento desconhecido, por não sabermos de nada. Além disso, nos anos 90 também fiquei isolado porque ninguém sabia como lidar com o vírus.”

Em 2015, a baixa imunidade do ator lhe causou herpes zoster que atacou o cérebro e acarretou uma meningite. “As medicações como 3 em 1, já não funcionam para mim. Nesse período, minha carga viral chegou a mais de 10 milhões de cópias do HIV.”

Enfrentar a Covid-19 sozinho também foi um desafio. Seu desespero com medo no novo vírus desconhecido também se deve ao cuidado com a mãe. “Moro com minha mãe de 80 anos e que está com princípio de alzheimer. Em casa, ficamos de máscara o tempo todo. Foi desesperador não ter tido acesso ao médico pessoalmente. O atendimento virtual me passou a sensação de que eu não estava sendo tratado e queria ir para o hospital.”

Ele não contou à mãe para não lhe preocupar. “Mas como moramos em um apartamento pequeno, fiquei muito angustiado. Teve dias que chorei muito. Um dia ela teve febre, então me desesperei. No entanto ela não pegou a doença.”

Apesar disso, Cazu confia na prevenção. “Eu desinfetava toda a casa, por trabalhar com tantas campanhas para o HIV, estava muito consciente de que a prevenção funciona.”

Nos momentos mais difíceis ele conta que não tinha forças sequer para levantar o celular ou fazer café. “Sentia dor no corpo e muita fraqueza. Todo o braço doía, como se estivesse machucado. Na verdade, mais difícil mesmo é não ter a certeza de que está sendo tratado. Não sei mais o que Deus quer de mim”, se pergunta Cazu.  

 

Tratamento 

O médico lhe receitou aspirina, analgésicos para as dores, remédio para voltar o paladar e o mais importante, Cazu não parou o tratamento com os antirretrovirais.

“Eu acreditava que o fato de eu ser soropositivo seria um problema. No entanto foi justamente o contrário. O que me tranquilizou é que o ritonavir , medicamento que eu tomo, está sendo usado no combate à covid na Europa, já que o remédio impede a progressão do vírus, impedindo que ele vá até os pulmões.”

Profissionais como a Dra. Marcia Rachid e o Dr. Fernando Ferry também o tranquilizou pelo mesmo motivo: alguns antirretrovirais impedem a progressão do coronavírus, como mostrou uma pesquisa divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), onde fica evidente que apesar de serem vulneráveis, poucas mortes aconteceram com pessoas que fazem tratamento para o HIV. E, aqueles que contraíram o coronavírus, não apresentaram evolução no quadro devido ao uso destes medicamentos.

Pós-Covid

“Hoje minha dificuldade é a depressão no sentido de confinamento. Viajo pelo Brasil e outros países, fazendo palestras, campanhas de prevenção, esse é meu trabalho. Quando você vai ao mercado vê a rua vazia, bate um desespero. Quero voltar a ver gente, a ter uma vida.”

Para as pessoas com HIV que contraírem o coronavírus, Cazu tem um recado: “Enfrente com muita fé e determinação, nós dificilmente vamos progredir a versão mais grave da Covid-19. Quem enfrentou o HIV, já sabe como enfrentar o coronavírus. Não se desesperem principalmente se estiverem com carga viral indetectável.”

 

Fonte: Agência de Notícias da AIDS

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