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Jovens universitários relatam ao Projeto Diversidade o impacto da pandemia na vida acadêmica


Desde o dia 11 de março de 2020 que o mundo não é mais o mesmo. Foi exatamente nessa data que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou e reconheceu que o novo coronavírus já não era um mal qualquer e sim uma pandemia. De lá pra cá, o resto já é história. Após sete meses de isolamento social e/ou medidas sanitárias rigorosamente estabelecidas para conter sua virulência, o saldo no Brasil aponta para – até o fechamento dessa matéria – 4.969.141 de casos, 4.352.871 recuperados e 147.494 mortes.

O novo normal chegou e lidar com isso, de forma abrupta, vem exigindo de pessoas do mundo inteiro significativos esforços – emocionais, físicos, psicológicos, material, financeiro, intelectual – para encarar uma realidade difícil de acreditar. Planos, sonhos, metas, ambições, demandas e demais objetivos tiveram que ser interrompidos. Outros simplesmente cancelados. Alguns foram adaptados. Mas toda mudança traz consigo impactos desconhecidos, principalmente quando se trata de algo tão para milhões de pessoas – especialmente para os jovens: a vida acadêmica.

Entre quem tinha acabado de começar ou se preparava para isso, aqueles que já estão meio do caminho, ou ainda para os que estão com um pé na formatura, tudo virou do avesso. Saem a Xerox, os livros e as aulas presenciais, por exemplo. Chegam as aulas remotas, a dificuldade de ter acesso a uma boa conexão, dificuldade de acompanhar o conteúdo ou ainda de concentração no EAD (ensino à distância). Num momento crucial da vida onde há muitas perguntas para poucas respostas e o futuro está em jogo a saúde mental fica abalada com tantas indecisões. Uns com mais dificuldade e outros com menos dificuldades.

Dessa forma a questão psíquica abre espaço para que sentimentos como ansiedade, medo, frustração, irritabilidade, depressão, tristeza, oscilação de humor e tantos outros dilemas floresçam com o distanciamento social e potencialize as dificuldades. Ciente disso e acompanhando de perto a questão da juventude o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens foi atrás de alguns jovens universitários e buscou ouvi-los acerca de como estão enfrentando esse período.

As aspas foram dadas via redes sociais a partir de uma única questão para todos os entrevistados e podem ser lidas na íntegra abaixo:

Como está sendo acompanhar aulas online na universidade nesse período? Isso mexe ou mexeu com suas expectativas ou frustrações?

 

“Acompanhar as aulas online tem sido em sua prática, uma tarefa mais fácil do que eu imaginei, visto ao fato de eu ter um acesso qualitativo à internet, o que eu entendo não ser a realidade da maioria dos meus colegas. Diante das minhas expectativas e frustrações, fiquei feliz pela volta dos estudos, embora não concorde e não ache o ensino remoto a forma mais eficaz de desenvolver um ensino e aprendizagem de qualidade. Contudo, entendo que estamos vivenciando momentos nos quais essas medidas são necessárias e percebo o extremo esforço do corpo docente e da coordenação de curso para que possamos passar por isso da forma menos danosa possível ”

Luana Libório, 20 anos, estudante em Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF)

 

“Bom, tá sendo tudo muito novo, porque não tenho muitas aulas síncronas (no máximo uma por semana), a maioria são atividades assíncronas (que não são realizadas ao mesmo tempo), então nem sempre é possível tirar uma dúvida rápida com os professores. Por um lado, tô conseguindo manter tudo até mesmo antes do prazo estipulado, e isso é muito bom porque nunca tinha tempo suficiente para ler todos os textos da forma que eu queria/precisava. Por outro, venho me sentindo um pouco perdida por não ter aquele contato que o ensino presencial oferece”.

Bruna Bandeira, 22 anos, estudante de Pedagogia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

 

“Estou apenas com uma disciplina que é orientação de monografia e mesmo tendo apenas uma, sinto muita falta de encontrar e conversar pessoalmente com minha orientadora. As trocas que temos presencialmente sem dúvidas são riquíssimas e o feedback é instantâneo. Mesmo a professora se colocando a disposição, a falta de conversar e frequentar espaços físicos é muito grande. Acho que só tem como dar certo se todos os lados se ajudarem”.

Heloísa Souza, 28 anos, estudante de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense (UFF)

 

“Acompanhar as aulas da faculdade por EAD (ensino a distância), devido à pandemia, tem sido difícil. A minha experiência não tem sido de tanto empenho quanto se estivesse em sala de aula. Não me refiro aos professores, pois todos estão se empenhando para extrair o melhor dos alunos. Me refiro realmente à mim (e a relatos de outros colegas de turma). Isso mexeu por completo com as minhas expectativas, e até mesmo com a vontade de continuar no curso nesse momento. Último ano de graduação, e me vejo completamente sem ânimo para continuar”.

Paulo Sérgio, 30 anos, estudante de Administração Fabel (Faculdade de Belford-roxo).

 

“Acompanhar as aulas on-line durante a quarentena está sendo, sem dúvidas, um desafio. Apesar de ser cômodo e eu estar me saindo bem nessa experiência virtual, ainda prefiro as aulas presenciais. Acho que o rendimento presencial é melhor. Porém, em tempos de pandemia e necessidade de isolamento social, é uma alternativa interessante e que nos permite seguir com os estudos. Prefiro ter aulas on-line a ficar sem aulas. Tem sido proveitoso”.

Iron Ferreira Martins Nogueira, 25 anos, estudante de Relações Internacionais na Universidade IBMEC/RJ.

 

“Até o momento está sendo desafiador e ao mesmo tempo interessante. Administrar seis matérias online envolvendo fóruns avaliativos e provas online não é tão fácil como parece. Você realmente precisa ter uma agenda semanal pra administrar tudo isso. Minhas expectativas são sempre as melhores mesmo com as mudanças no mercado de trabalho”.

Ricardo, 27 anos, estudante de Administração na Unigranrio

 

“No primeiro momento tivemos aulas remotas. A universidade ficou uma semana se preparando para isso, mas logo a gente conseguiu ter aula remota. No início era muita quantidade de exercício – acho que pra compensar (o tempo perdido). Mas logo os estudantes começaram a reclamar e eles baixaram um pouco a quantidade. Na sequência eu ainda tinha o TCC (trabalho de conclusão de curso) pra fazer e eu não consegui fazer semestre passado. Eu também trabalhava na época, tinha meu estágio, mas fui demitido. Foi muito complicado lidar com todas essas situações. Não conseguia me concentrar pra fazer os exercícios, não conseguia me concentrar pra fazer o TCC. Aí o semestre passou, as matérias eu consegui acabar e o TCC não.

E agora eu estou nessa situação em mais um semestre com o TCC tentando lidar com a ansiedade, com momentos mais depressivos. Não depressivos, mas com momentos mais em baixa, melhor dizendo. Tá sendo extremamente difícil e olha que eu não tenho tanta carga de aula assim: eu só tenho aula duas vezes por semana. É bem tranqüilo. Mas o que tem me pegado é com relação ao TCC, porque agora eu já estou num novo trabalho e estou tentando segurar minhas pontas. Mas ficar em casa o tempo todo é o momento em que você lida consigo mesmo e com seus traumas, incoerências, inquietações e ter que dar conta de ser produtivo tanto no trabalho como na faculdade – especialmente no último período- não tem sido nada fácil”.

Marcos Furtado, 28 anos, estudante de Jornalismo no IBMEC/RJ

 

“Então, basicamente estamos tendo dificuldades em todos os lados, tanto os professores como os alunos. Porque, assim, tem o aspecto psicológico de que a gente está em casa e tem a possibilidade de assistir a aula em outro momento, (senão) a gente acaba perdendo a disciplina o que pode ser um ponto negativo. Até pra quando a gente voltar à normalização, porque se a gente não cursar a disciplina pode acabar se enrolando muito mais do que se tivesse no ritmo presencial, que é o que acontece comigo de negativo.

Por parte dos professores, assim, na minha instituição foi estipulado que a aula deveria ficar por volta de 40 minutos pra não ficar maçante, entretanto, tem matérias que são mais teóricas – eu sou da área (Engenharia da) Computação. Então a gente espera que só tenha matérias exatas, mas muito pelo contrário. A gente tem matérias como sistemas operacionais ou então análise de sistemas que são muito teóricas e acabam tomando o tempo total como se tivesse em sala de aula. Acaba virando uma live mesmo de duas horas.

Outro ponto importante ressaltar porque fica mais maçante por a gente não estar interagindo, parece uma coisa mais superficial e artificial, por ter perdido esse contato. Sobre as expectativas, muita coisa tem sido muito dificultada, os processos seletivos estão esquisitos porque só responde questionários, mas não atesta nenhuma veracidade. Então mexeu com minhas frustrações porque antes eu já não tinha ideia de que tipo de profissional era esperado pelo mercado, agora então ficou uma coisa mais confusa, as coisas estão em mudança e agora é como se fosse do precipício pro abismo. Mudou da água pro vinho. Então a gente não sabe de que tipo de coisa vai ter que correr atrás. A gente não sabe se todo o esforço feito até agora vai valer a pena.”

Thiago Xavier, 34 anos, estudante de Engenharia da Computação da Universidade Veiga de Almeida

 

“Não tem sido nada fácil esta mudança de rotina. Para muitos parece que é mais fácil já que existe uma certa facilidade no desenvolvimento das provas e tarefas, mas a realidade é outra. Eu por exemplo tenho uma conexão de internet muito ruim, já que na comunidade não é possível ter acesso a NET. Deste modo, o grupo que comanda essa parte tecnológica está pouco se lixando para os moradores quando a internet por algum motivo para de funcionar.

Outro grande problema é lidar com as milhares de tarefas que nos são impostas pela faculdade, trabalho e atividades domésticas. Sinceramente não vejo a hora de voltar para a sala de aula e junto disso poder estabelecer contato com os meus futuros amigos de profissão pessoalmente.”

Thaís Castro, 21 anos, estudante de Pedagogia da UNISUAM

 

Eu acho que a pior parte no meu caso é conseguir me organizar. Com filho pequeno preciso deixar tudo planejado antecipadamente para poder assistir minhas aulas e fazer meus exercícios. Só que essa organização não exclui problemas que podem aparecer no meio do dia.

Já pensei em trancar a faculdade nesta pandemia até por motivos financeiros, mas acredito que não seja a melhor opção adiar algo que tanto lutei.”

Fernanda Silva, 26 anos, estudante de Administração da Veiga de Almeida

 

Texto: Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho

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