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Jovens não estão convencidos da importância do tratamento para depressão, aponta pesquisa


Foto: Marjan Apostolovic/Shutterstock

RIO  — Os jovens brasileiros sabem pouco sobre a depressão, sentem vergonha de falar sobre o assunto e não estão convencidos da importância do tratamento. Estes são os principais resultados de um novo levantamento feito pelo Ibope Conecta como parte da campanha “Na direção da vida — depressão sem tabu”.

Os dados mostram também que os preconceitos diante do tema são mais frequentes entre os homens, justamente o público com maior vulnerabilidade ao suicídio, que pode ter como um de seus fatores de risco a depressão. Quase um terço (29%) dos homens, segundo o levantamento, não sabem que depressão não é um “sinal de fraqueza” ou falta de força de vontade.

A pesquisa foi realizada com mais de duas mil pessoas, em várias regiões do Brasil, por meio de um questionário online respondido por diferentes faixas etárias: de adolescente a idosos, de 13 a mais de 55 anos.

Uma doença altamente incapacitante, que rouba o rendimento, leva sofrimento, mas que tem prognóstico bom. Caso haja tratamento correto, que envolve uso de medicamento, psicoterapia e mudança de hábitos, tem alívio de 70% dos sintomas — aponta o neurologista Leandro Teles, autor do livro recém-lançado “Depressão não é fraqueza”. — É um problema da programação do cérebro. Os transmissores cerebrais funcionam de forma errada. A serotonina, dopamina e noradrenalina estão funcionando mal. Um cérebro saudável tem esse mecanismo de recompensa e prazer. Na depressão, perde-se isso. E vai ficando cada vez mais parada, até levar aos casos de incapacitação grave e até ao pensamento suicida.

Falta de conhecimento e ‘vergonha’ em números

Mais de um a cada quatro entrevistados com idade entre 18 a 24 anos (26%) considera, por exemplo, que a depressão se trata de uma “doença da alma”. A porcentagem cai para 15% entre as pessoas com 55 anos ou mais. Além disso, quase um terço desses jovens (29%) não está convencido de que a depressão é uma doença como outra qualquer, que pode ser tratada com sucesso.

No Rio de Janeiro, os resultados da pesquisa seguem pelo mesmo caminho, marcado pela falta de conhecimento: 68% dos cariocas não sabem que o histórico da doença na família é um fator de risco para a depressão. Enquanto que 49% dos entrevistados não consideram a depressão um distúrbio mental, justificando ser “uma consequência de um momento difícil”, “um estado de espírito” ou “uma doença da alma”.

O levantamento mostra ainda que mais de um a cada cinco entrevistados com idades entre 13 e 17 anos acredita, por exemplo, que a depressão não apresenta sintomas físicos porque ela representa apenas um momento de tristeza e não uma doença. Esta pode ser a explicação por trás da resistência deste grupo em se sentir à vontade para falar do assunto com a família caso recebessem um diagnóstico de depressão: 39% dos adolescentes não se sentiriam confortáveis com esta situação.

— Isto é preocupante, porque apesar de os jovens serem muito conectados e terem acesso a informações na internet, eles não acessam conteúdos que falem sobre a doença, talvez guiados pelo preconceito. Isto é arriscado, pois os dados apontam que os casos de suicídio tem aumentado nesta faixa etária. Se o jovem não procurar ajuda nem aceitar o tratamento, estes indicadores podem aumentar — alerta Teng Chei Tung, médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A escola e o trabalho também não parecem ser ambientes nos quais os demais grupos se sentiriam à vontade para falar sobre esse diagnóstico: o desconforto foi citado por 56% dos jovens de 18 a 24 anos. O principal motivo apontado para esconder o transtorno seria a percepção de que os colegas não costumam levar a depressão a sério e, portanto, não acreditariam que a pessoa está doente.

A desinformação sobre a depressão traz danos para o enfrentamento do problema, leva os entrevistados a acreditarem que não precisam consultar um especialista. Dentre o grupo dos mais jovens, 12% disseram que não iriam ao psiquiatra nem mesmo se recebessem o encaminhamento de outro médico.

Homens são os mais desinformados

Os dados do levantamento apontam uma grande falta de informação sobre a depressão entre os homens: 30% deles não sabem que o transtorno mental não é sinal de “pouca fé” ou “falta de Deus”; acham que essa relação é verdadeira ou não sabem avaliar se é verdadeira ou falsa. Esse índice cai para 17% entre as mulheres. Entre elas, ao contrário, 83% estão convencidas de que essa associação é um mito.

Entre os homens que disseram que não contariam para a família um diagnóstico de depressão, o principal motivo para isso, expressado por 47% deles, é: sentem que vão atrapalhar e preocupar os familiares. Para eles, a estratégia médica aparece em terceiro lugar quando pensam nas formas mais importantes de superar a depressão. São elas: 1ª Acompanhamento psicológico; 2ª atividades físicas regulares; 3ª médico e antidepressivos.

Fonte: O Globo

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