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Jovens e adolescentes reúnem-se em São Paulo para discutir novas forma de prevenção ao HIV e as IST’s


Foi realizado de 12 a 14 de julho, em São Paulo, no centro da capital paulista o 1º Seminário de Jovens Protagonistas em Ações Preventivas às IST/AIDS, promovido pelo Grupo de Trabalho (GT) Adolescências e Juventudes do Foaesp (Fórum das ONG/AIDS do estado de São Paulo).

Cerca de 60 jovens e adolescentes, entre 13 e 29 anos, dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo passaram esses três dias do encontro divididos e agrupados em diversas dinâmicas e atividades com vistas ao debate e apontamentos sobre as novas formas de prevenção existente e ainda possíveis de serem realizadas com esta população. Os participantes discutiram temas como prevenção, saúde e autocuidado, violência e acolhimento. Entre os representantes do Rio de Janeiro encontravam-se Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens e seus assistentes de projeto Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho.

Entre vivendo (quem tem o HIV) e convivendo (quem não tem o HIV) o primeiro dia do Encontro iniciou-se com a troca de opiniões e vivências entre os participantes visando o acolhimento e a formação para o ativismo. De acordo com a coordenadora do GT Jéssica Diana, “a intenção desta atividade é trazer informações aos jovens para que possam se tornar multiplicadores em seus ambientes, principalmente escolares”. Além disso, a profissional também ressaltou a importância do fomento de espaços de trocas de experiências, esclarecendo dúvidas e ajudando a construir comportamentos empoderados. Sobre isso Almeida compartilhou com todos e todas o trabalho desenvolvido pelo Projeto na Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA). Para ele, o acolhimento, a formação para o ativismo e a importância do autocuidado passa pela valorização de um trabalho onde o jovem é o protagonista de suas ações.

“O nosso Projeto na ABIA se caracteriza por trabalhar de forma horizontal e não na vertical. Quando o jovem tem a possibilidade de falar, de ser ouvido e entende que ele é importante para a sociedade isso transforma o seu pensar e o modo de agir perante o mundo”, afirmou ele. Daí, surgiu o questionamento: para você o que é Saúde e Autocuidado? Apesar de jovens, os/as participantes foram concisos em suas respostas. No geral as afirmações giraram em torno do conceito de um estado de bem-estar social equilibrado entre o corpo e a mente (Saúde) e o respeito consigo e para com os demais, a prática da solidariedade e a importância de atender somente as suas expectativas e não as dos outros (autocuidado).

Novas Tecnologias de Prevenção e Desejos e Prazeres

Já no dia seguinte o destaque da manhã ficou por conta da atividade comandada por Analice Oliveira do CRT/Aids- SP que enfocou aspectos amplos de prevenção, incluindo novas tecnologias (PEP e PrEP), além de questões ligadas às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e seus sintomas, sinais e tratamentos.  Importante destacar que nesse momento foi proposto aos jovens uma demonstração sobre a correta utilização das camisinhas masculina e feminina através de orientações e passo a passo, tanto para a introdução no pênis e vagina (ou ânus, no caso de homens gays que utilizam também para o sexo anal), quanto para o descarte do mesmo após a ejaculação. Também questões transversais como racismo, machismo e homofobia foram também trazidas ao debate. Além disso, Analice utilizou um trecho do filme “Máscaras”, produzido por Vagner de Almeida para exemplificar as diversas formas de tesão, prazer e estigmas que perpassam pela sociedade. Para Jean Vinícius de Oliveira, da Rede de Jovens Rio+ do Rio de Janeiro, “um debate como esse é essencial para o entendimento e o enfrentamento das exclusões que vivemos, principalmente em relação ao racismo institucional que permeia todo o serviço público de saúde e educação.”

Já o ator Kiko Arancibia coordenou a oficina “Desejos e Prazeres: Todo o Mundo Tem” direcionada a jovens de 18 a 29 anos, uma vez que os adolescentes de 13 a 17 anos realizavam outra atividade paralela no hotel. Entendendo que gênero e sexualidade vai além de uma questão do cérebro, mas também avança pelo corpo e todos os seus sentidos o facilitador instigou os jovens a “pensarem fora da caixinha”. Isto é, que exercitassem seus pensamentos e explorassem seus corpos em dinâmicas que valorizavam o toque, o silêncio, o autoconhecimento, a música, a reflexão etc. A partir de um texto de Hebert Daniel, escrito há 30 anos, introduziu a discussão sobre as diversas formas de prazeres e suas proibições nos dias de hoje, apesar da sensualidade estar presente no nosso cotidiano, através das mídias e relações sociais.

Os adolescentes participantes do evento se reuniram na Oficina “Delícia de ser quem você é”, que foi coordenada por Ribas Dantas e Jessica Diana da Associação Prudentina de Prevenção à Aids (APPA), realizaram diversas atividades e dinâmicas de identidade, autoconhecimento e troca de pontos de vista sobre a realidade de ser adolescente. Ao final montaram um painel ilustrando a própria identificação destas pluralidades na juventude, relacionadas aos temas discutidos relacionando-os com estas expressões artísticas.

Encerramento

Já o terceiro e último dia serviu de base para que os jovens e os adolescentes, em atividades paralelas, pudessem discutir sobre Violências. Divididos em grupos, cada qual com seu moderador, os presentes dissecaram o que consideravam violência e também compartilharam suas experiências diante dessas agressões, fossem elas de gênero, racial, sexual etc.

“Eu me sinto objetificado pelas outras pessoas. Principalmente pelos rapazes gays que esperam de mim um determinado tipo de comportamento ou atitude por conta do meu corpo, do jeito que sou. Mas isso me incomoda demais. Eu não tenho essa obrigação de corresponder a expectativa do outro e nem aceito que toquem o meu corpo, como fizeram inclusive alguns colegas, com os quais não tenho intimidade para isso, durante algumas ‘brincadeiras’ e abraços com segundas intenções”, revelou o jovem Hannis Robbi.

Após as deliberações, cada grupo ficou responsável por apresentar um esquete ou apresentação baseado no que foi debatido para os demais grupos. E os jovens e adolescentes usaram de toda a criatividade e dinamismo para tal. Teve grupo que usou a letra e história de Maria da Vila Matilde, de Elza Soares, que fala sobre a violência contra a mulher para declamar a canção como um poema denunciando a opressão de gênero, por exemplo. Além disso, teve grupo que partiu para algo mais teatral e cada um compartilhou uma subtração causada pela violência, terminando com um coro ao som de Não Recomendados, de Caio Prado. E os adolescentes encenaram um esquete acerca do bullying e suas consequências em sala de aula. Ao final dessa dinâmica a presidente da Fundação Poder Jovem, Sandra Santos, apresentou aos jovens a “ação do coração” um projeto desenvolvido por outra entidade não governamental que alerta para os riscos e a importância do tratamento de doenças cardiológicas. Os jovens tiveram que confeccionar dois corações de pelúcia, um para entregar a pessoa com a qual mais se identificou ao longo dos três dias de evento e outro deveria ser depositado em uma urna, para ser colocado em um ponto turístico da cidade de Santos, litoral de São Paulo.

O evento contou com apoio do Departamento de IST/Aids, do Ministério da Saúde, através de recursos oriundos de edital de eventos.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho

Com informações adicionais da Agência de Notícias da AIDS

 

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