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Jovem enfermeira revela como é enfrentar o racismo, a intolerância religiosa, os desafios da profissão e a vivência da sexualidade


Andar com fé eu vou, que a fé não costuma “faiá”. Os versos da música Andar com Fé, de Gilberto Gil, funciona quase como um mantra na vida de Andressa Ferreira. A jovem de 27 anos, cria da Zona Oeste, atualmente mora em Vila Isabel – zona norte da capital – e busca na espiritualidade do dia a dia as respostas e as saídas para muitas questões.

Formada em Enfermagem, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de Macaé, na região Norte-Fluminense do estado, a carioca bateu um papo com o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens e compartilhou um pouco da sua vivência. Entre variados temas, Ferreira revelou as diferenças entre morar num bairro de classe média em comparação com seu bairro de origem periférica, a forma como o racismo perpassa por sua vida, hipersexualização da mulher negra, relacionamento afrocentrado, sexualidade, religião e intolerância religiosa, HIV/AIDS etc.

Confira a entrevista a seguir:

Zona Norte

“Eu nunca morei lá em Vila Isabel. Atualmente moro lá por processos da minha vida profissional e pessoal que me levaram a estar morando agora nesse bairro. Sim, total em todos os aspectos (sobre a diferença de classes e raça na região da Tijuca). De saúde, educação, ter acesso a serviços públicos ou privados. Assim, (tô) falando da Zona Norte, mas eu sou cria da Zona Oeste. Eu venho dos bairros de Santa Cruz, Sepetiba então minha visão de mundo que tenho é da ZO. E quando eu tive essa mudança pra Zona Norte, assim, (foi e) é surpreendente. Porque o acesso é muito maior das coisas, mas as opressões elas não deixam de ser vivenciadas. Em todas as suas formas. Principalmente relacionada a cor e o acesso aos espaços, desde você ir a uma padaria até em algo mais específico como uma consulta médica, caso você precise, ou uma entrevista de emprego.

Enquanto mulher negra eu consigo perceber isso o tempo todo: 24 horas por dia. Sim, falo do racismo e não só do racismo de forma que você consegue enxergar, prático ou físico, (mas) velada. Por exemplo, os olhares, algumas opiniões das pessoas, comentários mesmo. Tem espaços que as pessoas evitam andar perto de você ou então se entrar numa loja e precisar de alguma coisa o segurança te segue. Você não consegue fazer uma pergunta pra tirar uma dúvida porque você sente que aquele espaço não é seu”.

 

Racismo e Colorismo

“Eu acho que eu sempre tive (noção de que sou uma mulher negra), mas eu enxergar o meu papel enquanto mulher negra de pele clara na sociedade foi outro processo. Porque minha questão vem desde a infância. Minha família é uma família de pele negra clara e é de classe pobre, mas que nunca deixou me dar acesso à educação e saúde de qualidade e durante a minha infância foi um dos piores períodos que eu passei. Eu estudei em colégio particular e, assim, eu acho que das poucas pessoas negras eu era uma das e eu sofri racismo mesmo. De falarem coisas, de meus pais terem que ir na escola naquela coisa da coordenação, mas assim nada nunca foi resolvido. Porque (diziam que) era coisa da minha cabeça, (que) eu era criança e o racismo não existe.

E aí que foi passando o tempo, eu fui crescendo, adolescência, juventude (e) sempre fiquei com isso. São os traumas né que o racismo deixa na gente. E (é) muito doloroso porque isso vai pra questões não só da gente enquanto pessoa na cidade, na vida, mas as relações de família, amorosa. Eu acho que (o racismo) fragiliza. Eu falo porque eu tenho essa consciência hoje, eu consigo, mas tem pessoas que não conseguem. Recentemente eu passei por um caso: eu estava num supermercado e (fui) tentar fazer uma compra e fui perseguida pelo segurança diversas vezes. Então assim, a vontade que me deu naquele momento foi de chorar, simplesmente. A vontade era de chorar, sair correndo, fazer o que for porque eu não estava fazendo nada de errado.

E eu não tive essa atitude. Eu continuei fazendo aquilo que eu tinha pretendido fazer, mas eu levei isso e compartilhei isso com outras pessoas negras porque é uma coisa que não tem pra onde fugir. Então eu acho que consigo hoje trabalhar melhor dentro de mim. Não deixar que isso atrapalhe minha continuidade no modo de viver”.

 

Mulher Negra e Hipersexualização

“As questões de fenótipo e cor da pele vão ser sempre o ‘primeiro convite que tem’. Mas as oportunidades elas nunca são as mesmas nos espaços que eu compartilho com mulheres brancas. E é das formas mais assim, como eu posso dizer, subversivas possíveis. E muita gente não consegue entender porque acontece, mas quando você tem um olhar enquanto pessoa negra você consegue entender o porquê disso tudo (sobre ser preterida em relação as mulheres brancas e as diferenças de relacionamento). Mas às vezes causa um efeito reverso porque acaba me prejudicando em vários contextos: autoestima, psicológico e tudo mais.

Principalmente em relacionamentos com pessoas brancas (sobre se sentir hipersexualizada). Me deram a entender que por elas estarem se relacionando comigo a pessoa negra era como se fosse um troféu. Tipo assim “eu tô me relacionando com ela, então olha, eu tô fazendo a minha parte”. É como se fosse isso. “Não sou racista. Até me relaciono com uma pessoa negra”.

 

Relacionamento Afroncentrado

“Olha, no que eu entendo de relacionamento afrocentrado é que perpassa por muitas coisas que vão além da questão do afeto. Você saber o seu espaço, o seu papel de mulher, de homem,enfim. Independente das relações na sociedade. E um relacionamento afrocentrado, ele é um desafio. Principalmente na atualidade que a gente está hoje. Eu acho que é de total importância, mas que nem todas as pessoas vão conseguir chegar nesse nível de relacionamento. E tá tudo bem também. Eu acho que meio que são escolhas e muitas das vezes as consequências diárias da sociedade não fazem as pessoas perceber.

Assim, a pessoa se relacionar com uma pessoa branca, foi o que eu falei, são escolhas. Ela vai fazer esse tipo de escolha. Mas eu acho que o mais importante disso tudo é não deixar a consciência do que é você ser negro e do apoio que você precisa receber. Eu acho que essa pessoa branca precisa entender isso. E por mais que ela diga que entenda a sensibilidade, o espírito, a vivência ela nunca vai conseguir chegar e alcançar. Então acho que é isso assim, principalmente quando a gente fala sobre ascensão na sociedade.

Eu acho que isso prevalece bastante porque os negros quando estão em ascensão, eles passam por esses espaços em que o maior contato vai ser com pessoas brancas. E, assim, isso pode acabar acarretando em elas fazerem escolhas em se relacionar com pessoas brancas. Mas assim, é importante entender qual é o seu papel, qual é a importância dessa luta, dessa pessoa branca que se relaciona e também o retorno que você vai tá fazendo pra sua identidade que é a sua história, o seu contexto, de onde você veio e pra onde você vai. Eu acho que isso é o mais importante. E pessoas são pessoas, então acontece (quando questionada sobre as críticas que personalidades como Karol Conká e Erika Januza sofreram por serem negras, militantes e namorarem caras brancos)”.

 

Enfermagem

“Eu sou enfermeira de formação há três anos. (Escolhi) porque ela fez parte já do meu processo de jovem e adolescente no ensino médio. Eu tive o contato de fazer uma escolha por optar por um curso técnico e optei pelo técnico de enfermagem. Então é algo que já veio da minha escolha enquanto jovem.

(Sobre a desvalorização da profissião) então assim, é uma construção histórica das profissões, cultural realmente e, óbvio, que eu não posso deixar de citar aqui que a Medicina é vista como a salvadora das profissões em toda a área da saúde e em outras também. E eu enquanto enfermeira, na enfermagem, o que eu vejo é que muito se luta mas pouco se é reconhecido. Então acho que aqui no Brasil essa questão passa por diversas posições: social, questões trabalhistas, questões de valorização como você disse. E assim, a gente vê que a classe trabalhadora da enfermagem ela é a maior que existe atualmente no Brasil. Eu vejo muito isso com a enfermagem e acho que os movimentos sociais, conselhos e o Estado mesmo tem que ser nossos aliados. Mas acho que precisa muito há ser feito.

(Atuo) em ambas as partes (no setor público e privado). (Sobre as diferenças) eu acho que o acesso aos recursos são maiores na área privada e menores na área pública, mas não que seja uma visão ruim da coisa assim. Nós temos hoje o serviço público de sáude, que é o SUS, e ele foi construído para estar oferecendo um serviço público de saúde através de impostos e contribuições do estado para manter aquilo tudo. Mas que muitas vezes o repasse, se ele é feito da forma correta, eu acho que não supre, não consegue dar conta da necessidade que tem a população que é muito grande. E o que nos revela muito sobre o serviço público de saúde é a questão de: quem é essa população que ele atende? O Brasil hoje a maioria, mais de 50% de pessoas são negras e pardas de acordo com o IBGE e, assim, são essas pessoas que fazem uso desse serviço público.

Então não seria assim viável estar investindo num serviço público visto que são essas pessoas que farão uso e sabendo que – e aí voltando ao assunto do racismo – ele é um racismo estrutural, que vem de um contexto histórico da formação da sociedade. Então passa por muitas questões. (Sobre o fim do SUS com as novas políticas) eu acho que ele não vai ter fim. O que foi criado foi criado. Ele vai ser reformulado, assim como qualquer outro serviço público pode ser feito. E assim, passa por questões de distâncias maiores do Brasil, do nosso país, do Ministério da Saúde, questões judiciais, executivas e de todas as instâncias de governo que nós temos. Então ele não vai ter fim, ele vai ser reformulado – está sendo – com o que aconteceu com a PEC que congelou os gastos no serviço de saúde e,assim, o que a gente precisa fazer é ter a consciência do quanto é importante estar lutando e falando sobre isso. Questionando as pessoas, trazendo as pessoas que fazem uso desse serviço e o que elas querem receber”.

 

Prevenção

Eu enxergo a instituição como uma referência. Como uma importante parte da sociedade civil, de história, apoiando pessoas que convivem ou não com HIV/AIDS. E adentrando um pouco mais sobre a questão da educação na saúde ela te dá estratégias pedagógicas de como abordar diversos assuntos, os temas e curiosidades que enquanto uma mulher jovem eu ainda tenho dúvidas e estou o tempo todo aprendendo. E acho que a instituição ABIA ela te oferece isso, claro juntamente de outros serviços públicos de saúde e tudo mais.

Eu acho que é relativo (sobre o sistema estar preparado em absorver esses jovens soropositivos ou não). Depende do que vai chegar e de qual é a situação. Porque cada um tem a sua realidade de vida e não dá pra gente colocar todo mundo no mesmo barco e dizer ‘a gente vai dar conta’. Não. A gente precisa sempre de buscar saídas e é com ele mesmo que a gente vai conseguir fazer isso, através de sua realidade. Mas de que forma? Eu acho que é isso, é nessa autocrítica pra levar ele. Eu quero te ajudar, mas você também precisa dizer como. Porque foi o que eu disse: o apoio, o acolhimento também faz parte e eu acho que começa dessa forma.

(Sobre estigmas com pop. LGBT no sistema) a saída é uma palavra que é um pilar do SUS que é a Equidade. A gente precisa tratar igual todo mundo, mas respeitando cada um com suas diferenças. Sabe, então é isso. Cada um vai ter as suas questões e a gente precisa tá sempre buscando conhecimento dentro disso pra poder passar pro outro. A preservação da sua integridade enquanto saúde, seja ela física ou psicológica, e é isso. Acho que isso é o principal. Se você é um profissional de saúde ou não você faz parte, você é corresponsável por essas informações e por essa integridade das pessoas. Então eu acho que é bem por aí pela equidade.

Às vezes (ser profissional de saúde) me facilita (na prevenção) interagir sobre diversos assuntos. Mas eu sou um ser humano. Foi o que eu disse a gente tem as nossas especificidades e nem tudo eu vou conseguir dar conta. E eu procuro ajuda, tento procurar apoio profissional da melhor forma de estar o tempo todo me redimindo comigo mesmo nas minhas questões. Porque é isso, eu nunca vou conseguir dar conta de tudo nem como profissional”.

 

Sexualidade e Família

“Como a minha decisão pela área da saúde aconteceu na adolescência e aí me despertou curiosidades pessoais também, claro. Eu sou atualmente, me considero bissexual, mas pode acontecer de…eu acho que somos pessoas plurais. Pode acontecer e talvez não de eu me reconhecer de outra forma numa outra orientação. Mas hoje é isso. Então, a minha família não conseguiu ter acesso a essas informações, a entender como é o processo de eu me reconhecer, o meu corpo, as minhas mudanças enquanto mulher no desenvolvimento. Porque implica em questões de auto estima, de relacionamento com a família, com os amigos até questões psicológicas de como você se vê.

Assim, na minha infância aconteceu deles perceberem e entenderem de que poderia algo estar mudando. Mas como isso não é discutido na maioria das famílias por questões conservadoras e tudo mais, eles (meus pais) sempre me direcionavam para algo mais heteronormativo. E aí eu deixava aquilo de lado. Não é que não surgiu interesse: eu guardei numa caixinha e não conseguir abrir mais. Hoje em dia eu sou jovem e adulta e acho que eu consigo trabalhar mais ou menos, mas a minha família ainda não consegue entender qual que é a minha orientação. É, sim (uma relação) pacífica. Acredito que sim. Eles sempre me apoiaram, eu sempre tive esse apoio das minhas decisões. Mas eu acho que essas questões familiares é complicado porque a gente entender o outro isso passa por relações de afeto e afeto permanente. É difícil, às vezes, a gente compreender o que eles querem passar assim.

É uma questão que junta tudo isso: conservadorismo e gerações”.

 

Invisibilidade Bissexual e Representatividade LGBT na mídia

Eu acredito que exista sim, mas que existe pra todo mundo. Então não tem como eu falar que a minha questão é única que existe. Existe sim muita opressão que eu vou passar em diversas áreas da sociedade e que outras pessoas também vão passar. Pessoas lésbicas, pessoas homossexuais, trans e tudo mais. Não dá pra colocar só o meu caso numa caixinha. E isso não cabe só pra minha questão da bissexualidade. Isso vai pra todos os espaços. Então a gente sempre vai tentando cada um respeitar o outro e ouvir o outro e é isso.

“Precisa saber de que forma é usado essa imagem. E assim, a mídia tem muito disso. Sempre existiu, essas pessoas sempre existiram então como que você vai usar a mídia pra dizer isso? O papel do artista é esse: ele precisa ser artista, é uma arte. Mas que passa por outras questões com a sociedade de como ela vai enxergar isso e trazer isso para a sua realidade”.

 

Religião e Intolerância Religiosa

Atualmente eu sou umbandista. Praticante (sou) desde a minha infância. Por mais que na minha família tiveram situações que voltassem à Igreja Católica, eu me considero umbandista e religião é uma coisa que eu sempre fui bem resolvida. E hoje eu me considero, enquanto iniciante, uns seis meses. Assim, passa por minhas decisões (a escolha pela religião) do que se encontra mais com o que eu busco enquanto realidade de vida, enquanto o que aquela religião tem de princípios e como ela vai estar em sua vida. E os princípios da igreja católica eles não vão de acordo com aquilo que eu quero vivenciar. E a umbanda ela me trouxe isso num primeiro contato como uma religião que não é de matriz africana, porque ela foi reformulada no Brasil, mas que se aproxima um pouco disso e acho que é isso. A igreja católica ela me traz questões muito enraizadas, sabe. Que se enquadram em caixinhas que precisam serem discutidas e na minha atual religião eu consigo perceber que ela me traz reflexões. Mas não que seja assim algo imposto,sabe. A liberdade é maior”.

Já sofri intolerância em diversos espaços. Acho que a intolerância ela vem de poderes que se autodeterminam enquanto dominadores da sociedade. E utilizam da religião como algo de biopoder, que é o poder em cima das pessoas e assim as religiões de matrizes africanas, que é o Candomblé e se aproxima a Umbanda, elas não pregam isso. A gente prega o contexto de uma sociedade horizontal, que é cuidar do sagrado, do nosso meio ambiente, a questão da espiritualidade e da caridade com o outro. Que é o que a umbanda tem enquanto missão e do autocuidado com os corpos, de como você se identifica na religião. O quanto aquilo vai te retornar de forma em harmonia e, assim, a intolerância ela passa por isso das pessoas não terem conhecimento dessa história da nossa religião.

“E muitas das vezes ela se utiliza de outras religiões pra tá fazendo ataque. Então qualquer religião – pentecostal, umbanda, candomblé, cristã, budismo, judaísmo – precisam estar juntas, fazer essa harmonia global em prol da humanidade que é o mais importante”.

 

RENAFRO

A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO) foi criada em março de 2003 e é uma instância de articulação da sociedade civil que envolve pessoas adeptas da tradição religiosa afro-brasileira, gestores e profissionais de saúde, integrantes de organizações não-governamentais, pesquisadores e lideranças do movimento negro. Com ela e através in memorian ao Ogã José Marmo, presidente e fundador da RENAFRO, foi criado o GT Juventude de Terreiro, em agosto de 2006, onde deu-se início no I Seminário de Jovens de Terreiro, no Rio de Janeiro, o qual faço parte hoje.

A importância dela está inserida na comunicação desta instância com a sociedade, do saber dos terreiros em relação à saúde, promoção da saúde, lideranças do terreiros e seus saberes e poderes para uma saúde de qualidade, reconhecimento e respeitado da cultura de terreiro, aproximar com as práticas de saúde do SUS, aumentar a consciência e a saúde da população dos terreiros. Um canal de comunicação entre as pessoas adeptas da tradição religiosa afro-brasileira, o estado e a sociedade civil. A RENAFRO na minha vida é a conexão que eu consigo realizar da minha identidade pessoal e profissional com o modo de viver neste país. Contribuir de alguma forma com os saberes científicos, empíricos e religiosos na promoção e prevenção da saúde da população negra, especialmente a juventude”.

 

HIV/AIDS

Assim, os jovens continuam se infectando – eu não sei dizer ou seria muito inocente em te dizer dos acessos as informações. E como os poderes públicos, o Estado disponibiliza. E eu acho que existe uma construção de, como eu vou explicar, que passa por dados, números dentro da epidemiologia inclusive de quem são essas pessoas que precisam dessas informações.

Mas a gente sempre sabe: se o Brasil ele é em sua maior quantidade de população de pessoas negras e essas pessoas utilizam, em sua maioria, o serviço público de saúde há quem se destina as informações sobre prevenção? Sobre o acesso à saúde? Então a gente tem dados e números, mas é muito fácil falar sobre números. Só que são pessoas. Então passa a se fazer esse recorte da questão de raça e isso pra mim, hoje, é uma consciência maliciosa. A gente precisa tá atento a isso, a essas populações.

(Sobre o jovem ter perdido o medo da AIDS) é, então, foram décadas e momentos em que as doenças e infecções existiam e existem. Só que foi o que eu falei: o recurso, o acesso, o investimento, a prevenção, a promoção, o tratamento ele é direcionado pras populações. E as pessoas que tem maior acesso (são) de classe média alta”.

 

Importância do Projeto

A importância é tirar o estigma que tem sobre a juventude. E esse estigma ele precisa, não vou dizer que ser eliminado, porque não tem como a gente eliminar algo que não existe, só existe de forma sócio ou psíquico, (mas) que te dê possibilidades e espaços em qualquer que seja os territórios. Pra gente tá podendo falar das questões da juventude, prevenção e promoção de IST e HIV/AIDS.

Então é fundamental que isso aconteça em qualquer espaço que for possível. E assim, especialmente nas regiões periféricas de bairro, comunidades e favelas”.

 

Futuro

“Eu vou continuar tendo esperança na juventude. E aí eu trago a juventude não como aquela juventude que a gente sabe da faixa etária. Eu acho que é a juventude que vem das crianças. Então, são elas que vão – como eu um dia – chegar aqui hoje e fazer algo que possa mudar nosso futuro. Então o que a gente discutiu aqui foi isso: o acesso as informações e de como é construído a questão da humanização da humanidade. Então acho que a juventude e a infância ela é um papel fundamental sempre. Isso é de forma permanente e não tem como a gente mudar. É essa a minha esperança”.

 

Entrevista: Jean Pierry Oliveira

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