Uma brasileira de 17 anos, estudante de Humanidades da Universidade Federal da Bahia, participou no fim de setembro (28) de encontro do Comitê dos Direitos da Criança na sede da ONU, em Genebra, na Suíça. O objetivo foi debater com representantes das Nações Unidas formas de utilizar as mídias digitais para conscientizar os jovens do Brasil sobre seus direitos e democratizar o acesso à informação.
Melissa é integrante do Monitoramento Jovem de Políticas Públicas (MJPOP) da Visão Mundial, organização cristã de desenvolvimento e resposta a situações de emergência. A ONG está no Brasil desde 1975 e atua por meio de programas e projetos nas áreas de proteção, educação, advocacy e emergência, priorizando crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade.
Em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Melissa disse que sua apresentação em Genebra versou principalmente sobre as formas com as quais o MJPOP utiliza as novas mídias digitais para integrar jovens do Brasil todo em torno de uma única pauta.
“A luta por direitos existe em Salvador, onde eu moro, mas também em Brasília, Rio de Janeiro, em todos os lugares. Como o MJPOP é um movimento nacional, às vezes, a gente não consegue estar sempre juntos. Aí é importante que a gente consiga, pelas plataformas, um ambiente para unificar as nossas pautas, as nossas lutas, alinhar o nosso trabalho”, declarou.
As principais pautas dos jovens que integram o MJPOP são os índices alarmantes de homicídios de jovens negros no Brasil, além de temas relacionados à educação e à proteção de crianças e adolescentes.
A brasileira participou do debate em Genebra com outros dois jovens da Visão Mundial da Etiópia e de Bangladesh. “O evento foi bastante positivo, e todas as mesas foram compostas por crianças e adolescentes. Havia adultos como mediadores, mas as falas principais eram nossas. Foi um processo muito rico, porque os adolescentes se sentiram ouvidos e representados”, disse Melissa.
“Não adianta a gente querer construir um caminho de política pública sem que a própria criança e adolescente diga qual é esse caminho e de que forma ele será percorrido”, salientou.
“Para efetivar todos os direitos, é importante a gente democratizar o acesso à informação, democratizar a mídia. Porque hoje muita informação ainda não é veiculada da forma correta. Então, que a gente faça isso com as nossas próprias mãos, e use as mídias como uma aliada, para que a gente consiga efetivar esses direitos”, declarou.
O comitê da ONU é formado por especialistas independentes, responsáveis por analisar os progressos realizados pelos Estados-parte na implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança. Na reunião deste ano, o tema central foi proteger e empoderar as crianças como defensoras dos direitos humanos.
O propósito dos dias de discussão é promover uma compreensão mais profunda dos conteúdos e implicações da Convenção no que se refere a artigos ou tópicos específicos.
A reunião teve a participação de representantes de governos, organizações não governamentais, mecanismos de direitos humanos das Nações Unidas, órgãos da ONU e agências especializadas, instituições nacionais de direitos humanos, setor empresarial, bem como de especialistas individuais e crianças.
Melissa afirma que pretende continuar participando de reuniões semelhantes, tanto no Brasil como no exterior. “Essa participação em Genebra gerou participações (em outros eventos) no Brasil. Não é uma coisa que ficou por lá, precisa ser continuada”, disse.
Segundo ela, a ONU tem papel essencial na proteção dos direitos da criança e do adolescente no Brasil. “Pelo respaldo que tem e sua história de luta por direitos humanos, pelos valores com os quais foi criada, a ONU é uma referência na área, precisa se posicionar em relação à negligência de direitos que acontece em todos os países”, concluiu, lembrando a importância da Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Fonte: ONU Brasil