Até o final de 2017, cerca de 54,6% dos brasileiros estavam infectados com o papiloma vírus humano, o HPV. Esses foram os dados que em sua última edição a Revista Capricho divulgou para seu público infanto juvenil. Os dados foram coletados em uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em todas as capitais do Brasil, incluindo o Distrito Federal, com 7.586 usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) de 16 a 25 anos.
Entre os casos detectados, 38,4% das pessoas registraram o tipo mais perigoso de HPV, capaz de desenvolver câncer. Salvador, Palmas e Cuiabá foram as capitais com maior incidência do HPV. Com 41,2%, Recife foi considerada a menos infectada. Diante de números tão preocupantes, a publicação conversou com a Dra. Mariana Maldonado, ginecologista e especialista em sexualidade, para esclarecer as principais dúvidas sobre o HPV. Leia abaixo:
- O que é o HPV e como ele pode ser contraído?
O HPV é uma infecção sexualmente transmissível que pode ser contraído através do contato direto com a pele ou com secreções de uma pessoa infectada. “São mais de 150 tipos diferentes do vírus. Alguns com alto risco oncogênico, que podem desenvolver câncer”, a doutora explica.
- Quais são os sintomas e em quanto tempo eles aparecem?
Os sintomas podem levar meses ou anos para aparecer. “Podem variar de verrugas genitais ou em outros locais do corpo, como boca e garganta, até lesões precursoras do câncer de colo de útero, como vulva, vagina e ânus”, diz. Nos homens, as lesões podem aparecer também na boca, garganta, pênis e ânus.
- Tem cura? Como é possível tratar?
Não existe nenhum remédio que possa combater diretamente o vírus do HPV, pois o próprio sistema imunológico tem a capacidade de reagir e “se curar” dele. “O tratamento é a retirada da lesão que o vírus causa”, responde a especialista.
- Por que os casos estão crescendo entre os jovens?
A Dra. Mariana explica que os jovens tendem a ser mais vulneráveis devido a vários aspectos, desde o pensamento de “isso não vai acontecer comigo” até fatores relativos ao sistema imunológico, que ainda está em desenvolvimento nessa faixa etária. “Mas o fato é que o uso regular e consistente da camisinha, única forma de reduzir o risco de contaminação, ainda é um desafio”, diz.
- Todas as meninas podem tomar a vacina de prevenção?
No Brasil, existem duas vacinas disponíveis: uma protege contra 4 tipos de HPV e a outra, contra 2. “É indicada para meninas de 9 a 26 anos e meninos de 9 a 13 anos, mas isso não significa que mulheres mais velhas não possam tomar a vacina”, explica. Não há contra-indicações.
A campanha de vacinação é importante justamente porque, se as lesões causadas pelo HPV forem internas, os portadores da infecção podem nem ao menos saber que carregam o vírus no corpo até que a situação se agrave.
Para evitar o aumento desses casos, a Dra. Mariana Maldonado recomenda: “usar camisinha em todas as relações sexuais, vacinação em massa e consultas médicas regulares podem ajudar muito, mas é preciso ter a consciência dessa necessidade”. Portanto, fique atenta aos exames de rotina e lembre-se de sempre se proteger!
A vacinação contra o HPV está disponível gratuitamente em todas as unidades do SUS. Saiba mais no site do Ministério da Saúde.
Fonte: Capricho