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Frente Parlamentar de Combate ao HIV/AIDS é lançado no Rio de Janeiro


Foi realizado na tarde da última sexta feira (27/04), das 14h00 às 18h00, no auditório da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia, o lançamento da “Frente Parlamentar de Combate ao HIV/AIDS, o Preconceito e o Estigma”. O objetivo da ação é promover e incidir de forma avaliativa e qualitativa sobre o contexto da epidemia de HIV e AIDS no município, e por conseguinte, no estado do RJ. A ABIA esteve representada no lançamento da “Frente Parlamentar de Combate ao HIV/AIDS, o Preconceito e o Estigma” através dos assistentes do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho, do coordenador da área de capacitação institucional Salvador Correa e da assistente de projetos do GTPI/ABIA Clara Alves.

Idealizado a partir do mandato coletivo do vereador David Miranda (PSOL-RJ), presidindo o ato, a Frente também contou com a presença na mesa oficial do evento do coordenador geral do Grupo Pela Vidda – RJ, Márcio Villard, a advogada Maria Eduarda, do GPV-RJ e do Fórum de ONG AIDS RJ, a médica Márcia Rachid e o jovem ativista Walter Sabino. Além disso, integrantes da sociedade civil e representantes municipais também compuseram o público de, aproximadamente, 30 pessoas presentes. “Estamos iniciando hoje essa importante Frente sobre a situação da epidemia de AIDS em nosso município e estado, pois acreditamos que só assim poderemos enfrentar essa difícil realidade da epidemia”, disse David Miranda. Em seguida, Villard iniciou sua fala e não deixou passar em branco “a morte da nossa querida vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson. Essa morte não foi só dela, também foi nossa por tudo que ela representava”, lembrou ele.

Sobre a epidemia, Villard destacou que “o Rio de Janeiro ocupa o sétimo lugar de incidência em HIV/AIDS nos jovens até 21 anos no país, sendo a maior concentração naqueles entre 15 e 19 anos”, revelou ele citando dados oficiais compilados entre adolescentes no Brasil no período de 2007-2017.

O coordenador do GPV-RJ ainda criticou a ausência de informações sobre os dados epidemiológicos no site de saúde do município e também a falta de campanhas, ações e divulgação sobre HIV/AIDS pela cidade, o que era comum nos anos 80 como os produzidos pelo Grupo Atobá e a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), por exemplo. Encerrando sua fala, ele fez um pedido: “eu espero que o RJ recupere sua política de prevenção, suas campanhas e ações com foco no estigma e preconceito. Porque hoje, sinceramente, eu vejo e sinto mais preconceito do que nos anos 80 e 90. Através do olhar, de comentários e memes na internet”, finalizou.

Outro importante ponto de debate durante o lançamento da Frente foi a dificuldade de se adentrar espaços escolares para dialogar com jovens e adolescentes sobre prevenção, AIDS e sexualidade. “A única ação existente de AIDS hoje e que pode ou não atingir jovens são as que nós (sociedade civil) fazemos nas ruas, nas praças, nos locais públicos com testagem e outras ações”, contou Sabino.

 

Falta de Medicamentos

Uma das grandes preocupações atuais das pessoas vivendo e convivendo com HIV e AIDS (PVHA) no Rio de Janeiro diz respeito a falta ou a dificuldade de obtenção dos medicamentos antirretrovirais no estado e no município. Com constantes falhas nos sistemas das unidades de saúde, a descontinuidade do tratamento põe em xeque e risco de vida o portador de HIV e/ou AIDS.

“De todas as formas eu entendo que o fracionamento (de medicamentos) é irregular e por isso pedimos que a Frente, bem como já solicitamos ao Ministério Público, fiscalize. O usuário de saúde não pode ficar sofrendo com os efeitos da falta de comunicação dos gestores. Está lá na lei 9313 de 13 de novembro de 1996: toda pessoa tem o direito gratuito e universal de medicamento antirretroviral assegurado”, explicou a advogada Maria Eduarda.

 

Transmissão Vertical

Uma temática silenciada pelos gestores de saúde, campanhas e sociedade. É dessa maneira que para Walter Sabino a questão da transmissão vertical é tratada no RJ e no Brasil. Segundo ele, “é preciso falar disso até porque muitos jovens quando descobrem a sorologia via vertical (quando ocorre de mãe para o filho ao nascer ou durante a amamentação) é na adolescência, momento em que você tá (sic) descobrindo o mundo, a sexualidade e ainda terá que lidar com a sorologia”, afirma. O jovem também pontuou a necessidade de se trabalhar o contexto do Indetectável = intransmissível. Isto é, que uma pessoa soropositiva com baixa carga viral não transmite o HIV, mesmo durante o ato sexual sem o uso de preservativo e com uma boa adesão ao tratamento.

“Eu atendo pacientes com o vírus desde 1982 e investimento em prevenção, desde lá, foi uma forma de ajudar no tratamento. E eu tenho pacientes com 30 anos de sorologia. Então eu acho que a prevenção ficou de lado, deixou de salvar vidas. Era muito difícil perder pessoas como eu vi e ainda é até hoje. Então hoje quando se pensa em prevenção combinada é um ganho: é pensar em PEP, PrEP, vacinas, camisinha. Diferente do que foi a prevenção há 30 anos atrás e diferente do que é a juventude hoje com rede social, com outra forma de vida, com outros contextos de epidemia e comportamento”, complementou a médica Márcia Rachid, evocando ainda memórias e frases da época de convivência com Herbert Daniel e Herbert de Sousa, o Betinho.

Após a mesa expor suas falas, o evento abriu-se para um debate com o público presente. De modo geral as perguntas suscitaram dúvidas e questionamentos acerca de como a Frente pode atuar sobre o estigma e preconceito institucional contra soropositivos, “onde somos vistos como a doença em si e um número”, segundo relato do ativista Jean Vinícius. Preocupações sobre leis que resguardam o direito das PVHA’s, desterritorialidade do tratamento (quando o paciente não é obrigado a realizar o tratamento próximo de casa), comunicação e campanhas mais afirmativas sobre a epidemia de HIV/AIDS, atenção as co-morbidades como sífilis e tuberculose, ações em escolas para falar sobre prevenção, falta de medicamentos nas unidades de saúde, a epidemia e atenção para com pessoas em situação de rua também foram pontos de intensas opiniões.

 

Texto: Jean Pierry

 

 

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