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Filmes nacionais em cartaz discutem machismo e tratam de temas LGBT


Sexualidade, discussões de gênero, nudez, desejo e alguns conceitos deturpados pela visão machista formam dados presentes em dois polêmicos filmes em cartaz na cidade: Câmara de espelhos (de Dea Ferraz) e Tinta bruta (Filipe Matzembacher e Márcio Reolon). Um círculo de homens que, segundo Dea Ferraz, “reverenciam discursos comuns” abastece o documentário da pernambucana. Câmara de espelhos foi concebido exatamente para isso — “focamos nos discursos de mera reprodução de coisas ditas, muitas vezes até sem pensar, e que enquadram a mulher numa estrutura machista e patriarcal”, explica a cineasta. No recorte apresentado, pesam dispositivos das filmagens que empregaram uma caixa cênica na qual homens selecionados pela produção dialogavam entre si, além de um jogo de espelhos (à la Big Brother) que atenuava a presença de câmeras (apesar de todos estarem cientes do jogo).

Com ampla visão, Dea Ferraz aponta para a superação dos gêneros binários, sempre valorizando a afirmação de desejos (no lugar de gêneros), com ênfase na vontade expressa pela revolução do feminismo. “No filme, em alguns depoimentos, há homens que ensaiam um caminho coerente, com ideias positivas; mas acabam derrapando e apelam para visões (machistas) do senso comum. Pretendo, com o filme, quebrar paradigmas”, comenta a cineasta. Demarcar absurdos como o de homens que não admitem vestimentas x ou y para mulheres esteve entre os objetivos da diretora.

“Tive a vontade de jogar luz em discursos violentos: homens não podem ser como animais que olham as mulheres como objetos. Desconstruir as falas de opressão, independemente de gênero. Acho que é o caminho a ser trilhado. Deve ser especialmente seguido, quando temos em mente a propensão de um futuro, diante da visão do novo presidente, que legitima o machismo”, demarca Dea Ferraz. Também desqualificando ações machistas, o longa Tinta bruta aparece no circuito, depois de premiado nos festivais do Rio e de Berlim (Alemanha). “Acredito que os artistas criam obras que são reflexo da sociedade em que vive. Nos parece claro que os filmes atuais questionam, dialogam e fazem perguntas sobre os tempos que estamos vivendo, e os que podem vir”, comenta o cocriador da fita Filipe Matzembacher.

Competição

Tocados pela visão dos longas apresentados em Berlim (concorrentes ao prêmio Teddy, vencido por Tinta bruta, que investe no flanco LGBT), os diretores admiraram a pluralidade de olhares vindos de diversos locais do mundo. “Em Tinta bruta, o erotismo chega a ser um ponto narrativo do filme, mas acredito que diversos filmes na competição em Berlim tinham olhares interessantes para com o corpo e o desejo”, ressalva Matzembacher. Na linha de filmes como De menor, Luna e Ferrugem, potenciais de solidão e da internet atiçando sexualidade estão marcados em Tinta bruta.

“O sexo é uma ferramenta de trabalho para o protagonista. Com o passar do tempo, Pedro (Shico Menegat) cria uma relação de afeto com Leo (Bruno Fernandes), uma espécie de concorrente na monetização de sexo virtual e, para nós (diretores), pareceu bem interessante somente mostrar a primeira relação deles após o evento que os conecta definitivamente. Enfatizamos que há primeira vez entre Pedro e Leo, que se relacionam, fora das máscaras virtuais do GarotoNeon e do Guri25, a maneira como são conhecidos na internet”, conta Matzembacher.

O codiretor atenta para um dos grandes trunfos da fita: numa criação coletiva de personagens, trazer para telas corpos que sejam elemento narrativo central para o cinema. Em muitas cenas, GarotoNeon e Guri25 estão nus. “Uma vez que o elenco entenda a função da nudez e do erotismo, ele tende a se colocar de maneira muito bonita na tela”, conclui.

Fonte: Correio Brasiliense

 

 

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