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Explosão em Beirute expõe vulnerabilidade de população LGBT+ no Líbano


População de Beirute participa de vigília em homenagem aos mortos na explosão do dia 4 de agosto Foto: Reuters

A explosão que deixou ao menos 170 mortos e destruiu boa parte da cidade de Beirute no dia 4 de agosto tem exposto a maior vulnerabilidade que a população LGBT+ do Líbano enfrenta. O país é um dos 70 que ainda criminaliza a homossexualidade, o que tem dificultado o acesso de muitas pessoas LGBT+ atingidas pela tragédia a serviços emergenciais.

De acordo com a organização internacional de defesa dos direitos LGBT+ All Out, alguns dos bairros que mais sofreram danos na capital libanesa são uma região onde muitas pessoas LGBT+ vivem. Várias delas estão desabrigadas. Além disso, um dos escritórios da organização Proud Lebanon, um dos principais grupos de defesa dos direitos LGBT+ do país, ficava próximo ao local da explosão e foi gravemente atingido e parte da equipe continua desaparecida.

Criada em 2017, a ONG conta atualmente com 35 voluntários, já realizou mais de 3.500 sessões de atendimento psicológico e 7.500 testes de HIV em pessoas LGBT+. A entidade atua no acolhimento de pessoas LGBT+ e na articulação para a derrubada do artigo do código penal libanes que criminaliza a homossexualidade.

Segundo a Proud Lebanon, os membros da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais no Líbano já são particularmente vulneráveis, pois carecem de apoio e proteção e enfrentam discriminação com base em sua orientação sexual e identidade de gênero.

Esses indivíduos ainda podem ser processados judicialmente por relações homossexuais consensuais entre adultos, de acordo com o artigo 534 do Código Penal do Líbano, que diz: “qualquer relação sexual contrária à ordem da natureza é punível com pena de prisão de até um ano”. O artigo vagamente redigido foi e ainda está sendo usado para reprimir a comunidade LGBT+ no país.

— O fato de que o código penal do Líbano ainda criminaliza as pessoas LGBTQI+ aumenta a rejeição aos membros da comunidade e dificulta seu acesso a serviços de assistência neste momento. Temos testemunhado muitos casos de pessoas que não foram atendidas devido apenas à sua orientação sexual ou identidade de gênero — diz Bertho Makso, diretor-executivo da Proud Lebanon.

Entre os relatos compartilhados pela organização estão o de Lara*, uma mulher trans que teve sua completamente destruída pela explosão. Ela ficou gravemente ferida, seus animais de estimação não sobreviveram e ela teve o apoio de emergência negado por causa de sua identidade de gênero.

E o de David* e Rami*, um casal de homens gays que morava a menos de 2km do local da explosão na capital libanesa. Seu apartamento foi completamente destruído e os dois estão desabrigados, sofrendo de estresse pós-traumático.

Para auxiliar a Proud Lebanon e a comunidade LGBT+ de Beirute, a All Out lançou uma campanha online de arrecadação de fundos. Segundo a entidade, as doações têm como objetivo amparar esta população, cobrindo despesas de comida e água, abrigo, remédios e apoio psicológico.

— A explosão em Beirute teve um impacto muito significativo na comunidade LGBT+ da cidade. A campanha internacional de arrecadação lançada pela All Out tem como objetivo garantir abrigo de emergência, alimentação, itens médicos e apoio psicológico pra pessoas LGBT+ em Beirute nesse momento tão crítico — diz Leandro Ramos, diretor da All Out na América Latina. Ele explica que brasileiros interessados em ajudar podem fazer doações pelo site beirute.alloutbrasil.org.

*Os nomes foram alterados para proteger a identidade das pessoas mencionadas na reportagem

Fonte: O Globo

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