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“Eu tive duas crises de ansiedade por conta da pandemia”, revela jovem estilista da Baixada Fluminense em entrevista ao Fala Jovem


Foto: Arquivo pessoal

Cultura, Moda, Carnaval. Três diferentes setores que se interrelacionam, mas que foram seriamente afetados pela pandemia. Um duro golpe para quem (sobre)vive e depende deles para estudar e trabalhar. Que o diga Evander Sant’Anna, de 26 anos, da Baixada Fluminense.

O jovem mora no menor município da região metropolitana do Rio de Janeiro, em Nilópolis, mas nem por isso os problemas acompanham a geografia da cidade. Com uma vida inteira na localidade, ele afirma que um dos maiores problemas enfrentados é quanto aos “meios de transportes atuais. Quem mora na Baixada e principalmente em Nilópolis, fica refém dos trens para se locomover a Central do Brasil.  Pasmem, mas o ônibus mais barato saindo da rodoviária de Nilópolis X Central é de R$ 9,65”.

Além disso, uma das suas maiores paixões e lazer, esse ano não será realizado: o carnaval. Folião da Beija Flor de Nilópolis Evander vê com preocupação “falar de Cultura no Brasil com esse presidente”. “Eu sigo em resistência e sim, temo que o carnaval vire um produto de consumo privado de natureza financeira somente. Carnaval nunca foi e nem será só isso”, adverte.

No bate papo online temas como prevenção, HIV/AIDS, relacionamentos e futuro também mereceram destaque em suas falas.

 

Confira a entrevista completa abaixo:

1- Nome completo e Idade

R: Evander Telles de Sant’Anna, 26 anos.

2 – Você reside em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Quais os principais desafios de morar nesta região?

R: Mesmo com os meios de transportes atuais, quem mora na baixada e principalmente em Nilópolis, fica refém dos trens para se locomover a Central do Brasil – ponto chave do Rio de Janeiro e polo empresarial econômico. Pasmem, mas o ônibus mais barato saindo da rodoviária de Nilópolis X Central é de R$ 9,65.

3 – Como é a relação com sua família? Mora com eles?

R: Moro em Nilópolis desde meu nascimento e tenho 80 por cento da minha família aqui ou em bairros vizinhos. Não somos a família que se reúne todo mês, porém quando se (sic) juntamos é o acorde (risos). Moro com a minha mãe, irmã e sobrinha num quintal de casas da família.

4 – Sobre a pandemia, de que forma o isolamento social causado pelo coronavírus afeta ou já afetou sua saúde mental?

R: AHH, eu sou festeiro, adoro uns rolês, então logo que (se) instaurou a quarentena no Rio de Janeiro eu pirei (risos). Mas brincadeiras à parte, em setembro eu tive duas crises de ansiedade por conta da pandemia ligada à trabalhos pendentes também. E o que tenho feito para distrair a mente e evitar os gatilhos psicológicos é a faculdade, desenho, dança e muita (com ênfase) Brahma dentro de casa é claro.

5 – Como você avalia o combate ao coronavírus em sua cidade?

Porcamente. Não vi sequer uma campanha pública. Só ditadores de fique em casa e nada mais

6 – Você é estilista e realiza trabalhos voltados ao Carnaval, além de desfilar por escolas de samba. O setor cultural foi um dos mais afetados, senão o maior afetado, pela pandemia. Como você encara esse momento?

Falar de cultura no Brasil que tem um presidente que acha DESNECESSÁRIO OU PALHAÇADA parte da sua cultura já é um desafio instantâneo. Eu sigo em resistência e sim, temo que o carnaval vire um produto de consumo privado de natureza financeira somente. Carnaval nunca foi e nem será só isso. As pessoas precisam estudar o que é cultura, arte e TRADIÇÃO.

7 –   E o que achou do remanejamento dos desfiles para junho de 2021 e a inclusão do carnaval fora de época, todo meio do ano, no calendário oficial do estado do Rio de Janeiro a partir de 2022?

R: Eu acho doideira, até porque infelizmente não podemos esquecer de quem produz o carnaval, mas também das outras festas anuais tradicionais como quadrilhas juninas.

(Nota: após a entrevista o prefeito Eduardo Paes cancelou o carnaval de meio de ano na cidade do Rio de Janeiro, por ausência de segurança e logística para controlar as medidas de segurança e distanciamento contra o COVID-19)

Relacionamento e Prevenção

8 – Sobre a questão da prevenção, você tinha abertura para conversar isso dentro de casa? Ou o assunto era tabu? Quando tinha dúvidas ou dilemas nesse sentido, como buscava resolvê-los?

R: Minha família por dentro sempre soube que eu seria Gay. O tal jeitinho afeminado nunca me faltou (risos). E sobre sexo, hoje eu falo abertamente, antes era um tabu até para minha mãe falar de relacionamentos dela. Hoje não mais. Antes eu pesquisava ou no Google ou interrogava amigos íntimos, coisas que eu nunca tive em abundância.

9 – Jovens de 15 a 29 anos são grupos populacionais, atualmente, que lideram os índices de infecção por HIV/AIDS no Brasil. Ao mesmo tempo, nunca se teve tanto acesso às informações e outras tecnologias. Em sua opinião, o que faz com que a juventude se infecte tanto por HIV?

R: Hoje o calor da emoção e do frenesi do LIBIDO alto são ferramentas contrárias ao combate do HIV, mas a meu ver não são desculpas e sim empecilho para o combate.

10 – A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) trabalha, bem como o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, envolvida em questões do HIV/AIDS, prevenção, direitos humanos e justiça social para com populações vulneráveis (soropositivos, LGBTs, comunidades, jovens, negros, mulheres etc.). Você considera que esses tipos de ações são importantes? Por quê?

R: Claro que sim, não só porque eu sou da comunidade, mas também pelo alto número de pessoas contaminadas/infectadas sem políticas de acolhimento. Sim acho importante e necessário.

Futuro

11 – Acredita que sairemos diferentes e que tiraremos lições importantes para o mundo pós-pandemia?

R: Sou muito pessimista pra muitas coisas, mas opto por ser otimista e digo por mim que quero e torço por um mundo melhor depois desse pandemônio passar (risos). É muito ruim que eu ainda veja que, mesmo depois de todas as mortes e casos confirmados, pessoas próximas não dão a mínima para esse vírus.

12 – Qual sua expectativa para a vacinação contra o coronavírus no Brasil? O que pretende fazer assim que for vacinado e que agora não pode?

R: Quero que venha logo para toda a população. Tô (sic) bem otimista com todas as vacinas. Bom, depois das duas doses vou dar um mês e ver o que me acontece, depois vou continuar com o álcool e com a máscara, porém querendo uns fervos que não tô (sic) podendo (risos).

13 – Qual sua perspectiva para o futuro?

R: Quero assim que eu me formar fazer intercâmbios pela Europa e Ásia. Especificar-me em moda e criar minha própria grife, desenhar para minha escola de samba do coração e sair na comissão de frente da GRES Beija flor de Nilópolis. Ser reconhecido pelo meu trabalho e ter ascensão e uma vida financeira estável com a minha casa própria.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira

Foto: Arquivo pessoal

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