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“Eu tenho medo dessa segunda onda. Quero ver minha vida andar novamente”


Foto: Arquivo pessoal

Antes a rotina se resumia com a bela paisagem à lá Miami da Barra da Tijuca e seus inúmeros turistas, com o hotel sempre cheio, eventos diários/semanais e muito trabalho. Mas como num filme, a sequência dessa história mudou da noite para o dia.

Veio a pandemia e com ela os hóspedes e turistas sumiram – ou reduziram-se significativamente – a bela paisagem tornou-se mais cinzenta e a certeza do dia a dia entre os corredores de uma das mais famosas redes hoteleiras do Brasil, tornou-se incerta com demissões, férias forçadas e licenças compulsórias.

Essa foi a realidade vivida pelo nosso entrevistado do mês de novembro do Fala Jovem Iran Pereira para o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da ABIA. Morador da Zona Oeste do Rio de Janeiro o jovem já vê o movimento melhor do que antes, o emprego ainda mantido, mas muitos receios diante da segunda onda que nos afeta.

No bate papo, realizado por e-mail, ele ainda fala sobre prevenção, HIV/AIDS, juventude, saúde mental e outros tópicos.

Confira a entrevista na íntegra:

1- Apresentação

Iran Pereira Lemos.

2 – Você reside na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Quais os principais desafios de morar nesta região?

Sim, moro na zona oeste, Praça Seca. Pelo nome do lugar já dá uma ideia de um dos desafios de morar nessa região. Atualmente está mais calmo, mas nós convivemos com os confrontos entre milícia, bandido e polícia. Uma guerra sem fim. Temos também transporte precário e desigualdade social, que é o que mais tem no Rio de Janeiro.

3 – Como é a relação com sua família? Mora com eles? 

Graças a Deus tenho uma boa relação com a minha família. Não moro com eles, mas mantemos contato diariamente.

4 – Sobre a pandemia, de que forma o isolamento social causado pelo coronavírus afeta ou já afetou sua saúde mental? E o que tem feito para distrair a mente e evitar os gatilhos psicológicos?

Então, devido essa pandemia minha empresa me afastou por dois meses, e ainda tirei um mês de férias. Confesso que surtei um pouco, fiquei bem preocupado, pois eu iria depender do governo para pagar parte do meu salário, e a gente sabe muito bem como funciona nosso atual governo. Fiquei meio pra baixo, mas depois levei numa boa. Atualmente eu moro com Wagner, meu parceiro, e como vivo afastado da minha família, aproveitei esse tempo em casa para ir visitar eles. Então teve seu lado bom.

5 – Como você avalia o combate ao coronavírus em sua cidade? Teme a segunda onda?

Confesso que eu esperava que fosso pior, porém eu vejo que foi razoável. E sim, eu tenho medo dessa segunda onda. Quero ver minha vida andar novamente. Essa pandemia ainda não acabou.

6 – Você atua no ramo da Hotelaria, que lida diretamente com o Turismo, uma das principais áreas afetadas pela pandemia em todo o mundo. Que avaliação faz desse período? 

Foi péssimo, como mencionei anteriormente, fui afastado do trabalho, e um dos motivos foi a falta de turista na cidade, o que é obvio. Nós recebemos também uma bonificação quando o hotel tem bastante eventos, (mas) nesse período foi zero, logo não recebemos quase nada.

7 – Quais foram as principais mudanças ocorridas em seu ambiente de trabalho na questão da prevenção? O movimento segue em baixa?

Sim, não teve evento e devido a pandemia tivemos funcionários sendo mandado em embora porque não tinha hospedes. Referente a prevenção, sim minha empresa tomou todos os cuidados e seguiu as orientações dos profissionais da saúde.

Relacionamento e Prevenção 

8 – Sobre a questão da prevenção, você tinha abertura para conversar isso dentro de casa? Ou o assunto era tabu? Quando tinha dúvidas ou dilemas nesse sentido, como buscava resolvê-los?

Sim, total abertura. Inclusive a nossa intenção era buscar a prevenção e cuidado.

9 – Jovens de 15 a 29 anos são uma das principais parcelas populacionais, atualmente, no que diz respeito aos índices de infecção por HIV/AIDS no Brasil. Ao mesmo tempo, nunca se teve tanto acesso a informações e outras tecnologias. Em sua opinião, o que faz com que a juventude se infecte tanto atualmente por HIV?

Eu acredito que embora tenha bastante informação disponível, ainda assim a busca por essa informação é pouca, ou quase nada. Eu percebo que não se fala muito sobre HIV hoje em dia. Acredito que a bebida alcóolica e outras drogas contribuem para esse aumento.

10 – A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) trabalha, bem como o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, envolvida em questões do HIV/AIDS, prevenção, direitos humanos e justiça social para com populações vulneráveis (soropositivos, LGBTs, comunidades, jovens, negros, mulheres etc). Você considera que esses tipos de ações são importantes? Por quê?

Sim, porque é necessário que alguém olhe por essas pessoas. É preciso um trabalho diferenciado, voltado para essa parcela excluída da nossa sociedade.

Futuro

11 – Acredita que sairemos diferentes e que tiraremos lições importantes para o mundo pós-pandemia?

Sem dúvida sairemos bem diferente de tudo isso. Eu penso muito em valorizar aquilo que temos hoje, a nossa liberdade. Podemos ver que de uma hora para outra essa liberdade é afetada, então devemos agradecer e curtir cada momento.

12 – Qual sua perspectiva para o futuro?

Fim da pandemia, um Rio de janeiro melhor e retomada da nossa vida ao normal.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira

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