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Estudo Stigma Index: pessoas que conhecem o assunto indicam ações para diminuir estigma sobre HIV


O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) lançou nessa terça-feira (10) o estudo Stigma Index. Segundo dados aferidos, o preconceito prejudica a adesão ao tratamento das pessoas que vivem com HIV/aids. A pesquisa contou com 1784 pessoas entrevistadas em diferentes partes do Brasil e comprova cientificamente o impacto dos preconceitos que envolvem diferentes aspectos da vida de uma pessoas que vive com o vírus.

Especialistas indicaram à Agência Aids ações que podem ser efetivas na redução do estigma e preconceito em relação às pessoas que vivem com HIV.

Alexandre Grangeiro, ex-diretor do Depto Nacional,Pesquisador Científico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: “Sabíamos do impacto negativo do estigma na epidemia de HIV no Brasil, mas, ilusoriamente, pensávamos que sua frequência era menor e que, embora discretamente, houvesse diminuído ao longo desses 40 anos de convívio com a doença. Mas a pesquisa promovida pelo Unaids e sociedade civil nos coloca num contexto diametralmente oposto e lamentável, no qual perdem a sociedade brasileira, o Sistema Único de Saúde e, especialmente, as pessoas que vivem com HIV e os grupos sociais que são mais afetados pela epidemia. É necessário ter tolerância zero com o estigma. O único caminho para constituir uma sociedade realmente baseada na solidariedade e no respeito à todos os brasileiros. Precisamos construir um pacto social para isso, baseado num tripé. O início tem que ser pelo Estado, nos seus três níveis. Nesse caso, não é admissível dubiedades em políticas ou em discursos que marquem diferenças ou que incitem o ódio. O segundo passo são os gestores e profissionais de saúde. Cabem a eles o papel da promoção e do cuidado da saúde, que não é possível de ser realizado com mínimas atitudes de estigma. Treinamento e responsabilização serão ferramentas importantes nesse sentido. E o terceiro passo é a sociedade civil. Ela deve ter condições e ser instrumentalizada para, com autonomia, fiscalizar, monitorar, denunciar e acompanhar toda e qualquer situação de estigma.”

Vinícius Bergamim, HEAD da GSK na área de HIV: “A pesquisa traz à tona a importância de nos mantermos sempre vigilantes na luta contra o preconceito. Apesar dos avanços no tratamento da aids, com o aumento da qualidade de vida para as pessoas que vivem com HIV, o percentual de 64% dos entrevistados já terem sofrido discriminação após o diagnóstico da doença mostra o quanto precisamos avançar. Acreditamos que apoiar a disseminação de informação de qualidade e adequada aos diferentes públicos é o caminho para desconstruir o preconceito, que, muitas vezes, nasce do desconhecimento. Em nossa jornada na busca constante por soluções para melhorar a vida das pessoas vivendo com HIV, temos ido além da pesquisa e da inovação, também procuramos fortalecer parcerias e potencializar ações que colaborem para o empoderamento de pessoas vivendo com HIV. Nossa mais recente iniciativa foi o lançamento da campanha Abrace a Positividade, que visa, justamente, combater o preconceito por meio de vídeos e de um website com informações sobre a doença. Outros exemplos de campanhas de conscientização foram o Match de Reponsa, um movimento nas redes sociais que tinha o intuito de desmistificar diversas questões em torno do tema HIV; e Teste na Testa, que tinha como objetivo incentivar jovens a criarem o hábito da realização do teste para HIV regularmente. Para o público jovem, temos utilizado a arte como instrumento de transformação, por meio do projeto Atitude Positiva, que promove o debate com alunos de escolas públicas de temas como gravidez na adolescência, ISTs, HIV/aids, violência e diversidade. Inovar nas formas de comunicar também é nosso desafio.”

Pedro Chequer, ex- diretor do Departamento Nacional, ex-diretor do Unaids em Moçambique, Brasil, Argentina e Rússia: “Apesar dos avanços obtidos ao longo de décadas, o preconceito em relação ao HIV ainda perdura em todo o mundo, em maior ou menor grau e o Brasil não é exceção, conforme revela recente pesquisa conduzida pelo UNAIDS. Em 2014 foi sancionada a LEI Nº 12.984, que “define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids” e o torna passível de punição com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Em que pese a importância da legislação, ela por si só não é capaz de estabelecer um novo parâmetro de comportamento, atitudes e práticas. Dada a evolução do tratamento, parte do preconceito deveria ter sido reduzido tendo em vista a nova condição do paciente sob tratamento regular, do ponto de vista epidemiológico, todavia não houve grande impacto nesse sentido. O preconceito perdura, não apenas pelo HIV isoladamente, mas acima de tudo pela carga de preconceito que recai sobre determinados segmentos sociais mais vulneráveis e sob maior risco da infecção. Logo, a redução deste depende fundamentalmente de ações que visem a promoção de norma social que não tolere o estigma e discriminação de qualquer natureza e particularmente desses segmentos. E isto só é possível a partir da educação desde a infância, no núcleo familiar, na igreja e na escola. Os retrocessos verificados desde 2012, fruto de agenda não fundamentada cientificamente, que perduram e eventualmente são ampliados, põem em risco a existência dessa nova norma social e de um cenário de respeito e acolhimento das diferenças e diversidades.”

Regiane Garcia, psicóloga e sexóloga do Instituto Cultural Barong: “Uma das formas de diminuir o estigma é informação. É cada vez mais informação do que é o HIV. Tivemos experiências de palestras onde vemos que os jovens não sabem o básico sobre o vírus. Então para desconstruir esse conceito da discriminação são informações básicas sobre o vírus e educação sexual desde sempre. Esse é um dos caminhos para a gente cuidar para que o estigma seja diminuído cada vez mais.”

Adriana Bertini, artista plástica: “O primeiro passo é se educar e educar o outro, em uma educação de pares. O segundo seria reconhecer quando se sente estigmatizado. E o terceiro passo seria se empoderar de conhecimentos sobre direitos humanos para quando acontecer esse fato, a pessoa ter informação para recorrer e responder à altura. Toda vez que a aids foi derrotada foi por causa da confiança, da abertura do diálogo entre as pessoas, do apoio à família, da perseverança, do apoio de amigos, e isso é fundamental para combater estigma e discriminação.”

mRedação da Agência de Notícias da Aids 

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