Warning: Use of undefined constant php - assumed 'php' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/storage/d/d2/36/abianovo/public_html/site/hshjovem/wp-content/themes/ultrabootstrap/header.php on line 108

Especialistas criticam abordagem em campanha contra gravidez na adolescência


O governo lançou nesta segunda-feira (3) uma campanha que pede que jovens busquem informações e “reflexão” como forma de prevenir a gravidez na adolescência. O material, porém, não cita preservativos e outros métodos de prevenção. Embora não traga uma mensagem explícita a favor da abstinência sexual, a estratégia foi definida pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, como o “start” de um plano a favor desse modelo, a ser lançado em parceria com as pastas da Saúde e Educação.

Na opinião da especialista Edna Kahhale, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo e coordenadora do LESSEX (Laboratório de Estudos de Saúde e Sexualidade) na PUC, “a campanha deveria orientar sobre o corpo, auto conhecimento e auto cuidado. E discutir sexualidade na sua dimensão mais ampla do que relação genital!”

Edna acredita que “a gravidez na adolescência está associada à falta de políticas para juventude; falta de acesso à educação, aos equipamentos de saúde e falta de projetos de vida e projetos de inserção profissional. Não é à toa que a maior incidência ocorre em jovens que estão fora da escola e a maternidade é uma forma de se inserir no mundo adulto.”

“A campanha deveria propiciar conhecimento, auto conhecimento e reflexão. Além de formação para os educadores poderem refletir junto com os jovens e não ter um caráter moralista”, finalizou.

Foram feitos vídeos e materiais informativos com o mote de “adolescência primeiro, gravidez depois”. “Gravidez não combina com adolescência e traz consequências para a vida toda. Informe-se, reflita, converse com sua família”, diz o vídeo que fará parte da estratégia, a ser veiculado em TV, outdoor e internet.

Em seguida, o material recomenda aos jovens que “planejem seu futuro e procurem orientações em uma unidade de saúde”. O material, assim, não aborda diretamente métodos de prevenção tradicionais, como a camisinha, deixando a informação para a rede de saúde. Ao fundo, aparecem imagens de jovens em situações como encontros de amigos, esporte e formatura, com a hashtag #tudotemseutempo.

Maria Luiza Eluf, especialista em educação sexual e reprodutiva, considera válida a campanha para postegar a gravidez na adolescência, mas não expressa a realidade. “O governo quer atingir as meninas, mas precisamos também abordar a temática com os meninos, os jovens em geral. Não é apenas a mulher que engravida e tem filhos, é a adolescente, é a pré-adolescente. Temos altos índices de crianças com sífilis geradas por meninas que aos 12 anos têm uma atividade sexual intensa, e isso pode ser visto facilmente no Nordeste, no interior da Bahia, Pernambuco, no Ceará. E o resultado são crianças que nascem doentes e cegas.”

Ela defendeu a educação e a prevenção como itens essenciais na mudança de comportamento. “Ouvi o Ministro da Saúde dizer que essa campanha não se encerra por aqui, está sendo criado um projeto para abordar a educação sexual nas escolas. Trabalho há mais de 40 anos neste campo e me sento esperançosa. A gente espera que aconteçam ações sérias e profundas de educação e prevenção em saúde com foco nos adolescentes.”

Segundo o governo, a medida é o primeiro passo de um plano nacional de prevenção ao sexo precoce hoje em fase de elaboração, o qual deve incluir a defesa de que jovens adiem o início das relações sexuais. Entre as ações que estão sendo planejadas, estão cartilhas para serem distribuídas nas escolas e propostas de músicas que “não cantem só a exaltação do sexo para as novinhas.”

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que o Brasil registra cerca de 434 mil casos de gravidez na adolescência a cada ano, ou cerca de 930 por dia.

Fonte: Agência de Notícias da AIDS

%d blogueiros gostam disto: