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Entenda como a sorofobia afeta o relacionamento de uma pessoa soropositiva e conheça formas de se fazer sexo seguro


A epidemia de Aids na década de 80 não fez apenas o mundo prestar mais atenção no HIV, o vírus que pode levar à essa infecção viral, mas fez também surgir um estigma e uma discriminação que existem até os dias de hoje.

Atualmente, quem tem HIV e faz o tratamento correto, com o uso de medicamentos antirretrovirais, consegue chegar a um nível de carga viral indetectável. Sendo assim, pode levar uma vida como a de qualquer outra pessoa – e o melhor, sem transmitir o vírus nem mesmo para os parceiros sexuais. Porém, a chamada “ sorofobia ”, como explica o infectologista Ricardo Vasconcelos, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), faz com que muita gente ainda encare o HIV hoje como a epidemia do passado.

“O sentimento negativo que existe ainda vem muito do período em que ter o vírus era igual a ter Aids, ficar doente e morrer. Existe muito julgamento em cima da pessoa com o vírus: todo mundo é promíscuo, todo mundo é gay, todo mundo faz programa. Mas estamos em um momento em que uma pessoa que se trata não fica doente e não transmite o vírus”. O preconceito faz com que muitos fiquem com medo até mesmo de fazer o teste para detectar o vírus, mas ele vai além disso. O infectologista Ricardo Sobhie Diaz, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), alerta que quem é diagnosticado atualmente recebe uma carga enorme: uma doença que é crônica, ter de iniciar um tratamento para ela, não saber como vai ser e o peso de contar ou não para as pessoas.

“Muita gente, baseado em todo um processo de culpa pelo fato de ser uma doença sexualmente transmissível, se pune por conta do vírus. A pessoa passa a abolir a vida sexual ou se automutilar, por exemplo. Quando isso acontece, algo não está certo. A pessoa está vivenciando um sofrimento muito grande, mas ninguém tem culpa de esse vírus existir.”

O HIV é um vírus que se espalha através de fluidos, como explica artigo da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS) . Ele afeta células específicas do sistema imunológico, e é por isso que, sem o tratamento correto, pode destruir essas células e tornar o organismo incapaz de lutar contra infecções e doenças, o que leva à Aids. Ainda não há uma cura, mas o vírus pode, sim, ser controlado e chegar a níveis em que não é detectável. A terapia antirretroviral não apenas prolonga expressivamente a vida de muitas pessoas infectadas e evita a Aids como também diminui as chances de transmissão. Para se ter uma ideia, Diaz afirma que em nenhum estudo feito até hoje há registros de pessoas com carga viral indetectável que tenham transmitido o vírus– mas, mesmo assim, é preciso manter o tratamento.

Qual o tratamento e as formas de prevenir o HIV?

O tratamento do HIV, com uso de medicamentos antirretrovirais, já é uma forma de prevenir a transmissão do vírus além da camisinha. O objetivo é que a pessoa chegue a um nível de carga viral indetectável. “Na verdade, a pessoa que está fazendo o tratamento é a pessoa mais segura que existe, porque se ela esta tomando o remédio não vai transmitir o vírus”, explica Vasconcelos. Mas pensando especificamente nas formas de prevenir a transmissão do vírus, há as chamadas PEP e PrEP. A PEP ( Profilaxia Pós-exposição ) é a utilização de medicamento antirretroviral após situação em que exista o risco de contato com o vírus HIV. É preciso iniciar o tratamento em até 72 horas após essa situação – mas o tratamento mais eficaz ocorre se iniciado nas duas primeiras horas após a exposição –, e ele deve ser seguido por 28 dias. A medicação age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo, como explica a Unaids .

Já a PrEP ( Profilaxia Pré-exposição ) é a utilização do medicamento antirretroviral por aquelas pessoas que não estão infectadas pelo HIV, mas se encontram em situação de elevado risco de infecção. Como o medicamento já vai estar circulando no sangue no momento do contato com o vírus, ele não vai se estabelecer no organismo. Seu uso ainda requer consulta médica a cada três meses e a realização de acompanhamento, o que inclui o teste de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. No Brasil, a PrEP passou a ser disponibilizada no SUS em dezembro no ano passado. Para saber quais serviços de saúde cadastrados no SUS oferecem a Profilaxia Pré-Exposição, basta acessar o site do “Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais”  do Ministério da Saúde.

E a camisinha… perdeu importância?

Mesmo com o avanço nos tratamentos e o surgimento da PEP e da PrEP, a camisinha continua sendo a forma mais segura de se evitar doenças sexualmente transmissíveis, lembrando que a Aids não é a única DST. “O fato de muitas pessoas terem deixado de usar o preservativo nos últimos anos aumentou o número de casos de outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis – até em pessoas que fazem a PrEP –, gonorreia e clamídia. Não tem muita mágica: se para de usar camisinha, a pessoa fica exposta a doenças”, alerta Diaz.

Por outro lado, tanto ele quanto Vasconcelos concordam que a ideia do preservativo na hora do sexo não funcionou tão bem quanto o esperado pelos especialistas do mundo todo. O problema, para Diaz, é que alterar o comportamento sexual das pessoas é algo muito difícil. Vasconcelos afirma que foi uma utopia acreditar que todas as pessoas usariam camisinha em todas as relações, mas é necessário reconhecer que ela é uma alternativa boa, então não é possível “deixá-la de lado”. “Mas só é boa para quem usa. A prevenção é uma coisa que deve ser pensada, cada um deve escolher aquela forma que vai conseguir manter e colocar em prática.”

Falar ou não falar sobre o HIV?

Mas será que quem tem o vírus tem essa obrigação de falar? Para o infectologista Diaz, não.

“O problema em falar está no preconceito e discriminação. A obrigação moral de quem tem é de não transmitir o vírus, não expor o parceiro, mas não existe a obrigação de contar – novamente, desde que não ponha a pessoa em risco”. Por outro lado, compartilhar esse tipo de informação, explica o especialista, ajuda muito quem é soropositivo a vivenciar algumas situações e a suportar até mesmo o tratamento e preconceitos.

“Esse tipo de verdade muitas vezes liberta a pessoa com HIV, mas muitas vezes também não é possível revelar, porque ela vai perceber que o parceiro vai responder com descriminação, porque é preconceituoso, mas a pessoa não quer colocar o relacionamento em risco”, completa Diaz. Sendo assim, vai de cada pessoa e de cada relacionamento contar ou não sobre a soropositividade.

 Fonte: iGay

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