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Coordenador do Projeto Diversidade Sexual Vagner de Almeida fala de sua participação no 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Saúde


Aconteceu entre os dias 26 e 30 de setembro de 2019, em João Pessoa, na Paraíba, o 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Saúde. O encontro, que foi organizado e coordenado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) teve como tema central a “Igualdade nas diferenças: enfrentamentos na construção compartilhada do bem viver e o SUS”. De acordo com os organizadores, o objetivo era promover um amplo debate sobre o valor da igualdade junto dos estudantes, professores, ativistas, gestores, pesquisadores, profissionais de saúde e outros atores sociais presentes no encontro.

Considerado por muitos como um dos mais importantes congressos do Brasil sobre a temática o evento reuniu uma delegação de cientistas e ativistas das mais variadas regiões do país. A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) foi representada por Richard Parker, diretor-presidente, Veriano Terto Jr, vice-presidente da instituição e Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, que em uma breve entrevista nos fala um pouco mais sobre as devolutivas dos ativistas, impressões consensuais e pessoais sobre o Congresso.

Projeto: Após assistir as plenárias que compuseram o Seminário ao longo desses dias para você quais os obstáculos a serem vencidos no que tange as desigualdades sociais dentro da epidemia? Em especial a que atinge os jovens que fazem parte do Projeto que você coordena dentro da ABIA.

Vagner: Uma coisa que observei nesse 8º Congresso da ABRASCO foi a inserção de muitos jovens, que estiveram presentes nas sessões e em todo o entorno do evento. Umas das observações mais fortes é que eu vejo um empobrecimento grande da capacidade de mobilidade para que jovens e estudantes possam estar presentes neste tipo de evento. Um evento que deveria chamar ou dar muito mais oportunidade para outros jovens. Eu observei que todos os jovens presentes estavam dentro das plenárias. As salas estavam muito cheias e a população era um misto de educadores, professores universitários, pesquisadores e estudantes procurando desenvolver seus temas. Mas, uma coisa que eu observei é que muitas pessoas estão até trabalhando fazendo pesquisas na Prep, na PEP, sobre gênero, sexualidade e saúde, mas os estudos estão muito fracos. O entendimento até dessas pessoas sobre a epidemia de HIV/AIDS é muito fraco. Então eu creio que existe a necessidade de retornamos nas bases o entendimento do que é a epidemia, o ensino está muito carente de conhecimento mais profundo. Observei bons professores, tendo bons argumentos principalmente quando nos reunimos com alunos da saúde pública, onde nós fomos sabatinados e compartilhamos nossas experiências e eles também compartilharam as experiências locais. Uma outra observação muito interessante por ser a ABRASCO um congresso que abrange todas as regiões do país, nem todas estavam representadas ali.

Projeto: Sobre a mesa que contou com a presença do Richard Parker, diretor-presidente da ABIA, qual a sua avaliação considerando as pautas levantadas pela mesma que tinha como tema Vulnerabilidades e Desigualdades Sociais no Contexto da Aids e Outros Adoecimentos de Longa Duração: Desafios Teóricos e Políticos no Brasil Contemporâneo”?

Vagner: Essa é uma opinião muito “vaguineriana”, muito pessoal. A mesa – como posso dizer – ela estava muito desfalcada, ela não tinha o mesmo ritmo. O professor Marcelo Castellanos da ISC/UFBA (BA) teve uns argumentos sobre vulnerabilidade muito interessante e ele se pautou muito nos infinitos textos acadêmicos do Richard Parker. A Josineide Menezes da Gestos (PE) tinha uma apresentação bem interessante, mas muito superficial sobre o lado jurídico das pessoas vivendo com HIV/ AIDS (como as pessoas são tratadas e etc), e o Richard Parker vem com o argumento interessante porque parece que ele englobou todos esses argumentos na sua fala. Ele vem contornando todos os discursos dos outros participantes da mesa. Uma coisa que achei muito interessante nessa mesa foram os questionamentos da plateia, que indagaram muito os palestrantes e isso demonstrou uma certa carência de conhecimento e isso mostra esse “gap” entre o conhecimento mais acadêmico e o conhecimento de estudante em formação acadêmica. Eram muito mais os professores falando sobre quem eles são e o que eles fazem e os alunos iam trazendo outras questões de argumentos bem interessantes. Mas, as vulnerabilidades que todas as três falas trouxeram e os argumentos do Richard foram muito bons. Porque ele descontrói um pouco essa tese de que tudo que está errado é culpa só do governo Bolsonaro, quando na verdade esse desmonte já vem ocorrendo de sistemas anteriores e só piorou nesta gestão.

Projeto: Para finalizar peço que faça uma avaliação geral sobre o evento – tanto os pontos negativos e positivos- que você observou que podem ser modificados no próximo.

Vagner: Negativas eu não tenho muito a falar eu achei que o evento foi um congresso muito interessante no sentido de ele ter sido composto com uma aparência de sociedade civil, Paulo Freire estava muito presente e isso é fantástico dado o momento que vivemos. O espaço geográfico da universidade era muito agradável, as salas e auditórios muito confortáveis. O evento em si, se eu tivesse que dá uma nota de 1 a 10 eu daria 8, e isso porque em algumas partes eu nem tive tempo de participar. Usar a Paraíba, o Nordeste, uma universidade de prestigio, um espaço ecológico muito interessante – onde eles colocaram as tendas -, os temas abordados e plenárias eu achei muito legal.

 

Texto: Jéssica Marinho

Fotos: Vagner de Almeida

 

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