Está para sair do papel um projeto de distribuição de 150 bolsas de auxílio emergencial, por três meses, para travestis e mulheres transexuais do Rio de Janeiro. Na terça-feira (9), a Defensoria Pública do estado (DPRJ) e outras entidades assinaram um termo de cooperação prevendo o pagamento dos benefícios a pessoas em situação de vulnerabilidade durante a pandemia da Covid-19.
As bolsas terão valor de R$ 200 e serão entregues por meio do “Projeto Comunidade, Presente! (TransAção)”. Para selecionar os beneficiados, foram considerados critérios de raça, prejuízo no trabalho com a pandemia ou desemprego, e local onde a pessoa vive.
Os organizadores também tentaram escolher pessoas que declararam não ter recebido outros benefícios. Isso tudo para tentar atender à parcela dessa população que está mais vulnerável, levando em conta, ainda, “a condição de saúde, baixo nível de escolaridade e a situação psicossocial”.
A iniciativa é uma parceria do Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e Direitos Homoafetivos (Nudiversis) da DPRJ com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Instituto de Estudos da Religião (ISER) e o Instituto Unibanco (IU). O pagamento das bolsas será referente aos meses de maio, junho e julho.
O Nudiversis e a Antra, por meio do Grupo Diversidade Niterói (GDN), serão os responsáveis pela elaboração do formulário de inscrição e pela apresentação dos dados das 150 pessoas que serão beneficiadas com o projeto.
Segundo a defensora pública Letícia Furtado, coordenadora do Nudiversis, o projeto vai contribuir para a sobrevivência de travestis e mulheres transexuais que são discriminadas todos os dias e, muitas vezes, têm acesso negado aos serviços prestados pelo poder público.
“Esse projeto tem grande importância, não apenas por consistir no pagamento de quantia durante o período da pandemia do novo coronavírus, bem como por apontar que o Nudiversis está caminhando corretamente ao pautar sua atividade sempre dialogando com os destinatários de sua atuação, a população LGBTI+”, afirmou a defensora.
A secretária de articulação política da Antra, Bruna Benevides, destacou que o projeto resgata e ajuda a reparar a dificuldade do Estado em dar conta das existências de determinadas parcelas da população, que na avaliação dela são invisíveis.
“O projeto contribui para a autonomia dessas pessoas, para a sua sobrevivência, para que elas possam comprar o que precisam, desejam e para que elas possam não morrer de fome. Para que elas possam ter dignidade. E contribui principalmente para que elas saibam que não estão desamparadas, que há pessoas e instituições sérias e comprometidas com o enfrentamento do racismo e da transfobia com atitudes antitransfobia”, disse.
Priscila Oliveira, gerente de projetos do ISER, ressaltou que muitas das pessoas beneficiadas pelo projeto são trabalhadoras informais e tiveram as rotinas de trabalho diretamente interrompidas pelo isolamento social. Ainda assim, não conseguiram acessar o auxílio emergencial, principalmente por questões documentais.
“Por isso o ISER direcionou a esse público o benefício que, por ser disponibilizado em dinheiro, possibilitará às beneficiadas a utilização do benefício de acordo com suas necessidades mais urgentes”, frisou.
Para Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco, contou que a instituição estruturou outras ações voltadas para diversos públicos, e comemorou a parceria dizendo que transexuais e travestis ainda não haviam sido contemplados.
“A parceria consegue contemplar um público até então não contemplado em nossa agenda, e que teve sua condição de vulnerabilidade agravada com a pandemia”, disse.
Fonte: G1