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Conheça Tibira, o coletivo de visibilidade indígena LGBTQ+


Danilo Ferreira, de 19 anos, é do povo Tupinikim, no Espírito Santo, mas mora em Brasília — Foto: Marília Marques/G1

A primeira vítima de homofobia no Brasil foi Tibira, indígena do povo Tupinambá. Em 1614, ao ser assassinado em execução pública, o caso de Tibira foi o registro de crime homofóbico mais antigo do país, e reflete a violenta imposição dos ideais cristãos na sexualidade dos povos indígenas desde a época da invasão, além de reforçar o fato de que corpos indígenas LGBT sempre existiram.

Em homenagem à sua resistência e história surge o Coletivo Tibira, a primeira mídia do Brasil totalmente dedicada à pauta indígena LGBT. Composto por jovens de diversas etnias, como Tuxá, Boe Bororo, Guajajara, Tupinikim e Terena, o Coletivo Tibira buscar dar visibilidade às narrativas de indígenas gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros.
Tendo em vista a realidade do Brasil, — o país que mais mata pessoas trans no mundo e registra uma morte por homofobia a cada 23 horas — falar da existência de corpos indígenas LGBT é falar de sobrevivência.“Um dos objetivos do nosso projeto é tornar mais visível a questão da sexualidade no contexto indígena, porque a falta de representatividade faz a gente se sentir estranho e errado. Mostrar para os indígenas que a gente existe é fundamental para que ninguém se sinta desencaixado”, explica o integrante do Coletivo Tibira, Danilo Tupinikim, em entrevista a Hysteria.

A presença do preconceito dentro e fora das comunidades e a ausência de um espaço seguro e acolhedor está diretamente ligada aos casos de homicídio e suicídio da juventude indígena LGBT. Apesar de dados comprovarem que a taxa de suicídio entre jovens indígenas é três vezes superior à média nacional, ainda não há uma contagem que indica ou específica a presença de indígenas gays, lésbicas, bi ou trans. Neimar Kiga, indígena do povo Boe Bororo e integrante do Coletivo, menciona sobre essa realidade. “Sempre existiram LGBTs indígenas e temos até muitos relatos de suicídio ligado à dificuldade de lidar com o assunto. Hoje, tem gente dando a cara a tapa para levantar essa discussão tão importante”, explica, também em entrevista a Hysteria.

A representatividade e o impulsionamento de discussões relacionadas essas pautas, dentro e fora das aldeias, se tornam necessárias para romper estereótipos, acabar com o preconceito e garantir a auto-estima e auto-aceitação da juventude indígena LGBT.

Fonte: Visibilidade Indígena

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