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Como se assumir gay na adolescência? História de Santiago na “Malhação” inspira


Reprodução/Globo

A adolescência costuma ser uma fase de muitas descobertas e a questão da sexualidade passa a ter muita importância. Assim como o Santiago, personagem vivido pelo ator Giovanni Dopico em “ Malhação – Vidas Brasileiras ”, é extremamente comum jovens homossexuais se sentirem confusos, com medo e encurralados por padrões sociais. Tudo isso pode gerar muitos traumas, mas o processo de como se assumir gay se tornar mais fácil com o auxilio certo.

Na novela teen, Santiago é um jovem que foge dos estereótipos que geralmente são atribuídos aos homossexuais, ele joga bola, não tem “trejeitos” femininos e costumava ser cercado de meninas interessadas nele. Entretanto, o jovem começou a se sentir confuso com sua sexualidade e, através de cartas anônimas, conseguiu conversar sobre seus sentimentos e sobre  como se assumir gay com o bem resolvido Michael (Pedro Vinícius) e eles acabaram se apaixonando.

“Está sendo um grande desafio, no meu primeiro trabalho, falar de um assunto tão importante a ser tratado. Fico feliz em saber que estou ajudando muitas pessoas com meu trabalho, é gratificante. A repercussão está muito boa! Há várias pessoas elogiando e curtindo. Fico feliz porque recebo muitas mensagens de pessoas dizendo que a história do Santiago mudou a vida delas”, afirma Giovanni ao iGay .

O ator conta que nunca teve um contato tão próximo com o tema e poder sentir na pele como foi agoniante para o Santiago entender o que sente foi algo enriquecedor como profissional e como pessoa. “Foi uma experiência marcante, ver todos os conflitos, medos, inseguranças que meu personagem passou. Eu acho isso é o mais interessante do meu ofício, viver coisas que eu talvez jamais imaginei que viveria.”

De acordo com a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Patrícia Cavalari Nardi, ser jovem já é um desafio por si só, por isso, se sentir confuso sobre questões pessoais é algo muito comum nessa fase e, sem dúvidas, a questão da sexualidade começa a se intensificar. Cada jovem tem sua história e um processo de aceitação diferente, mas a maioria costuma sofrer nessa descoberta da orientação sexual e do gênero e isso acaba se misturando com outros desafios dessa fase da vida.

“Podemos dizer que o sofrimento acontece por uma somatória de fatores que vão desde padrões sociais, familiares e religiosos até questões da maturidade psicológica, biológica e cognitiva”, explica a especialista. Nessa fase, também é comum surgir aquele medo do futuro e diversos questionamentos começam a assombrar quem está nesse processo de como se assumir gay. Será que vou ser aceito? Como minha família vai reagir? Será que vou sofrer mais bullying na escola?

Toda essa fase pode ser bastante complicada. “Muitos jovens procuram terapeutas para tentar se ‘curar’ daquilo que sentem.

O CRT (Conselho Regional de Terapeutas) é totalmente contra a isso e considera falta de ética do psicólogo que oferece uma ‘cura gay’, tornando a situação muito problemática”, alerta o mestre e doutor em psicologia Yuri Busin.

O profissional ressalta que nesse processo de como se assumir gay é importante contar com o auxílio de um especialista, mas é preciso ter claro que o papel do psicólogo não é “curar”, mas, sim, ajudar na descoberta e aceitação para o jovem compreender que o que ele sente não é errado. “Os adolescentes ficam confusos porque não possuem informações suficientes para entender que ser gay é extremamente normal”, diz Yuri.

Os padrões sociais, que são cercados por preconceitos, pode fazer o jovem se sentir oprimido. Quem está passando por isso costuma ter uma sensação de que está fazendo algo errado, de que não é incluído, de que não será aceito ao se assumir e isso fez com que o adolescente reprima sua sexualidade causando muitas sequelas psicológicas.

“Para evitar o sofrimento, muitos jovens tentam se adaptar e se encaixar em um grupo, mas o que ele não percebe é que essas atitudes geram o contrário, ou seja, ele acaba tendo um sofrimento ainda maior, porque não tem liberdade e vive refém de uma mentira”, fala Yuri que, assim como Patrícia, acredita que a melhor alternativa é sempre ser sincero consigo mesmo.

Como se assumir gay

Na “Malhação”, o Santiago precisou passar por um processo de aceitação para entender o que sentia e essa etapa costuma ser lenta porque geralmente não é fácil se abrir com outras pessoas. Se você está passando por isso, saiba que há uma saída e os especialistas dão dicas do que pode te ajudar a se aceitar e a saber como se assumir gay:

  • Por mais que se assumir seja importante, não se sinta pressionado, cada um tem seu tempo. A autoaceitação e o autoconhecimento são processos muito individuais e não devem ser impostos;
  • Tenha claro que esse é um processo de descoberta, então não ache que só porque você ficou com alguém do sexo oposto para ver se sentia algo você conseguirá viver um relacionamento de fachada. Respeite seus sentimentos;
  • Os medos e as preocupações existem (infelizmente, é normal) e buscar uma psicoterapia pode ser um ótimo passo para aprender a lidar com medos, preocupações, julgamentos e, principalmente , com a autoaceitação de ser quem realmente é;
  • Não guarde tudo para você, divida o que sente com amigos e familiares que você acredita que te darão apoio, se não você ficará sufocado em guardar tudo para si. Lembre-se que o Santiago só conseguiu enfrentar seus medos e dúvidas depois que começou a expor seus sentimentos para o Michael;
  • Todos sempre buscam se livrar de amarras, sofrimentos e coisas do tipo para se sentir cada vez melhor e evoluir. Sim, é injusto só os gays terem que se assumir, mas se livrar dessa amarra pode tirará um peso imenso de suas costas e ajudar você a ficar bem consigo mesmo e ter uma grande evolução pessoal.

O que impede muita gente de gritar para o mundo que é gay é o receio de sofrer preconceito, seja em casa ou na rua. É claro que o preconceito existe, não dá para mascarar isso, mas também há o conflito interno.

“Se assumir para os outros também está relacionado a se assumir para si mesmo. Quando escutamos relatos de homossexuais, eles sempre começam pelo mesmo ponto em comum: falando que precisaram aceitar que são gays e, por conta disso, não conseguem lidar com todas as dificuldades e medos que sabemos que existem”, fala Patrícia.

A importância da família nesse processo

A família é uma base importante para qualquer pessoa, por isso, ela é fundamental nesse processo de aceitação. Patrícia fala que os familiares precisam oferecer apoio e demostrar que sentem um amor incondicional. Entretanto, nem sempre os pais e outras pessoas próximas recebem bem essa notícia (mais uma vez por influência dos preconceitos gerados pelos padrões sociais).

“A dica para os pais que estão enfrentando dificuldades em entender e aceitar a orientação sexual ou de gênero do filho é procurar ajuda de um psicólogo. Assim ele poderá compreender melhor o que está sentindo com esta notícia, suas preocupações, a dificuldade em aceitar e compreender, além desenvolver empatia e aceitação”, afirma Patrícia.

Conforme explica Yuir, saber como se assumir gay para a família não é algo fácil para um jovem e quando esse dia chegar é importante os pais terem claro que isso é algo do filho e não deles, então tentar impor uma postura conservadora e cheia de preconceito só vai afastar e gerar mais problemas psicológicos no jovem.

Na “Malhação”, por exemplo, o Michael tem uma relação muito próxima com a mãe e possui amigos que o apoiam e a novela fez questão de mostrar o quanto isso foi importante para ele enfrentar bullying, agressão física e também a paixão por Santiago. Tudo foi mais fácil simplesmente porque ele foi acolhido.

O papel da escola 

Além da família, a escola também tem papel fundamental nesse processo de como se assumir gay, pois é nesse local que o jovem tem um convívio social com outras pessoas da sua idade e, se não houver uma supervisão, o bullying pode se tornar frequente. A instituição de ensino tem o dever de promover o respeito à diversidade, aos direitos humanos e as individualidades.

“Acredito que a escola tem o poder de mudar a forma como vemos este padrão heteronormativo para uma visão que represente a diversidade das relações humanas, e principalmente, o respeito a elas, assim os jovens não vão sofre imaginando como se assumir gay”, expõe a psicóloga.

Yuri acrescenta que a orientação sobre a diversidade deve começar cedo para evitar os casos de bullying. “É preciso ensinar as crianças porque elas nascem como uma lousa em branco e conforme vão crescendo vão recebendo informações e aprendendo. Quando pequenas, elas não entendem muitas coisas e acabam replicando o preconceito sem saber o sofrimento que causa no outro.”

Representatividade na televisão

Depois que Santiago descobriu que era com Michael com quem ele trocava as cartas, eles engataram em um relacionamento e, depois de 23 anos no ar, aconteceu o primeiro beijo gay entre dois meninos na “Malhação”. “Eu me sinto privilegiado de protagonizar esse momento. Acho um passo importante para a sociedade e é isso que a ‘Malhação’ está mostrando: naturalidade, diversidade e respeito”, afirma Giovanni.

O interessante é que, nas últimas novelas, o beijo gay está se tornando mais frequente e as histórias de amor estão sendo tratadas com mais naturalidade e não de forma caricata ou velada. Um bom exemplo foi a doce forma como a história de Luccino (Juliano Laham) e Otávio (Pedro Henrique Müller) foi contada em “Orgulho e Paixão”, novela que antecedeu “Espelhos da Vida”.

“Ainda hoje as novelas, séries e filmes tem um impacto muito grande na sociedade e tratar a homossexualidade com naturalidade ajuda as pessoas a compreenderem que é algo normal porque literalmente é. Apesar de muitas pessoas criticarem, isso leva um novo olhar para a sociedade de algo que já deveria ser natural. Muitas situações são tratadas de forma caricata, velada ou ignorada, por isso, é importante para abrir portas”, relata Yuri.

Patrícia concorda com a importância dessa representatividade na televisão. “Quanto mais real melhor para a identificação do público homossexual e também para a educação da população em geral. O jovem que não sabe como se assumir gay pode ver sua história sendo contada de forma real e isso dá a possibilidade de identificação com a história e ajuda a avaliar formas de lidar com o problema e a reação das pessoas frente a este problema”, conclui.

Fonte: iGay

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