Você se preocupa em pegar uma DST durante o sexo? Se você é mulher e heterossexual, talvez a sua preocupação primordial seja a gravidez – e como evitá-la. Mas se você é mulher, homossexual, e gravidez não é uma questão para você… Esse assunto passa pela sua cabeça? O que queremos dizer com isso é: você pensa na transmissão de DSTs durante o sexo lésbico?
De acordo com Yara Leitão, ginecologista do Centro de Estudos de Pesquisa da Mulher (CEPEM), o cuidado em relação às doenças sexualmente transmissíveis deve ser constante e de todos, qualquer que seja o gênero ou o tipo de relacionamento que você mantém.
Isso porque a maioria das ações voltadas ao controle de DSTs é focada nos homens – principalmente por conta da transmissão da AIDS, que teve um aumento de 700% nos casos entre jovens de 15 a 24 anos últimos dez anos, de acordo com o Boletim Epidemológico do HIV AIDS.
O motivo? Muitos dizem que é a falta de informação, refletida em números. Basicamente, a população brasileira baixou a guarda quando o assunto é a proteção na hora do sexo, o que implica em epidemias de doenças como gonorréia e sífilis – que também viu um aumento de 600% nos casos registrados pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, entre 2007 e 2013.
Como acontece a transmissão de DSTs no relacionamento entre mulheres?
De acordo com Yara, a regra de transmissão é a mesma independentemente do sexo das pessoas envolvidas: uma pessoa infectada transmite a doença para a outra através do ato sexual. Entre duas mulheres, isso não é diferente: “Todas essas DSTs são decorrentes do contato de uma vulva infectada com outra vulva”.
Segundo ela, em relacionamentos lésbicos, o mais comum é a transmissão de herpes simples, HPV e o próprio sífilis – muito em decorrência da falta de opções de proteção para o ato sexual. Para os homens, a camisinha não só é um método comum, barato e de fácil acesso, como também é amplamente difundido e até distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde em alguns casos, como o Carnaval.
Aliás, essa falta de conscientização também colabora para a disseminação dessas doenças. “A falta de informação é uma barreira a partir do momento que muitas ainda não sabem que as DSTs podem ser transmitidas durante o sexo entre mulheres. É preciso reforçar essa conscientização e, principalmente, incentivar os exames de rotina”.
DST: como saber se tem?
Identificar uma DST não é tão difícil assim. De acordo com a ginecologista, essas doenças têm sintomas facilmente perceptíveis a olho nu, pelo toque ou durante os exames rotineiros. Pequenas feridas na vulva indicam herpes. Já lesões na região podem indicar um HPV, sífilis ou gonorréia.
Como se proteger durante o sexo lésbico?
Como disse Yara, não existe no mercado um método de proteção feminino tão eficiente quanto o masculino. É por isso que os exames de rotina ganham importância, já que são a forma mais eficiente de conter o contágio, reverter os sintomas e evitar que essas doenças se agravem.
“Em caso de relacionamentos entre mulheres, o cuidado se reforça porque esses exames se apresentam como principal forma de avaliação da saúde ginecológica e detecção precoce de DSTs”, explica ela.
Por isso, vale a pena seguir a lista abaixo, periodicamente:
- Consulta ginecológica regular para acompanhamento (anualmente ou a cada seis meses);
- Exame de colpocitologia oncótica (papanicolau) para análise da natureza das células – e, eventualmente, detectar a presença de alterações (principalmente HPV);
- Sorologia para hepatite B e C;
- Sorologia para sífilis;
- Vacina para HPV.
Segundo a médica, se o casal estiver em um relacionamento fechado e mantiver a frequência de exames e consultas ginecológicas, a possibilidade de contaminação e transmissão é praticamente zero.
Ah, e não esqueça dos acessórios. Caso seja comum o uso de brinquedos ou acessórios eróticos durante o sexo, o ideal é que eles sejam higienizados imediatamente depois do ato. Lave-os com água e sabão e use um algodão embebido em álcool 70% para garantir.
*DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) foi o termo utilizado pelo veículo para falar do tema. Entretanto, segundo postura do Ministério da Saúde, hoje em dia adota-se a sigla IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.
Fonte: Yahoo Notícias