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Com foco em Gays e HSH, Oficina discute formas de comunicação sobre PrEP em Brasília. Projeto Diversidade Sexual esteve presente


Foi realizado na última sexta-feira (16), em Brasília (DF), por iniciativa do Departamento de Prevenção e Controle das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde, a Oficina de Comunicação sobre PrEP com foco em Gays e outros HSH (Homens que fazem Sexo com outros Homens).

Com a presença de 25 jovens de diversas regiões e estados brasileiros, em sua maioria usuários da Profilaxia pré-exposição (PrEP), mas também não usuários e outras lideranças juvenis que se mobilizam dentro da temática em questão, a Oficina teve como objetivo encontrar novas formas de potencializar e ampliar a PrEP, para populações vulneráveis ainda não alcançadas, a partir da comunicação e também debater seus desafios como política pública. O Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) esteve representado pelo assistente de projetos Jean Pierry Oliveira.

A Implementaççao da PrEP no contexto da Prevenção Combinada

O primeiro tópico do dia foi apresentado pelo médico infectologista Ricardo “Rico” Vasconcelos, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que deliberou sobre o eixo “A Implementação da PrEP no contexto da Prevenção Combinada”. Com números e gráficos reunidos em slides apontando o aumento de novos casos de infecção pelo HIV a cada ano, o profissional reforçou a necessidade de se trabalhar a prevenção como ferramenta. “Temos quase 900 mil pessoas com HIV no Brasil. Se na população em geral a prevalência de HIV estabilizou-se ao longo de alguns anos, entre gays e mulheres trans e travestis esses números aceleraram. Um a cada quatro homossexual em São Paulo tá infectado.”, revela ele. E completou: “devemos nos atentar para os jovens de 15 a 24 anos e população trans, pois verifica-se que o grande problema é a prevenção. Existem diversas formas de prevenção, mas os jovens não utilizam, contraindo não somente o HIV como outras IST. As pessoas trans também estão vulneráveis, pois se expõem ao risco diariamente. Por isso esses grupos são os prioritários para novas ações e esforços no combate à epidemia”, afirma.

Dentro dessa perspectiva nasce a Prevenção Combinada: uma série de opções e ferramentas biomédicas, comportamentais e estruturais que aliadas ao uso do preservativo reforça a segurança frente ao HIV e a AIDS. Tais como: PrEP, PEP (Profilaxia pós-exposição), circuncisão, Tratamento como Prevenção, camisinha (feminina e masculina). “Saber que a camisinha protege contra o HIV, sabemos. Mas dizer que basta a pessoa usar para não se infectar, na prática, não funciona mais. A camisinha fica no bolso. Por isso é importantes oferecermos uma nova opção para o indivíduo escolher, como estratégia de prevenção. É aí que entra a PrEP”, explica Vasconcelos.

Ele porém ressalta que “a Profilaxia pré-exposição é como a camisinha: só vai funcionar se você usar corretamente. Então, a adesão é muito importante porque é ela que fará a diferença no seu tratamento. Alguns médicos se frustram porque vêem que a adesão tem que ser 100% e é a saída para tudo. Porém, se é necessário a adesão, natural então que o usuário tenha a autonomia de escolher como administrar sua medicação”, observa.

PrEP Brasil

Algumas das apreensões e resultados obtidos por meio do PrEP Brasil, estudo de cárater demonstrativo, que tinha como objetivo avaliar a aceitação, a viabilidade e a melhor forma de oferecer a PrEP à população brasileira como prevenção ao HIV foram as seguintes:

  • 450 HSH acompanhados;
  • Participantes dos estados de RJ, SP, RS e AM;
  • 29 anos – média de idade;
  • 56,2 % de participantes não brancos;
  • 63,4% tinha 12 anos ou mais de estudo;
  • 95,3% eram HSH e 4,7% Trans/Travesti.

Isso permitiu aos pesquisadores por detrás do estudo chegarem a algumas conclusões, tais como:

  • Existe alto interesse no uso da PrEP entre HSH e Trans/Travesti;
  • Interesse maior em PrEP do que em camisinha;
  • Aumentar o interesse para pessoas que ainda não conhecem a PrEP, como os mais jovens e menos escolarizados;
  • No Brasil, a PrEP teve interesse grande e captação alta.

PrEP no SUS

Todos esses apontamentos anteriores fomentaram condições para que a PrEP começasse a ser incorporada no SUS (Sistema Único de Saúde), como já está desde dezembro de 2017. Mas, para manter um controle e acompanhamento do método, o público chave e alguns critérios foram estabelecidos quanto à sua indicação. São eles:

  • Gays e homens HSH;
  • Pessoas Trans/Travesti;
  • Trabalhadorxs do Sexo;
  • Parcerias Sorodiferentes (quando um tem o HIV e o outro não).

E os critérios de uso para indivíduos dos perfis elencados acima devem seguir as recomendações:

  • Relação sexual anal (receptiva ou insertiva) ou vaginal, sem uso de preservativo nos últimos 6 meses;
  • Episódios recorrentes de IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis);
  • Uso repetido de PEP;
  • Relação sexual anal ou vaginal com uma pessoa infectada pelo HIV sem preservativo. 

Ações de Comunicação com Foco em PrEP

O segundo momento da manhã de atividades da Oficina teve como foco versar sobre Ações de Comunicação em PrEP. O objetivo foi identificar pontos positivos e negativos sobre a linguagem utilizada para falar do método, com vistas à ampliação do seu alcance para as populações que ainda não obtiveram conhecimento – e empoderamento – sobre a mesma. Especialmente no que tange as subjetividades e interseccionalidades dos indivíduos como gênero, raça/cor, escolaridade, regionalidade etc. Ferramentas para isso são diversas: corpo, internet e mídias sociais, TV e rádio, cartazes, imprensa, parceiros. Mas de que maneira utilizá-las para alcançar o objetivo – e o público – desejado?

“Campanha de massa é coisa do passado. Preciso da TV e da rádio, mas se não tiver essa relação de um para um a coisa não acontece. A coisa está numa velocidade muito grande e ficar preso num só tipo de mensagem e canal não vai fazer mais sucesso e efeito”, explicou Alexandre Magno, jornalista e um dos responsáveis pela comunicação junto ao Departamento. Para reforçcar sua mensagem o comunicador utilizou-se da Teoria da Comunicação e seus conceitos de emissão, recepção, codificação, decodificação e ruídos/bloqueios para ilustrar com mais clareza suas ideias.

Já durante seu momento de fala, Salete Saionara, da ASCOM do DIAHV trouxe a linguagem como cerne de uma ação efetiva de comunicação. A horizontalidade, segundo ela, “é fundamental para buscarmos entendimento. E essa Oficina é para isso, para tentarmos falar de PrEP e prevenção combinada com quem ainda não conhece seu significado”, afirmou ela. Através de slides, perpassou por algumas campanhas e inserç]oes já realizadas em Comunicação com foco no HIV/AIDS, PrEP e populações chaves. Redes sociais, linguagem entre pares, ações direcionadas em locais estratégicos de circulação de cada população, materiais informativos, cartazes etc foram algumas das iniciativas já postas em prática.

Identificando linguagens e estratégias para engajar Gays e HSH

Durante a tarde, o foco da Oficina teve como objetivo trabalhar a partir das problemáticas, desafios e estratégias para informar e engajar gays e outros HSH sobre a PrEP. Para dinamizar, os jovens foram estimulados a opinarem sobre o que esperavam da comunicação do DIAHV enquanto instância de governo responsável pela aplicação de políticas públicas.

Em seguida, outras dinâmicas foram realizadas como atividades. Numa delas os participantes foram separados em quatro duplas e cada uma delas tinha que encenar uma situação do cotidiano relacionado à PrEP. E já no último momento do dia, divididos em quatro grupos mistos, os participantes tiveram como missão fomentar novas formas de atuação comunicacionais que possam popularizar a PrEP para outros públicos.

Criativos, cada grupo trouxe uma proposta inovadora. Da criação de um aplicativo para falar sobre a profilaxia pré-exposição com o uso de linguagens como o pajubá (dialeto utilizado por travestis e homossexuais), passando pela possibilidade de parcerias com artistas de penetração e identificação com o público LGBT como intercessores de novas campanhas, até o mapeamento de coletivos e organizações da sociedade civil de territórios periféricos para articulação de capacitações etc.

Bem avaliados, cada  apresentação foi seguida de debates acerca de suas possbilidades e os mesmos serviram de subsídios para que os profissionais do DIAHV pudessem tirar subsídios para futuras ações. De maneira geral, os jovens destacaram a necessidade de uma maior representatividade de corpos, sexualidades e gêneros nas campanhas, uma linguagem mais objetiva e menos dogmática quanto ao uso da camisinha.

Para maiores informações, o site do Departamento de Prevenção e Controle das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde pode ser acessado através do link:

http://www.aids.gov.br/

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Texto: Jean Pierry Oliveira

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