O Centro de Referência LGBT de Campinas (SP) reúne cerca de 250 transexuais na fila para passar por cirurgia de mudança de sexo. A psicóloga do órgão, Bárbara Menêses, afirma que a falta de hospitais aptos a realizar o procedimento é um entrave que prejudica o acesso, o que eleva a espera para até 15 anos no caso das mulheres trans. Ela também elogiou as novas normas publicadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nesta quinta-feira (9).
O órgão é vinculado à Prefeitura de Campinas e presta atendimento aos moradores da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Segundo Bárbara, o centro encaminha os pacientes para o Ambulatório de Travestis e Transexuais da São Paulo, que programa as cirurgias no Hospital Geral de Pedreira, que fica na Vila Campo Grande, também na capital.
A espera para passar pelo procedimento alcança cinco anos no caso de homens trans. O tempo sobe para 12 a 15 anos para mulheres transexuais, afirma a psicóloga.
“Infelizmente a gente ainda tem cinco centros no país que fazem essa cirurgia. Ainda é muito pouco, então a dificuldade continua sendo o acesso a esses serviços que fazem a cirurgia de readequação porque são lugares muito cheios, filas de espera muito grandes”, avalia a psicóloga.
O acesso às terapias hormonais também é difícil na cidade, segundo a psicóloga. O Centro de Referência possui parceria apenas com o Centro de Saúde (CS) Jardim Aeroporto, que realiza o tratamento.
Alterações elogiadas
A psicóloga elogiou as mudanças publicadas nesta quinta-feira (9) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que reduziu de 21 para 18 anos a idade mínima para pacientes passarem pela mudança de sexo.
A norma também reduziu de 18 para 16 anos a idade mínima para o início de terapias hormonais e define regras para o uso de medicamentos para o bloqueio da puberdade.
“Eu acho que 18 anos é uma idade adequada, desde que ela já vivencie isso. Não é assim de uma hora pra outra. Com 16 anos a gente já decide o futuro do país, já pode votar, então acho que 18 anos é idade adequada para cirurgia sim”, argumenta Menêses.
O grande avanço da norma, segundo a psicóloga, ocorre em relação ao bloqueio da puberdade.
“Para as pessoas transexuais é importante que esse bloqueio aconteça para que ela não viva uma puberdade de um sexo biológica no qual ela não identifica e que possa viver depois uma única puberdade com essa identidade de gênero”.
A portaria do CFM estabelece que crianças ou adolescentes transgêneros devem receber tratamento de equipe multiprofissional e interdisciplinar sem nenhuma intervenção hormonal ou cirúrgica.
Identidade de gênero
Na resolução, o Conselho Federal de Medicina também reconhece as expressões identitárias relacionadas à diversidade de gênero.
Fonte: G1