O Ceará se tornou o primeiro estado brasileiro a permitir doações de sangue de homens homossexuais.
Quando tentou doar sangue, o administrador Rodrigo Benício Costa viu a iniciativa se transformar em constrangimento.
“Perguntaram também se eu era homossexual. Quando eu disse que sim, não precisava mais nem responder o questionário. Aí já foi eliminado a partir dessa minha resposta”, conta.
Uma portaria do Ministério da Saúde e uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiam a doação dos homens homossexuais com vida sexual ativa. O entendimento era de que isso aumentava a possibilidade de contágio do sangue por doenças sexualmente transmissíveis.
“Nós perguntávamos ao doador se ele tinha tido relações sexuais com homens nos últimos 12 meses. Então, se ele informasse que teve, a gente orientava para que ele tentasse doar novamente um ano depois da última relação sexual”, afirma Edivânia Ferreira, coordenadora do serviço de captação de doadores.
Em maio, o Supremo Tribunal Federal julgou esta norma inconstitucional.
O Ceará foi o primeiro estado a cumprir a decisão do STF que reconhece que não existem pessoas de risco, mas comportamentos de risco e, independentemente da orientação sexual, todos que desejem fazer, se submetem à triagem clínica habitual e poderão doar.
“É um direito constitucional que sempre foi ferido há muitos anos atrás, trazendo uma inconstitucionalidade perante a esse direito de salvar vidas, de doar sangue”, destaca Brenda Vlasaki, conselheira municipal do CMD dos Direitos LGBT de Juazeiro do Norte.
Lucineudo, casado há cinco anos com outro homem, pôde finalmente realizar o desejo de doar sangue e salvar vidas.
“Essa doação, hoje, representa um ato de luta, um resultado de muita resistência e uma luta que a gente procura uma sociedade mais igualitária e que entenda que somo iguais independente da nossa orientação sexual”, comemora Lucineudo Irineu, professor universitário e pesquisador.
Fonte: G1