Warning: Use of undefined constant php - assumed 'php' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/storage/d/d2/36/abianovo/public_html/site/hshjovem/wp-content/themes/ultrabootstrap/header.php on line 108

‘Camisinha Ainda tem Prazo de Validade’ é exibido na pré-abertura de Seminário da ABIA


O pré-lançamento do “Seminário de Capacitação em HIV: Aprimorando o Debate III” teve como ato de abertura a exibição do filme documentário “Camisinha Ainda tem Prazo de Validade. Produzido por Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual,  Saúde e Direitos entre Jovens da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), o material dialoga e enfatiza a importância do uso da camisinha para evitar as vulnerabilidades que levem ao HIV/AIDS, bem como a sua relação dentro do contexto da prevenção e o uso dela por jovens e populações mais vulneráveis.

“Esse filme representa a forma como a camisinha, o preservativo, a ‘borracha’ ou o ‘chupar bala com papel’ é (ou não) utilizado. Há séculos a camisinha existe, mas ela está datada para algumas pessoas e isso precisa ser falado”, afirmou Almeida ressaltando ainda a interface que o filme faz com o tema norteador do Aprimorando: a prevenção e os novos desafios na quarta década da epidemia. Após a exibição, recebida com entusiasmo e palmas, Almeida retomou a palavra para abrir os debates.

Debate

Um dos primeiros comentários partiu do jovem ativista Rafael Sann, da Rede de Jovens Vivendo e Convivendo com HIV de Minas Gerais, que ressaltou “o bacana de ver mulheres falando sobre o sexo, a prevenção e sobre seu prazer”. Já a professora e transexual paulista Gabriela Stefany revelou que, de fato, “não gosta de usar camisinha. Até por isso eu e meu noivo resolvemos fazer PrEP (profilaxia pré-exposição) para reforçarmos nossa prevenção”, disse.

Entretanto, o também jovem da Rede de Jovens do Espírito Santo Isaque Lima alertou para o fato de que “mesmo que seja algo acordado entre você e seu/sua parceiro/a é importante lembrar que, ainda assim, você pode se infectar. Porque você pode confiar no/a seu/sua parceiro/a, mas vocês não sabem com quem ele/ela se deitou antes de você. Então a camisinha ainda é importante”. O enfermeiro Elias Teixeira, de Ribeirão Preto (SP), gostou da forma objetiva com que se abordou o sexo e o preservativo no documentário e disse que “é muito comum a pessoa quando transa sem camisinha se achar culpada ou se auto penitenciar. Mas temos que levar em consideração que cada um gosta de fazer sexo de uma forma diferente. Então é preciso se pensar em outras formas de prevenção e redução de danos para além da camisinha”.

O discurso higienizado feito para o uso da camisinha é o que acontece, naturalmente, no dia a dia segundo a observação da enfermeira do SESC Rio chamada Susana. Segundo ela, “quando a camisinha se torna um hábito, como vimos com uma senhora no filme quando quis fazer controle de natalidade, a gente vê como naturalmente também vira hábito e dá certo”. “A gente precisa encontrar meios, palavras e caminhos para informar a maioria das pessoas sobre as novas tecnologias de prevenção e terminologias surgidas como a PEP (Profilaxia pós-exposição) e a PrEP, por exemplo”, chamou atenção Almeida diante de comentários levantados sobre o assunto.

Inclusive, sobre isso, a realidade e a complexidade geográfica determinam o alcance ou a restrição da informação e do acesso à prevenção. “Porque uma coisa é quando você fala e chega numa favela urbanizada de Ipanema e Copacabana. Outra coisa é você falar e chegar numa favela da Baixada Fluminense, há uma hora daqui (da capital)”, enfatizou o coordenador de projetos. Foi nesse momento que Almeida elogiou, mais uma vez, o caráter ousado, vanguardista e interdisciplinar da ABIA por sempre vincular seus trabalhos e ações de prevenção com os guetos e suas populações. O exemplo mais recente foi o lançamento do Guia de Sexo mais Seguro para Mulheres Travestis e Transexuais (online e impresso).

“Lançamos esse material em menos de 24 horas e já recebemos inúmeros pedidos para distribuição. Um material que mostra a importância da prevenção para esta população e que foi construída com a ajuda delas, com linguagem acessível”. Material esse que ajuda a minimizar o impacto daqueles/as que sequer tem onde procurar serviços de saúde para fazer um PrEP ou PEP, por exemplo. “Eu ouço vocês falando de fazer PrEP aqui e ali, em tais lugares e tantas horas, mas onde eu moro as pessoas perdem duas horas no ônibus só para trabalhar. E não tem nada disso. Então gostaria que pensassem sobre isso também”, desabafou Gabriela Stefany moradora de cidade de Mauá, há 26 km da capital paulista. A dificuldade de se trabalhar a camisinha com pessoas soropositivas e jovens, o conceito do indetectável = intransmissível, as falhas do SUS e a territorialização dos serviços, e o trabalho das igrejas e grupos religiosos com a temática foram outros temas discorridos no longo debate pós-filme.

“Eu agradeço muito a disposição de vocês para trocarem e compartilharem saberes, conhecimentos e informações. Essa mistura promovida pela ABIA, desde o início de sua fundação, faz com que perpassemos da academia para as comunidades bases, grupos culturais, igrejas e outros setores. Muito obrigado”, encerrou Almeida.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira

 

%d blogueiros gostam disto: