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Cada vez mais americanos acham aceitável a possibilidade de eleger um Presidente LGBTQ


No início de junho, quando o resultado de uma pesquisa da Reuters/Ipsus feita em parceria com o Williams Institute foi divulgado, uma pergunta sobre o possível apoio a um candidato gay às eleições presidenciais americanas monopolizou a atenção da mídia. Nada muito surpreendente, tendo em vista todo o falatório em torno da candidatura à presidência do prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg – se não o primeiro, pelo menos o mais bem-sucedido postulante ao cargo abertamente gay até hoje. O que surpreendeu mesmo foi o questionamento sobre a possibilidade de os eleitores apoiarem um concorrente transgênero. Essa foi a pergunta de um milhão de dólares, a que jamais se ousou fazer antes.

O resultado não foi exatamente o esperado – para o júbilo dos que anseiam por mudanças na sociedade. Mais da metade dos entrevistados (57%) disseram que o fato de um candidato ser trans não faria diferença (46%) ou seria até um motivo para elegê-lo (11%). Apenas um em cada quatro respondeu que seria “muito menos provável” votar num concorrente transgênro.

Também pela primeira vez o eleitor americano foi questionado sobre a disposição para votar em um alguém não-binário. O resultado ficou bem próximo ao dos trans: 58% de respostas positivas, sendo 10% que estariam ainda mais inclinados a votar no candidato por causa de sua sexualidade e 48% que não se deixariam influenciar por questões de gênero.

Trata-se do melhor resultado em relação à participação de minorias na disputa pelo cargo de presidente dos Estados Unidos até hoje. Uma pesquisa do Instituto Gallup de 1937 mostrou que só 33% dos entrevistados votariam em uma mulher e não mais que 46% admitiriam eleger um judeu. A disposição para levar um negro à presidência em 1958 mobilizava apenas 37% do eleitorado (era a primeira vez que o Gallup fazia a pergunta em uma pesquisa de âmbito nacional). E por incrível que pareça, em 1978, quando as doideiras da era disco criavam um clima de “liberou geral”, só 26% votariam em um homossexual. Foi a primeira vez que se colocou a pergunta para o público ianque.

Nem todas as notícias são alvissareiras para os transgêneros, porém. Um candidato trans à Casa Branca se sairia pior que outras minorias pesquisadas pela Reuters/Ipsos. Mais de 80% dos entrevistados garantiram que, se a disputa incluísse um negro ou latino, isso não faria diferença ou, pelo contrário, a candidatura pareceria até mais atraente. Cerca de dois terços mostraram apoio semelhante a um gay ou uma lésbica.

Apesar das vicissitudes, transgêneros e não-binários ficam à frente de um grupo – o de candidatos com mais de 70 anos. Apenas 52% responderam que o fato de um concorrente ter mais de 70 anos não seria relevante (42%) ou pesaria positivamente na escolha (10%). No Dia da Posse em 2020, o presidente Trump e os candidatos Sanders, Biden, Weld e Warren estarão com 70 anos ou mais.

O grau de apoio a um mandatário transgênero varia muito de acordo com o partido político, a familiaridade com a comunidade LGBTQ e outras características que moldam a opinião pública. Por exemplo, 70% dos filiados ao Partido Democrata votariam em um candidato trans e não se importariam com a identidade de gênero do concorrente. Esse percentual baixa para 60% entre os correligionários de partidos independentes e a apenas 32% entre republicanos. Dizendo de outra forma, três vezes mais republicanos (45%) afirmam que estariam muito menos dispostos a votar em um candidato trans que os democratas (15%).

Quase nove entre dez americanos LGBTQ apoiariam um candidato transgênero. Esse percentual não passa de 65% entre pessoas que têm amigos e familiares na comunidade e fica em apenas 41% entre os que não conhecem lésbicas, gays, bissexuais, trans e queers. Negros, mulheres e millennials também estão entre os que mais ajudariam a eleger um candidato trans.

As respostas às pesquisas permitem antever um futuro em que a identidade de gênero de um postulante à presidência não será importante ou será vista como um valor, como algo que acrescenta traços de caráter – como resiliência e empatia – considerados importantes em um líder, um colega de trabalho ou um amigo.

Hoje, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Partido Republicano tratam de assuntos ligados à sexualidade de uma maneira antiquada e obtusa: pessoas trans podem servir nas Forças Armadas? Devem usar um banheiro coerente com sua identidade de gênero? Elas existem mesmo? Enquanto nós não podemos, infelizmente, ignorar esses questionamentos feitos por quem está no poder, é urgente nos apropriarmos da discussão fazendo os nossos questionamentos. São as perguntas que fazemos hoje que ajudarão a moldar e determinar o nosso futuro.

Fonte: Heloísa Tolipan

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