RIO — O Brasil registrou 513 denúncias de violência contra a população LGBTI entre janeiro e junho de 2019. Os dados foram registrados pelo Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), e são os mais recentes divulgados pelo governo. O balanço do segundo semestre deste ano só será compilado em 2020.
— O Disque 100 é apenas um dos canais para trazer esses dados, ele não necessariamente reflete a realidade, porque muitas vezes as pessoas não denunciam. O decréscimo pode ser justamente por isso, porque as pessoas não denunciam por pensar que não serão respeitadas. Mas essas informações vão nos ajudar a pensar uma política pública — afirmou Marina Reidel, diretora de Promoção dos Direitos LGBT do órgão, em entrevista ao GLOBO em junho, quando o MDH divulgou os dados do Disque 100 referentes a 2018.
Neste domingo (15), a youtuber Karol Eller, conhecida por ser defensora do governo Bolsonaro, foi alvo de uma agressão que deixou seu rosto desfigurado. Segundo o colunista Leo Dias, do Jornal de Brasília, o ataque homofóbico ocorreu em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, no Rio. Karol também compartilhou mensagens de amigos próximos que sinalizavam que a agressão teria sido decorrente do fato de ela ser abertamente homossexual.
O número foi 28% menor do que o registrado no mesmo período de 2018, quando 713 casos foram computados. A quantidade de denúncias vem caindo ano após ano desde 2015. A queda, no entanto, não significa necessariamente uma redução nos índices de violência, segundo o próprio ministério. Um dos problemas nestes casos é a subnotificação das ocorrências.
Maioria das denúncias é por discriminação
Os dados do Disque 100 mostram ainda que 76,8% das denúncias foram por discriminação. Em segundo lugar, ficaram os relatos de violência psicológica, como injúria e humilhação, alcançando 58,28% dos casos. Em seguida, aparece a violência física, que corresponde a 21,25% das violações e, por último, a violência institucional, com 12,48%.
Ainda segundo o balanço produzido pelo ministério com os números do primeiro semestre de 2019, a maior parte (42,7%) das vítimas era gay. Outros 13,05% eram transexuais, enquanto 12,61% das vítimas eram lésbicas; 3,1%, eram bissexuais. A faixa etária mais atingida pelo preconceito é a de 18 a 24 anos.
Outros dados relevantes presentes no balanço do Disque 100 são o local onde a violência costuma ocorrer e a relação entre as vítimas e os agressores. Segundo o estudo, a casa da vítima é o local mais recorrente, com 28,95% dos casos, seguido pelas ruas, com 24,82% dos registros. Depois de pessoas cuja relação não foi informada (50,38%), vizinhos (16,40%) e irmãos (5,41%) são os agressores mais comuns.
Fonte: O Globo