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Atriz e roteirista trans conta sua história em filme brasileiro


Foto: Universo Produção/Leo Lara

Ao longo de uma noite de insônia, a atriz brasileira Julia Katharine conta histórias sobre sua vida no filme Lembro Mais dos Corvos. A premissa, à primeira vista simples, ganha mais e mais camadas quando Julia expõe as dificuldades de ser uma mulher transexual.

Gravado durante uma noite no apartamento da artista, o longa é uma mistura de documentário, ficção e improviso. O roteiro é da própria atriz, que escreveu o texto junto com o diretor da obra, Gustavo Vinagre.

“O processo de construção do roteiro foi muito simples, o Gustavo fez uma escaleta com os assuntos sobre a minha vida que ele gostaria que eu desenvolvesse”, disse Julia em entrevista ao Centro de Informação da ONU no Brasil (UNIC Rio). “Fizemos algumas alterações ficcionais para eu não me expor tanto, porque eu não queria causar nenhum dano às pessoas envolvidas nas histórias que eu conto.”

Uma das histórias contadas por Julia é a do abuso cometido por um tio-avô em sua infância. Apenas adulta, como descreve no filme, se deu conta de que tinha sido abusada por um pedófilo. Além disso, a atriz expõe as dificuldades de se adaptar em escolas e empregos por causa da sua identidade de gênero.

A carga emocional da atriz e o roteiro renderam a Julia o troféu Helena Ignez da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes no ano passado. O prêmio é dado a profissionais mulheres de qualquer área de um dos filmes exibidos. O longa também venceu o prêmio Jori Ivens e o prêmio do júri jovem de melhor filme na edição de 2018 do festival internacional de documentários Cinéma du Reel, em Paris. O longa participou de muitos outros festivais brasileiros e no exterior.

As conquistas de Julia ainda são exceção em um país em que transexuais são amplamente marginalizados e assassinados.

De acordo com a ONG Transgender Europe, o Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios de pessoas trans. Entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2016, 938 assassinatos foram relatados no país — o número representa 40% do total de 2.343 assassinatos notificados nas 69 nações monitoradas pela organização.

“Tenho 41 anos e a expectativa de vida de uma mulher trans ou travesti é de 35 anos. Me sinto uma sobrevivente, mas sei que vivo no país que mais mata travestis e transexuais no mundo”, disse Julia.

As sessões de Lembro Mais dos Corvos também exibem na sequência o curta Tea for Two, dirigido pela atriz. Os filmes estão em cartaz no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (RJ) e em outras cidades brasileiras.

Para o futuro, Julia planeja lançar no circuito comercial, no ano que vem, o seu primeiro filme como diretora e roteirista.

“Estamos trabalhando para mudanças e, o melhor, estamos lutando para contarmos nós mesmas, pessoas trans, as nossas histórias”, afirmou.

Fonte: ONU Brasil

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