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Ativistas apontam soluções para que pessoas transexuais sejam acolhidas por profissionais de saúde


“Dezesseis segundos: essa é a media que médicos costumam ouvir seus pacientes”, destaca a psicopedagoga Ariadne Ribeiro ao chamar atenção para a necessidade de um atendimento mais humano por parte dos profissionais de saúde. A fala aconteceu durante o XIV Curso Avançado de Patogênese do HIV. “É preciso fazer um trabalho que ajude a pessoas a terem adesão.”

Ariadne abordou os desafios de ser uma mulher mulher trans e viver com HIV há mais de 20 anos. “O sofrimento não é do outro. Ele é nosso, é cultural, é social. E faz parte do nosso trabalho desconstruir essa realidade. Não existe ainda um consenso de que a gente tem uma população específica com necessidades específicas”, disse ao relatar as dificuldades que enfrentou desde quando prestou vestibular até conseguir entrar no mercado de trabalho. “Há uma cobrança injusta sobre como uma transexual deve se portar. Como você quer que ela seja meiga e gentil sendo que ela apanha todos os dias da sociedade?”

Para Luiz Fernando Uchoa, é fundamental que locais, conferência e eventos que falam sobre transexualidade, pratiquem a representatividade, buscando sempre a presença de pessoas transexuais para abordarem os temas relacionados a essa população. “Nada sobre nós sem nós. Precisamos estar nesses lugares. Porque a maioria das pessoas trans, mesmo sabendo que são mais suscetíveis, não procuram os postos de saúde? Porque sabem que não serão bem atendidas, serão discriminadas, então ela prefere se automedicar. Além disso, indicar essas pessoas apenas para os serviços especializados é também uma forma de discriminar já que o acesso à saúde deve ser universal.”

“Para se ter uma ideia, não achei que fosse chegar aqui, porque nossa expectativa de vida é de 35 anos. Me preocupo com a representatividade porque precisamos ocupar esses locais. Desde quando entrei na universidade, e me formo este ano, ninguém me via como pertencente àquele lugar, então, precisei provar que sou capaz. É quebrar essas regras de que nós não podemos”, enfatiza a ativista Brunna Valin.

“Processo transexualizador não é só cirurgia, mas a saúde integral. Não somos só cirurgia, somos gente que sente dor, que temos necessidades e precisamos de acesso à saúde integral. Ninguém escolheu por mim, fui eu que escolhi ser ativista e estar na militância”, completa Brunna. O reconhecimento do pré nome e de seu gênero é glorioso. Porque é o momento que você se sente humano. É um processo que parece de nascimento. Tem pessoas que tem 60 anos de idade e só agora estão passando por essa conquista.”

Nesse sentido, a assistente social e ativista Raphaella Fini afirma que a conquista do nome social ainda apresenta desafios. “Essa luta para ter os documentos se arrastou por 15 anos. No entanto, esses avanços continuam não atingindo aqueles que mais precisam, porque não têm acesso à informação ou porque não tem dinheiro, por exemplo, para pagar sequer a transição do nome.”

Apesar disso, Rafhaela ressalta que o direito ao reconhecimento do nome social ainda deve ser respeitado. “Afinal, É importante que ninguém escreva por nós. Que nós mesmas podemos escrever, isso é protagonismo.”

Privilégios e racismo também entram na discussão ao se pensar as intersecções das vulnerabilidades. A publicitária e ativista Neon Cunha buscou desconstruir o olhar da medicina sobre a transexualidade. “A pretensa medicina que diz é ciência com exatidão. Exatidão? Tem coisa mais volátil que um corpo humano?”, questiona.

“Tenho 50 anos, e inúmeros trabalhos que me foram negados. Não frequento consultório porque tenho pavor dessa classe que desumaniza. Temos que trazer para o cerne da discussão, o privilégio. Há três coisas que são tóxicas na sociedade: cisgeneridade, a branquitude e a academia (dentro das universidades).”

“O que temos com o normal é a exclusão. A norma é quem exclui. No entanto, ainda assim levantamos e celebramos a vida, morte após morte. Até quando vamos aceitar nomenclaturas que não nos representam, não dizem sobre nós. Por isso, já cuido até mesmo da minha morte. Nome social , não vai em lápide. Mas me recuso a ter meu corpo violado mais uma vez.”

Para Neon, a busca da igualdade também se trata de um equívoco. “Não não quero esse lugar, não somos iguais e nem mesmo quero esse lugar de ser igual a um branco que desumaniza.”

Fonte: Agência de AIDS.

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