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ABIA reconhece pontos positivos na Campanha do Carnaval 2019, mas mantém crítica à ausência dos gays


A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) lamenta a ausência dos homossexuais e demais homens que fazem sexo com outros homens na campanha “Pare, pense e use a camisinha”, lançada pelo Ministério da Saúde para o Carnaval 2019.

A ABIA reconhece, contudo, que a campanha oferece pontos positivos na perspectiva da prevenção. Valoriza, por exemplo, o uso da camisinha – um dos mais eficazes métodos de prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Também apresenta uma nova identidade visual para a embalagem a fim de atrair maior atenção do público jovem.

Outro destaque é o slogan “Não importa se seu nome é Jennifer, João, Jéssica ou Jorge, use a camisinha”, inspirado na música “Jennifer”, de Gabriel Diniz. Após declarações de integrantes do novo governo que a educação sexual e prevenção seriam assuntos do campo privado e familiar, a ABIA recebe com satisfação uma campanha trata a sexualidade com um perfil mais aberto.

Além disso, “Pare, pense e use a camisinha” dialoga diretamente com os homens com a proposta de intensificar a consciência e o respeito deste público com o seu corpo e com o da pessoa que ama. Para a ABIA, é altamente positiva a valorização do amor e do cuidado entre a população.

No entanto, faltou o recorte conforme os públicos com maior risco de exposição ao vírus. Dados do Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS divulgado no final do ano passado, registram que as pessoas mais afetadas do sexo masculino foram os homossexuais. Em 2016, o grupo exibiu 51,7% dos casos diagnosticados e em 2017, este índice saltou para 53,6%. Já entre os heterossexuais, houve uma pequena queda no mesmo período (35,7% em 2016, e 34,1%, em 2017).

Preocupa-nos também o apagamento das demandas relacionadas às pessoas trans. No início de janeiro, a cartilha de prevenção para homens transsexuais foi retirada de circulação e só há pouco, depois de reações da sociedade civil,  voltou a estar disponível no site do Ministério da Saúde, porém sem ilustrações. E embora o Boletim Epidemiológico não inclua pessoas trans, diversas pesquisas realizadas no Brasil apontam que essa população é a mais afetada pela epidemia. É importante evitar que o silêncio venha  reforçar ainda mais os estigmas sobre esta população.

Lembramos também que a abordagem sobre a camisinha pode ser mais eficaz e obter melhores resultados se integrada à prevenção combinada – ou seja, se fizer parte de uma caixinha com várias outras ferramentas já disponíveis para a prevenção, tais como o Tratamento como Prevenção, que pode praticamente anular o risco de infecção (Indetectável = Intransmissível).

O Ministério da Saúde até menciona a Profilaxia Pós-exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-exposição (PrEP) no release de lançamento da campanha, mas deixou de dar ênfase à estas e outras metodologias na campanha em si e, com isso, ignorou o impacto positivo destas ferramentas nas abordagens comportamentais para a prevenção.

Para nós, da ABIA, ainda que esta campanha sinalize uma direção positiva e mais próxima da linguagem dos jovens, seguiremos firmes em defesa da inclusão das populações mais vulneráveis e afetadas pela epidemia de HIV e AIDS nas campanhas do Ministério da Saúde. Também não abriremos mão de continuar a exigir um tratamento da sexualidade de forma mais aberta e de lutar em defesa dos direitos sexuais, dos direitos humanos e da manutenção e expansão do acesso à prevenção combinada para toda a população brasileira.

Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2019

Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS

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