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ABIA recebe estudantxs da Universidade de Oregon dos EUA para intercâmbio visando trocar experiências sobre situação de jovens marginalizados e LGBTQs


Cinco estudantxs de Oregon State University (OSU – Universidade do Estado de Oregon) estiveram presentes na Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), de 04/12 à 07/12, sempre das 14h00 às 19h00. Marit Schmidt, Nili Yosha, Nancy Vargas, Cecília Marie Flor e Anna Swanson estudam Ciências Humanas e juntamente com o professor Jonathan Garcia reuniram-se com o diretor-presidente da ABIA, Richard Parker, o vice-presidente Veriano Terto Jr., o coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens Vagner de Almeida e seus assistentes Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho, ao longo da última semana.

O encontro teve como objetivo reunir a equipe brasileira de líderes juvenis, videomakers e especialistas em intervenção, com o projeto Outside the Frame (Fora do Quadro), que estará envolvido na adaptação da intervenção em Oregon. Com a premissa do aprofundamento na realidade de populações jovens, especialmente daqueles pertencentes as comunidades mais estigmatizadas como LGBTQs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Queer), população em situação de rua, usuários de drogas e outros socialmente isolados, para com isso identificar o potencial, a cultura, os desafios e as intervenções dos mesmos – dentro e – fora dos EUA, especialmente para devolutiva e aplicação em Portland, capital do Oregon. Esse trabalho começou desde setembro e teve como último ato de 2018 a ABIA, com a intersecção do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens.

Ao longo de uma semana, as estudantxs desenvolveram diversas atividades com foco nos seguintes desafios e intervenções:

  • Revisão da agenda e propósito do Workshop;
  • Introduções dos Participantes (ABIA-Oregon);
  • Isolamento social, Exclusão Social e marginalização de jovens LGBTQ no Brasil
  • Projeto HSH
  • Vídeos que o Projeto produziu – “Cabaret Prevenção”, “Borboletas da Vida” e “Máscaras”;
  • Fora do Quadro, trabalho apresentado pelas estudantes do Oregon – Nili Yosha e grupo

Esse momento foi importante para que as jovens americanas pudessesm compreender com mais clareza a realidade dos LGBTQ’s no Brasil por meio do ativismo cultural da ABIA, através da produção audiovisual da instituição. Cabaret Prevenção e Borboletas da Vida, de Vagner de Almeida foram os materiais exibidos. Toda a ação foi precedida e intermediada ainda por Parker com comentários acerca das dificuldades e desafios da ABIA enquanto ONG do segmento HIV/AIDS, da composição do novo governo brasileiro, da vivência homossexual no Brasil e os estigmas, preconceitos e discriminações sofridos pelos mesmos.

“Houve um período onde um escândalo acerca do chamado ‘clube do carimbo’ foi alarmado pela mídia e isso recaiu diretamente sobre homens que fazem sexo com homens e pessoas vivendo com HIV/AIDS. O estigma sempre reaparece com força em episódios como esse”, relembrou o diretor-presidente.

Projeto Homossexualidade

Imagens históricas, ousadas, realistas e contextualizadas. Foi dessa maneira que o Projeto HSH (Homens que fazem Sexo com Homens) foi evidenciado para as jovens universitárixs do Oregon. Almeida e Terto Jr. Discorreram sobre a importância de se trabalhar a sexualidade com ousadia, valorizando o sexo, a diversidade e o erotismo dentro do que tange ao HIV/AIDS, estigma e discriminação entre gays.

2º Dia

Já no segundo dia de atividades as dinâmicas giraram em torno dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo nos EUA, sobretudo com jovens marginalizados e sem-teto. Através de vídeos curtos teatralizados e/ou dramatizados, o professor Garcia e sua aluna Nili Yosha apresentaram fatos históricos e sociais que marcaram o mundo e desafiaram relações bilaterais, dentro e fora da América. Tudo isso para demonstrar como ao longo dos anos e décadas os diversos governos americanos – de Ronald Reagan até George W. Bush filho – abandonaram o espírito dos Direitos Humanos, acentuando a crise com relação as pessoas sem moradia.

Segundo Veriano Terto Jr, “isso que acontece nos EUA não é muito diferente do que assistimos no Brasil”, afirmou. E Vagner de Almeida completou: “aqui no Rio de Janeiro e outros lugares do Brasil tivemos um grande processo de gentrificação com obras como do Minha Casa Minha Vida e outras nos principais centros urbanos das capitais”. Em seguida, um pequeno material audiovisual revelou a triste realidade de jovens sem teto na cidade de Portland, no Oregon. O vício em heroína é uma das maiores dependências que acometem os indivíduos, especialmente brancos, e o uso de drogas injetáveis também os vulnerabilizam para outras incidências como a nfecção por HIV. Também foram passados documentários sobre jovens vítimas de abuso sexual e outras violências estruturais.

Teatro Expressionista

Outro destaque do segundo dia foi a atividade comandada pelo coordenador do Projeto Diversidade Sexual. Almeida convidou alguns alunos que participaram das Oficinas de Teatro Expressionista (OTE), na ABIA, e com a ajudade dos(as) mesmos(as) encenaram um ato chamado “Que Preconceito Você Trouxe Hoje?”.

O exercício simboliza o enfrentamento do estigma, da discriminação e do preconceito e dialoga com o tipo de ativismo e estudo acadêmico realizado pelas americanas em seu estado. Entretanto, as universitárixs também foram desafiadxs para lerem os cartões em português com expressões pejorativas e, assim, aprenderem novas técnicas sobre como trabalhar opressões por meio da arte cênica.

“Isso é um trabalho que traz ótimos resultados no futuro para se trabalhar com populações vulneráveis e estigmatizadas. Cada uma dessas palavras foram criadas pelo e durante o Projeto com os voluntários”, disse ele.

Dia 3

O terceiro dia de atividades iniciou-se com a temática Pedagogy and Theatre of the Opressed (Pedagogia e Teatro do Oprimido), apresentado pela universitária Nancy Vargas, doutoranda de OSU.

A jovem passeou pela história de vida e trajetória profissional do educador brasileiro Paulo Freire, responsável por uma das mais celebradas obras de Educação do mundo: Pedagogia da Opressão, de 1968. Richard Parker, após a introdução da apresentação, contextualizou as relações sociais e políticas da obra e atuação de Paulo Freire, juntamente como a de Herbert de Sousa, o Betinho, e também do difícil panorama político do Brasil no momento, onde livros e outras publicações de Freire são acusados de serem ideologicamente “marxistas ou de esquerda”.

Como a Pedagogia do Oprimido influencia intervenções com jovens no Brasil e na América Latina também foi outro importante tópico do workshop. Para isso, foi necessário debater os sistemas de opressão e seus efeitos sobre determinadas comunidades como latinos e LGBTQ, principalmente. Com base nisso, Nancy dividiu os presentes en duplas e trios para juntos responderem algumas questões opressivas.

Dia 4

No último, porém não menos importante dia de atividades, as realizações concentravam-se em finalizar o Worksheet (Planilha), com considerações e avaliações gerais acerca das técnicas e teorias que fazem parte do projeto desenvolvido na capital de Portland e a exibição de outros vídeos que demonstrava a aplicação das ações com os grupos alvos.

Além disso, a análise do contexto situacional do Oregon e do Brasil, especialmente do Rio, foi base para diferentes olhares de atuação social e que ficarão a cargo de serem trabalhados como próximos passos e/ou etapas pelas estudantes ao regressarem para a América.

Através de um importante questionário, os participantes responderam determinadas perguntas e, em seguida, discutiram as vicissitudes que se relacionavam com os desafios apresentados. Cincos eixos foram explorados, são eles:

  • Theme 1 (Tema 1): Intersectional Identities and Solidarity (Identidades Interseccionais e Solidariedade).
  • Theme 2 (Tema 2): Navigating Social Institutions (Navegando Instituições Sociais).
  • Theme 3 (Tema 3): Dealing with Bullies (Lidando com Valentões).
  • Theme 4 (Tema 4): Acessing Health and Social Resources (Acessando Saúde e Recursos Sociais).
  • Theme 5 (Tema 5): Understanding citizenship and civic responsability (Compreendendo a Cidadania e Responsabilidade Civil)

Esse encadeamento é proposital, pois dele sairá novos apontamentos para o mapeamento e posterior articulação de novas produções audiovisuais com foco em jovens e jovens LGBTQ, marginalizados (população em situação de rua, usuários de drogas e outros), família, serviços etc.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira

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