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“A vontade de não viver já foi bem grande devido a pandemia”, revela jovem carioca em entrevista ao Fala Jovem do Projeto Diversidade Sexual da ABIA


Foto: Arquivo pessoal

As mudanças impostas pelo novo coronavírus introduziu em nossos hábitos alguns cuidados que, pelo menos os brasileiros, não estavam tão familiarizados: lavar as mãos constantemente, uso de álcool gel, uso de máscaras, luvas, lavar roupas utilizadas na rua separada das roupas de casa etc.

Contudo, existe um outro lado nem tão interessante assim desses novos tempos e ela responde pela saúde mental. Anteriormente relegada a menos importante, a pandemia vem evidenciando os malefícios que o isolamento social causa em nosso psicológico. Quem nunca teve problemas, desperta gatilhos. E quem já tinha a saúde mental fragilizada, somatiza os efeitos da quarentena.

Essa potencialização encontra espaço na rotina diária de Marcelly Laurindo. A jovem, carioca da zona norte, de 28 anos – em entrevista por e-mail ao Fala Jovem do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) – revela que “infelizmente, faço parte da estatística de pessoas com síndrome do Pânico, então tudo é motivo de terror. A vontade de não viver já foi bem grande, devido a pandemia, pois fiquei pensando que não valia a pena viver com medo de perder alguém e privada de fazer tudo”.

Além disso, Almeida – formada em Jornalismo – avalia o trabalho da imprensa na cobertura do coronavírus, as ações governamentais para frear a pandemia, importância da prevenção, HIV e outros assuntos.

Confira a entrevista na íntegra:

1- Apresentação

R: Marcelly de Almeida da Silva Laurindo, 28 anos.

2 – Você sempre residiu na zona norte? Quais os prós e os contras da sua região e/ou do bairro onde mora?

R: Sim. Os prós da minha região é a movimentação, pois resido ao lado de shopping e estádio, tem condução para todos os lugares. Contra, o barulho que é em excesso e os vizinhos que não dão paz.

3 – Como é a relação com sua família?

R: Fui criada com meus avós de parte de mãe, então família pra mim é quem está junto dia a dia e agora que sou casada, meu marido. Desde pequena eu e minha vó a gente sempre deu ” choque “, mas depois que ela envelheceu e ficou doente, eu amadureci ao ponto de viver por ela.

4 – De que forma você tem encarado esse período de pandemia? O que mudou em sua rotina? Quais os cuidados que têm tomado?

R: Eu confesso que tô (sic) surtando. Mudou quase tudo, quando vou na rua (caso de necessidade extrema), eu não chego nem perto das pessoas, saio correndo que nem louca rs. Uso máscara, quase tomo banho de álcool gel (risos), tomo banho assim que chego em casa e boto as roupas usadas nos fundos da casa e passo álcool gel em todos os objetos que usei na rua.

5 – De que forma o isolamento social causado pelo coronavírus afeta ou já afetou sua saúde mental? E o que tem feito para distrair a mente e evitar os gatilhos psicológicos?

R: Eu, infelizmente, faço parte da estatística de pessoas com síndrome do Pânico, então tudo é motivo de terror. A vontade de não viver já foi bem grande, devido a pandemia, pois fiquei pensando que não valia a pena viver com medo de perder alguém e privada de fazer tudo, mas…. A minha fé na minha umbanda e o amor a minha vó e ao meu marido, me fazem construir uma força pra seguir e vencer tudo isso.

6 – Como você avalia o combate ao coronavírus no Rio de Janeiro?

R: Péssimo. Já tinha que ter decretado o Lockdown há tempos, porque o povo não leva nada a sério, só assim para as pessoas sossegarem em casa e poder enfim diminuir a contaminação.

7 – Você é formada em Jornalismo, porém no momento não exerce a atividade. Contudo, de que forma avalia a cobertura da imprensa sobre o COVID-19 e os atritos entre os jornalistas e o Presidente?

R: Minha opinião, acho que tem muita coisa por debaixo dos panos, que não estão divulgando para não criar pânico no povo. Eu não consigo nem mais ouvir a voz do excelentíssimo Presidente, isso já responde? (Risos).

Relacionamento e Prevenção

8 – Qual a importância da prevenção em seu casamento?

R: Eu e meu marido sempre fazemos os exames necessários para abrir mão do preservativo. Nos dias atuais estamos tentando engravidar com supervisão médica. Sempre tudo com muito cuidado.

9 – Sobre a questão da prevenção, você tinha abertura para conversar isso dentro de casa? Ou o assunto era tabu? Quando tinha dúvidas ou dilemas nesse sentido, como buscava resolvê-los?

R: Nunca tive, ainda mais que fui criada por vó. Ela nuuunca (sic) nem falou sobre sexo comigo, só falava que eu tinha que casar virgem (a coitada, risos)
Eu tinha amigos e amigas que sempre tiveram cabeça aberta pro assunto, até os pais deles em si, então buscava por ajuda com eles.

10 – Jovens de 15 a 29 anos são uma das principais parcelas populacionais, atualmente, no que diz respeito aos índices de infecção por HIV/AIDS no Brasil. Ao mesmo tempo, nunca se teve tanto acesso à informações e outras tecnologias. Em sua opinião, o que faz com que a juventude se infecte tanto atualmente por HIV?

R: Falta de vergonha na cara, eu mesma sabia de tudo isso e me arrisquei algumas vezes.

11 – Também como jovem, você consegue refletir sobre porque o uso da camisinha caiu entre a juventude em suas práticas sexuais?​

R: O jovem acha que um sexo prazeroso é sem camisinha, nisso põe a saúde em risco por um certo tipo de prazer.

12 – O governo promove desde fevereiro uma campanha focada em abstinência sexual para adolescentes e jovens no Brasil de forma a evitar a gravidez indesejada e reduzir os dados de infecções sexualmente transmissíveis. Você concorda ou discorda dessa iniciativa? Por quê?

R: Quem tem que saber o que é melhor pra si, é a própria pessoa. A ministra poderia fazer diferente, poderia palestrar sobre o assunto de como uma gravidez indesejada é ruim e até mesmo as doenças. Cabe cada um ter seu livre arbítrio.

13 – A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) trabalha, bem como o Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, envolvida em questões do HIV/AIDS, prevenção, direitos humanos e justiça social para com populações vulneráveis (soropositivos, LGBTs, comunidades, jovens, negros, mulheres etc). Você considera que esses tipos de ações são importantes? Por quê?

R: Siiim (sic), com toda certeza, pois o preconceito em que temos encima dessas populações é imenso, com isso essas pessoas se sentem acolhidas e nunca sozinhas

Futuro

14 – Qual sua perspectiva para o futuro?

R: Que passemos por essas turbulências e que eu consiga ter e criar meu filho de maneira leve.

15 – Acredita que sairemos diferentes e que tiraremos lições importantes para o mundo pós-pandemia?

R: Uma boa parte só sabe xingar a China e continuar passeando na rua como se nada estivesse acontecendo. Mas quem realmente está levando a sério, vai valorizar cada segundo de vida e olhar para cada situação com mais leveza e paciência.

 

Texto: Jean Pierry Oliveira

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