Uma nova geração de jovens ativistas está mostrando que muitos adolescentes estão preocupados com problemas sociais, políticos e ambientais – eles parecem estar completamente preparados para fazer algo a respeito.
Uma das principais vozes entre esses adolescentes é Greta Thunberg, ativista ambiental de 16 anos, que em agosto do ano passado iniciou um movimento de protesto para exigir de políticos ações concretas contra as mudanças climáticas.
Nesta reportagem, a BBC apresenta cinco pessoas muito jovens que atualmente têm um imenso impacto em questões importantes.
1 – Greta Thunberg
Nascida em 2003, a sueca Greta Thunberg virou um importante nome do ativismo contra as mudanças climáticas.
Em agosto de 2018, ela decidiu faltar na escola e se sentar com um cartaz em frente ao Parlamento sueco, em Estocolmo.
No início, foi uma manifestação solitária. Depois, o protesto cresceu e reuniu mais de um milhão de crianças e adolescentes em mais de 100 países – os estudantes têm feito paralisações em escolas em protesto contra as mudanças climáticas.
“Dado que nossos líderes se comportam como crianças, temos de assumir a responsabilidade que eles deveriam ter assumido há muito tempo”, disse Greta em uma conferência da ONU sobre mudanças climáticas, no ano passado.
“Temos de entender o que as gerações anteriores nos deixaram, o desastre que elas criaram e que agora temos de limpar. Temos de fazer com que nossas vozes sejam ouvidas.”
Greta assumiu abertamente sua condição de autista e contou como isso ajudou seu ativismo.
“A Síndrome de Asperger me fez pensar e ver que as coisas fora da estrutura tradicional. Eu não acredito em mentiras facilmente, consigo ver através dessas mentiras”, disse ela, em entrevista recente à BBC.
Em janeiro, ela discursou para líderes mundiais que se reúnem todos os anos para o Fórum Econômico de Davos.
“Nossa casa está em chamas. Estou aqui para dizer a vocês que nosso planeta está em chamas”, disse Greta, na reunião.
Recentemente, ela usou o feriado de Páscoa para fazer um tour pela Europa, sempre de trem. Greta se recusa a viajar de avião porque quer reduzir a parcela de emissão de carbono.
Na viagem, a adolescente se encontrou com o papa Francisco, falou no Parlamento Europeu e se reuniu com líderes de diferentes setores políticos no Parlamento Britânico, em Londres.
2 – Malala Yousafzai
Quando tinha 11 anos, Malala Yousafzai escreveu e publicou um diário anônimo sobre sua vida no Paquistão sob o regime do Talibã. A obra virou um sucesso rapidamente.
Logo depois, ela começou a falar publicamente sobre a necessidade de as meninas do país terem acesso à educação.
Porém, três anos depois, a vida de Malala mudou para sempre: ela levou um tiro na cabeça quando estava em um ônibus escolar – a ação foi uma represália por seu ativismo político.
Mas essa tentativa de assassinato não a impediu de continuar com suas causas. Ao contrário, seu ativismo só aumentou desde então. Em 2014, ela foi capa da revista americana Time e, nesse mesmo ano, tornou-se a pessoa mais jovem da história a ganhar o Prêmio Nobel da Paz.
“Esse prêmio não é somente para mim. Ele é para aquelas crianças esquecidas que querem educação”, disse Malala em seu discurso de agradecimento.
“(O prêmio) é para aquelas crianças assustadas que querem paz. É para aquelas crianças que não têm voz e querem mudança. Estou aqui para defender seus direitos, para fazer com que suas vozes sejam ouvidas… não é tempo para termos pena deles. É o tempo de atuar para que essa seja a última vez que nós vemos uma criança privada da educação.”
3 – Emma González
Em fevereiro de 2018, um homem armado com um fuzil semiautomático matou 17 pessoas em um tiroteio na escola secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida.
Depois do trágico episódio, muitos dos adolescentes que sobreviveram ao tiroteio começaram uma campanha nacional para tentar acabar com a violência praticada com armas de fogo.
Emma González, que tinha 18 anos, emergiu com uma das líderes desse novo movimento. Depois, ela participou da fundação de um grupo que promove o controle de armas, chamado Never Again (Nunca Mais).
Em março desse ano, ela fez um discurso emocionante na Marcha pelas Nossas Vidas, que juntou centenas de milhares de pessoas em Washington – o protesto exigia o controle de armas de fogo nos Estados Unidos.
No discurso, ela leu os nomes de seus colegas de classe que morreram no tiroteio na escola. Logo depois, a multidão ficou quatro minutos em silêncio, tempo que durou o ataque ao colégio.
“Lutem por suas vidas antes que seja trabalho de outra pessoa”, concluiu seu discurso, que foi ovacionado pela multidão.
Após a campanha de González e seus colegas, os deputados da Flórida aprovaram a Lei de Segurança Pública da Marjory Stoneman Douglas High School, que aumentou de 18 para 21 anos a idade mínima para a compra de armas de fogo no Estado.
4 – Jack Andraka
Com 15 anos, o estudante do ensino médio Jack Andraka inventou o que parecia ser uma forma mais barata de detectar o câncer de pâncreas.
O adolescente, que ganhou US$ 75 mil (R$ 294 mil) na Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel por sua criação, disse que teve a ideia do projeto lendo artigos científicos gratuitos na internet.
O teste, que ainda está no estudo de viabilidade, consiste em uma tira de papel coberta com uma solução de nanotubos de carbono e um anticorpo especial, de acordo com a revista Wired. O equipamento requer um sexto de uma gota de sangue para funcionar.
No entanto, Andraka e outros especialistas afirmam que o equipamento é uma invenção interessante, mas ainda em desenvolvimento.
5 – Amika George
Uma instituição de caridade que geralmente enviava produtos menstruais para meninas na África teve de redirecioná-los para a cidade inglesa de Leeds, porque havia meninas na Inglaterra que não podiam pagar por eles. Depois de ler essa história, a estudante Amika George decidiu que precisava fazer algo para combater a chamada “pobreza menstrual”.
Amika George, que fundou a campanha #FreePeriods (em tradução livre, algo como “menstruação grátis”) aos 17 anos, organizou um protesto em frente à residência oficial da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.
Ocorrida em dezembro de 2017, a manifestação reuniu 2 mil pessoas vestidas de vermelho, pedindo que o governo fizesse alguma coisa.
Sob pressão, o governo britânico anunciou em março de 2019 que financiaria produtos de saúde gratuitos para todas as escolas e faculdades do Reino Unido.
“Para mim, #FreePeriods mostrou que um único adolescente irritado pode ter um impacto político real por meio do ativismo”, disse a jovem.
Fonte: BBC Brasil News