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22º Conferência Internacional de AIDS bate número recorde de jovens durante abertura


Com o tema Quebrando Barreiras e Construindo Pontes, a 22ª Conferência Internacional de Aids recebeu, segundo a organização do evento, 15 mil pessoas de mais de 160 países. Durante cinco dias, ativistas, pesquisadores e gestores estarão reunidos para pensar em respostas efetivas contra o HIV. Um terço dos trabalhos expostos serão apresentados por jovens. Esta é a maior participação deste público na história da Conferência.

Durante a cerimônia de abertura, que aconteceu nessa segunda-feira (23), discursos impactantes emocionaram o público. O evento contou com a presença de famosos e autoridades como ator árabe Omar Sharif Júnior, uma das primeiras figuras públicas do Oriente Médio a se assumir gay e soropositivo, a cantora Conchita e o presidente da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom.

Apesar da presença de autoridades, uma das falas de maior destaque foi da jovem ativista Mercy Ngulube, de 20 anos. Ela discursou sobre a importância de saber construir pontes mesmo quando os rios mudam seu curso. “Não permita que sua ponte leve a lugar algum”.

Para a cantora transexual Conchita, é preciso falar sobre HIV e aids “da maneira que falamos sobre qualquer outra doença, a fim de acabar com o estigma cruel e discriminação que vem com esta doença específica. As pessoas precisam saber que ‘HIV positivo’ é apenas um diagnóstico e que, com acesso ao tratamento correto, uma pessoa soropositiva pode atingir a supressão viral e continuar perseguindo suas paixões e realizando seus sonhos”. A cantora ainda afirmou que pretende usar sua visibilidade para chamar atenção das autoridades afim de que mais pessoas tenham o mesmo acesso ao tratamento que ela.

O presidente da OMS, Tedros Adhanom afirmou que ninguém deve ficar sem tratamento ou morrer de HIV por causa da falta de acesso a cuidados básicos de saúde. “A prevenção e o cuidado com o HIV devem fazer parte da luta pela cobertura universal que é um direito para todas as pessoas, não importa quão marginalizadas sejam.”

 

Protesto

Durante a fala do diretor executivo do Unaids, Michel Sidibé, mulheres ativistas interviram e gritaram “Amandla!”, palavra que remete a empoderamento e força, muito conhecida durante a luta contra o Apartheid na África do Sul.

As ativistas afirmaram que o diretor do Unaids está mais preocupado com a máquina política, mas que, agora, precisa encará-las de frente. “Não vamos nos silenciar. Fale com a gente cara a cara!”, disseram.

Em fevereiro de 2018, Michel foi acusado de tentar abafar as denúncias de assédio sexual do vice-diretor do Unaids na época, o brasileiro Luiz Lourdes.

Após a interrupção, as ativistas saíram sob aplausos do público enquanto Michel continuava sua fala. Em resposta, ele afirmou que entende a indignação das mulheres, mas que “essa epidemia não é para nos dividir, mas para chegarmos mais longe. Estamos encarando uma crise na prevenção, onde 15 milhões de pessoas ainda estão esperando pelo tratamento”, disse ao lembrar sobre o direito que todos têm de conhecer sua sorologia.

 

Mulheres vulnerabilizadas

A diplomata holandesa Sigrid Kaag alertou para dados em relação a infecção de meninas e mulheres pelo mundo. “Não é coincidência que se encontra um alto nível de HIV em sociedades que autorizam o casamento com crianças. Essas meninas não conhecem vírus, testagem ou métodos contraceptivos. Se não agirmos agora, vamos perder uma geração inteira.”

As mulheres jovens, em particular, ainda são muito vulneráveis. Quatro em cada dez adolescentes na África sofreram violência física ou sexual de um parceiro íntimo, o que aumenta a probabilidade de contrair o HIV.

Quinn Tivey, da Elizabeth Taylor Aids Foundation, neto de Elizabeth Taylor, também esteve presente. Em discurso emocionado, fez uma breve retrospectiva do trabalho da avó e declarou que não se pode parar por aqui. “Sabemos da história que os avanços na ciência, tratamento e prevenção do HIV exigem vozes fortes como a de Elizabeth, exigindo que os líderes mundiais tomem medidas efetivas.”

 

Fonte: Agência de Notícias da AIDS
Foto: Agência de Notícias da AIDS

 

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