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1º de Dezembro: dia de luta e resistência contra a epidemia de HIV e AIDS


Há cerca de 35 anos o vírus HIV foi descoberto. De lá para cá, houve diversas fases de sua epidemia. Muitos morreram pelo caminho, outros sobreviveram e ainda sobrevivem, mas nessa quase quarta década da epidemia muito ainda precisa ser feito para lidarmos com a questão. O Brasil foi pioneiro na década de 1990, quando numa atitude pioneira adotou a universalidade do tratamento gratuito de medicamentos antirretrovirais para pessoas com HIV, tendo se tornado por isso uma referência mundial no assunto. Por causa dessa política de acesso universal ao tratamento, o país reduziu suas taxas de mortalidade associada à Aids, devido à abrangente cobertura de tratamento antirretroviral (TARV) entre os países de média e baixa renda: mais da metade (64%) dos brasileiros que tem o HIV recebe TARV, enquanto a média global em 2015 foi de 46%, segundo dados revelados.

Entretanto, nos últimos anos os jovens brasileiros foram uma das populações mais afetadas com a reincidência da infecção. Além disso, segundo a Unaids entre 2010 e 2015, a população infectada também aumentou: de 700 mil para 830 mil pessoas – um aumento de 18%. No país, anualmente cerca de 15 mil pessoas morrem em decorrência da doença e outros casos de doenças sexualmente transmissíveis também têm aumentando entre os mais jovens, como sífilis e gonorréia. Isso significa que a resposta brasileira vem sofrendo com sérias problemáticas de falta de investimento e acesso, além de políticas públicas que focalizem e pautem a AIDS como algo de interesse nacional e não somente pontual. Isto é, em épocas de festividades como Carnaval e Festa Junina ou em datas alusivas como a de hoje, 1º de Dezembro.

Segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, a taxa de infectados alavancou entre os anos de 2006 e 2015 nas faixas de 15 e 19 anos (com uma variação de 187,5%, com a taxa passando de 2,4 para cada 100 mil habitantes para 6,9) e de 20 a 24 anos (alta de 108%, passando de 15,9 para 33,1 infectados). Entre 25 a 29 anos, foi de 21%, com a taxa migrando de 40,9 para 49,5%. Mesmo com todos esses dados alarmantes ainda é difícil realizar um diálogo com esta população chave. Afinal no atual panorama político social do país a pauta sobre sexualidade foi excluída das escolas e universidades, locais onde esses jovens passam grande parte de suas vidas e encontram possíveis pares.

Em grande parte, as respostas para esse retrocesso e desmonte da saúde pública no Brasil – que também desafia nos esforços de prevenção – têm relação direta com a falta de interesse governamental pela causa, pela incompreensão da responsabilidade e importância do uso de preservativos e do sexo seguro pelos jovens (que não viveram a epidemia de AIDS em seus momentos mais avassaladores) e pela discriminação, o estigma e o preconceito que uma pessoa soropositiva tem que enfrentar pela sua condição sorológica. A falta de campanhas audaciosas, com foco na informação e no trabalho de prevenção que o Brasil parece ter deixado no passado têm contribuído para que o HIV e a AIDS sejam pautadas apenas sob uma ótica de temeridade e promiscuidade da sociedade para com esta população, vulnerabilizando-os e reduzindo-os na própria doença como um “corpo perigoso”.

Portanto, é primordial que esse 1º de Dezembro seja não somente uma data para se fazer alusão a uma causa. Mas que seja uma data de luta e resistência de nossa sociedade para que o HIV e a AIDS seja priorizada e pautada dentro dos patamares da solidariedade, do respeito, dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana. Sentimentos e ações tão preconizados pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) e pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens. Além de ser um dos ideais de Herbert de Sousa, o Betinho.

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