Profissionais de saúde do estado de São Paulo se reuniram na manhã dessa quarta-feira (4), no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids para pensarem e estruturarem questionários a fim de mapear ações discriminatórias dentro dos serviços de saúde do estado, podendo também serem utilizados em outras regiões do país.
Fabíola Lopes, diretora de prevenção no CRT – SP explicou que haverão dois questionários que serão direcionados para os serviços, e para a população que utiliza esses serviços. “Primeiro queremos saber qual é a percepção que o serviço tem sobre discriminação e assim poder pensar em estratégias para evitar situações como essas dentro dos serviços. O outro tem foco em entender como as pessoas que utilizam os serviços se sentem, com certas formas de atendimento. Queremos saber o que eles pensam.”
“Queremos que esse questionário seja amplamente divulgado, por isso, as perguntas ficarão disponíveis na página do facebook do CRT, atingindo assim, o público mais jovem e possivelmente mais vulnerável.” Clique aqui para acessar a página do CRT na rede social.
Para o Usuário
Para o usuário serão realizadas perguntas básicas como sexo biológico, gênero, idade e escolaridade até a respeito de relatos sobre agressões físicas e psicológicas.
Ao longo do questionário, o usuário também pode relatar onde aconteceu a discriminação, sem em hospital, maternidades, pronto socorro ou até mesmo serviço odontológico.
Dentre as situações, é possível incluir situações como o caso de profissionais de saúde que recomendam que a pessoa com HIV não tenham mais relações sexuais, ou que não tenham filhos.
Por isso, Ivone de Paula, gerente da área de prevenção, ressaltou a importância da divulgação e compartilhamento do questionário em grupos de whatsapp, em redes sociais porque, com essas informações vindo de um maior número de pessoas, esses dados serão muito mais robustos e o mapeamento pode ser muito eficiente não só para serviços do estado de São Paulo, mas para todo o Brasil, já que há um campo para se preencher sobre a cidade e estado em que a pessoa vive.
Esse material ficará disponível para ser preenchido pela população à partir do dia 23 de março.
Para os serviços
Em uma primeira fase, os questionários serão feitos nos Serviços Atenção Especializa (SAEs) e no Cent (CTAs). Fabíola esclarece que essa se trata de uma etapa piloto para que depois o material se expanda para outros serviços como a atenção básica.
“A ideia é que o fato de a equipe dos serviços preencherem as informações em conjunto, possa levantar o debate sobre como essas questões são tratadas dentro do serviço. Além disso, é importante saber se a instituição como um todo é discriminatória ou não”, explica.
Para responder o questionário, é importante realizar uma discussão com a equipe de trabalho da unidade. “Além da importância da participação de todos os profissionais na construção de respostas, esta estratégia possibilitará a inclusão desta temática na rotina e nos processos de trabalho da unidade”, defende Fabíola.
Neste formulário também não será necessário se identificar e, após o envio de dados, as eventuais alterações ocorrerão somente mediante contato com a equipe da gerência de prevenção.
Estão incluídas perguntas que caraterizam a unidade, se é um hospital, CAPs, ou da estratégia de saúde em família, por exemplo. Também é necessário preencher informações sobre a localização do serviço, qual público atende, condutas em relação aos prontuários dos pacientes com HIV/aids.
Os profissionais do serviço também são questionados em relação aos pacientes com HIV/aids que apresentam desejo de ter filhos, bem assim como em relação ao planejamento reprodutivo das pessoas que vivem com vírus e o grau de dificuldade que os profissionais sentem ao revelar um diagnóstico positivo.
O material tem previsão para começar a ser disponibilizado para respostas dentro de 15 dias e ficará disponível para preenchimento dos serviços durante 60 dias.
Fonte: Agência de Notícias da AIDS