Com o objetivo de inserir nos programas de governo dos candidatos à Presidência da República temas ligados à infância e à juventude, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou nesta quarta-feira um relatório com seis prioridades que trata de problemas como pobreza, violência, acesso à educação e saúde infantil, participação na democracia e desnutrição.
A organização pretende reforçar a necessidade de as campanhas presidenciáveis abordarem problemas e soluções para cada tema apresentado nesta quarta-feira, no Rio, em evento que marcou a divulgação da iniciativa “Mais que promessas: Compromissos reais com a infância e a adolescência no Brasil”.
Além dos presidenciáveis, o documento será entregue aos candidatos aos governos dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.
Representante da Unicef no Brasil, Florence Bauer realçou a importância do estímulo à participação de jovens no pleito de outubro e a atenção das candidaturas aos obstáculos atravessados pelos mais novos.
– É visível que o Brasil conquistou avanços impressionantes nos últimos anos. O número de crianças fora das escolas e a desnutrição crônica caíram, por exemplo. Ao mesmo tempo, a mortalidade infantil subiu pela primeira vez após um decréscimo e a realidade dos homicídios mostra que pode ser mais perigoso ser jovem do que adulto – disse.
Ela foi enfática ao cobrar soluções para os problemas elencados e ressaltou que “mais do mesmo” não será suficiente para resolver os problemas.
– Serão necessárias medidas mais abrangentes — afirmou Florence durante o discurso inicial, que foi acompanhado por cerca de 50 adolescentes participantes de projetos sociais assistidos pela Unicef. O evento contou também com as participações dos embaixadores Renato Aragão e Lázaro Ramos.
COMPROMISSO DE CAMPANHA
Os embaixadores Renato Aragão e Lázaro Ramos também discursaram sobre as prioridades estabelecidas pelo relatório e sobre a hashtag #maisque. Ao receberem as primeiras duas cópias do documento, que contém 27 páginas e já está disponível no site da organização, os dois artistas demonstraram o tamanho da inquietação quanto às condições de vida da população infantil e adolescente.
— Eu vi muitos sofrerem com a fome no sertão. Eram poucos os que estudavam. Pude sonhar e voar porque encontrei oportunidades, ao contrário de muitos amigos. Nossas crianças e adolescentes não podem mais esperar — disse o humorista, conhecido pelo personagem Didi Mocó, em referência aos anos em que viveu no Ceará, seu estado natal.
Para o ator Lázaro Ramos, a realidade evidenciada por Aragão é assustadora:
— É muito simbólico o Renato dizer que chegou aqui graças às oportunidades. Isso também serve pra mim. Infelizmente, esse é um traço triste do nosso país. Precisamos de oportunidades iguais. O debate político ainda não tem o nível que o brasileiro merece. E esse documento da Unicef contribui para que isso melhore. Várias propostas não são colocadas em pauta porque não dão voto. Precisamos convocar os nossos candidatos para que eles assumam um compromisso com as crianças e os jovens.
Fonte: O Globo
