O Reino Unido apresentou, nesta terça-feira (3), um plano de ação para acabar com a discriminação da comunidade gay, que inclui uma lei para proibir as terapias para “convertê-los” em heterossexuais. O plano se baseia nos dados reunidos em uma pesquisa online. Mais de 65% dos entrevistados contaram terem evitado andar de mãos dadas com seus parceiros por temor de uma reação adversa.
“Me chocou quantos entrevistados disseram não poder mostrar abertamente sua orientação sexual, ou evitar ir de mãos dadas com seus parceiros por medo”, disse a primeira-ministra Theresa May. “Ninguém deveria ter de esconder quem é, ou quem ama”, concluiu.
Entre os 108 mil entrevistados, 2% disseram terem sido submetidos alguma vez a esse tipo de tentativa de cura, e outros 5% relataram terem recebido essa oferta em algum momento, mas a rejeitaram.
A organização Stonewall, que defende os direitos dos gays, define essas terapias como “qualquer forma de tratamento, ou psicoterapia, que pretende reduzir, ou acabar, com a atração por pessoas do mesmo sexo.
“Essas atividades são um erro, e não estamos dispostos a permitir que continuem”, afirma o governo em seu plano.
Cerca de metade dos entrevistados submetidos a uma dessas terapias disse que havia sido dirigida por um grupo religioso; 19%, por um profissional de saúde; e 16%, por um familiar, ou conhecido. Aproximadamente 40% tiveram incidentes como assédio verbal ou violência física nos 12 meses anteriores à pesquisa, mas mais de 90% deles não foram denunciados. Os entrevistados explicaram que “isso acontece o tempo todo”.
O plano do governo inclui a nomeação de um conselheiro nacional de saúde LGBT, ampliando um programa anti-homofóbico de bullying nas escolas e melhorando a gravação e a denúncia de crimes de ódio LGBT, e também estabelece um “Fundo de Implementação LGBT” de 4,5 milhões de libras (cerca de R$ 23 milhões) para ajudar a concretizar o plano.
Dos entrevistados, 61% foram identificados como gays ou lésbicas e um quarto foi identificado como bissexual. Quatro por cento foram identificados como pansexuais, e 13% dos entrevistados eram transexuais, com sete por cento se identificando como “não-binários” – tendo um gênero que não era exclusivamente de um homem nem mulher.
Fonte: O Globo